Os caçadores digitais de informação estarão sempre andando com os seus Google Glass. Esses óculos de dados substituem as lanças, os arcos e as flechas dos caçadores paleolíticos. O Google Glass liga o olho humano diretamente à internet. Seus usuários, por assim dizer, veem a tudo. Eles introduzem a era da informação total. O Google Glass não é um instrumento, não é uma “ferramenta” (Zeug), não é um “à mão” (Zuhandenes) no sentido heideggeriano, pois não se o toma à mão. O celular 1 seria ainda um instrumento. O Google Glass se aproxima tanto de nosso corpo que ele é percebido como parte do corpo. Ele completa a sociedade da informação ao fazer com que o ser coincida inteiramente com a informação.
O que não é informação não é. Graças aos óculos de dados, a percepção humana alcança uma eficiência total. Não apenas com cada clicar (Klick), mas também com cada olhar (Blick) se conquista presas. O ver do mundo coincide com o capturar do mundo. O Google Glass totaliza a ótica do caçador, que ignora tudo que não é presa, ou seja, que não promete informação. A felicidade animal da percepção, do ver, porém, consiste em sua ineficiência. Ela corresponde ao longo olhar que se demora nas coisas sem as explorar (ausbeuten).
- Em alemão, o termo para celular, Handy, remete novamente à mão (N.T.).[↩]