Pensar, na metafísica, consiste em estabelecer o fundamento (Grund) de todo conhecimento do ente em seu “ser”: em sua entidade (Seiendheit), que é o ser “somente pensado a partir do ente, e fundado, em vista do ente, como o fundo (Grund) do ser” (Tempo e Ser, em Questions iv, p. 19). Agora, quando Heidegger coloca a questão em Ser e Tempo do impensado de toda metafísica que é o sentido do ser, algo tão simples quanto inédito até então aparece: este sentido não pode mais ser referenciado ao que quer que seja ente, uma vez que nele nada mais deve ser pensado senão a possibilidade que a presença do ente em sua totalidade abre. Esta abertura é o que Heidegger chama de aí: dimensão que é ainda mais inaparente porque estamos inteiramente existindo nela, de modo que é no próprio movimento factivo de nossa existência que o sentido do ser se deixa ser lido — hermeneuticamente.
(FÉDIER, F.; ARJAKOVSKY, P.; FRANCE-LANORD, H. Le Dictionnaire Martin Heidegger. Paris: CERF, 2013)