O pensar inicial é a performance originária de ressonância, conexão de jogo, salto e fundação em sua unidade. Performance quer dizer aqui que essa unidade – ressonância, conexão de jogo, salto e fundação em sua unidade – só pode ser a cada vez assumida e suportada humanamente, que elas mesmas são sempre essencialmente um outro e pertencem ao ACONTECIMENTO DO SER-AÍ. (tr. Casanova; GA65: 27)
O abrigo, porém, não se mantém apenas sob os modos da produção, mas de maneira igualmente originária também sob o modo da assunção do encontro do inanimado e do vivente: pedra, planta, animal, homem. Aqui acontece a retomada na terra que se fecha. A questão é que esse ACONTECIMENTO DO SER-AÍ nunca é por si, mas pertence ao atiçamento da contenda entre terra e mundo, à insistência no acontecimento apropriador. (tr. Casanova; GA65: 32)
A terra, que atravessa o caminho e, enquanto caminho, o re-pensar do seer, é o entre, que se apropria em meio ao ACONTECIMENTO DO SER-AÍ para o deus, em cujo acontecimento da apropriação pela primeira vez o homem e o deus se tornam “cognoscíveis”, pertencentes à vigília e à urgência do seer. (tr. Casanova; GA65: 42)
Que, para a meditação marcada pela dinâmica da retomada, o tempo enquanto verdade do ser brilhe de saída para nós a partir do primeiro início não significa dizer que a plena verdade originária do seer só possa ser fundada no tempo. Em verdade, é preciso tentar antes de qualquer coisa pensar a essência do tempo de maneira tão originária (em sua “extática”), que ela seja concebível enquanto verdade possível para o seer enquanto tal. Mas já esse pensar integralmente o tempo acaba por colocá-lo em uma ligação com o aí do ser-aí, com a espacialidade do ser-aí e, com isso, com o espaço na ligação essencial. Mas tempo e espaço são aqui, medidos pela representação habitual deles, de maneira mais originária e completamente o tempo-espaço, que não se mostra como nenhuma cópula, mas como o mais originário dessa copertinência. Isso, porém, aponta para a essência da verdade como velamento clareante. A verdade do seer não é nada menos do que a essência da verdade, concebida e fundada enquanto velamento clareante, o ACONTECIMENTO DO SER-AÍ, do ponto de virada na viragem enquanto o meio que se abre. (tr. Casanova; GA65: 95)
O seer não “está” nem em volta do homem, nem oscila apenas também através dele como um ente. Ao contrário, o ser se apropria em meio ao ACONTECIMENTO DO SER-AÍ e se essência assim pela primeira vez como acontecimento apropriador. (tr. Casanova; GA65: 136)
A insistência nesse acontecimento da propriedade possibilita pela primeira vez ao homem chegar a “si” historicamente e ser junto a si. E somente esse junto a si é o fundamento suficiente, para assumir verdadeiramente o para o outro. Mas o chegar-a-si nunca é justamente uma representação do eu anteriormente desatada, mas a assunção do pertencimento à verdade do ser, salto para o interior do aí. A propriedade como fundamento da ipseidade funda o ser-aí. Propriedade, porém, é ela mesma uma vez mais a persistência constante da viragem no acontecimento apropriador. Propriedade é, assim, ao mesmo tempo o fundamento consonante com o ser-aí da retenção. A ligação reflexiva, que é denominada no “si”, para “si”, junto a “si”, por “si”, tem sua essência na apropriação. Na medida em que agora o homem se encontra mesmo no abandono do ser ainda no aberto da inessência do ente, está incessantemente dada a possibilidade de ele ser por “si”, de ele retornar a “si”. Mas o “si” e o si mesmo determinado a partir daí como o apenas si mesmo permanece vazio e só se preenche a partir do ente presente à vista e previamente dado e do que é empreendido precisamente pelo homem. O para-si não tem nenhum caráter de decisão e é sem saber em torno do aprisionamento no ACONTECIMENTO DO SER-AÍ. (tr. Casanova; GA65: 197)