Zirkel, Kreis, circle, círculo
Mas o círculo, segundo as regras mais elementares da lógica, é circulus vitiosus. (…)
Mas ver nesse círculo um vitiosum e ficar em busca de como evitá-lo ou, pelo menos, “senti-lo” como inevitável imperfeição significa que se entende mal o entender a partir de seu fundamento. Não se trata de ajustar o entender e a interpretação a um determinado ideal-de-conhecimento, que ele mesmo nada mais é que uma anomalia de entendimento, deslocada na tarefa, em si legítima, de uma apreensão do subsistente, o qual por sua essência não pode ser entendido. O preenchimento das condições-fundamentais de um possível interpretar reside, ao contrário, em que não se desconheçam suas essenciais condições-de-execução. O decisivo não é sair do círculo, mas nele penetrar de modo correto. Esse círculo do entender não é um círculo comum, em que se move um modo de conhecimento qualquer, mas é a expressão da existenciária estrutura-do-prévio (Vor-Struktur) do Dasein ele mesmo. O círculo não deve ser degradado em vitiosum nem ser também somente tolerado. Nele se abriga uma possibilidade positiva de conhecimento o mais originário, possibilidade que só pode ser verdadeiramente efetivada de modo autêntico, se a interpretação entende que sua primeira, constante e última tarefa consiste em não deixar que o ter-prévio, o ver-prévio e o conceber-prévio lhe sejam dados por ocorrências e conceitos populares, mas em se assegurar do tema científico mediante sua elaboração a partir das coisas elas mesmas. (…)
O “círculo” no entender pertence à estrutura do sentido, fenômeno que tem suas raízes na constituição existenciária do Dasein, no entender interpretante. O ente para o qual, como ser-no-mundo, está em jogo o seu ser ele mesmo1 tem uma estrutura ontológica de círculo. Entretanto, a se considerar que “círculo” pertence ontologicamente a um modo-de-ser de subsistência (consistir (Bestand)), que se evite em geral a caracterização ontológica, mediante esse fenômeno, de algo assim como Dasein. (SZ:152-153; STCastilho:431, 433, 435)
VIDE: Zirkel
VIDE: (Zirkel->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Zirkel)
cercle (EtreTemps)
circle (BT)
NT: Circle (Zirkel, Kreis): hermeneutical, 7-8, 152-153, 314-315; of cyclical time, 432 n. 30. See also Forestructure; Movement; Understanding (BT)
Assim o Dasein, pela compreensão, inaugura uma circularidade. Ela, todavia, não é simples circularidade (no conhecimento, na lógica), mas uma circularidade que se dá pela compreensão. É, portanto, uma circularidade hermenêutica. O ser não funda o ente, nem qualquer ente funda o ser. A recíproca relação entre ser e ente somente se dá porque há o Dasein — isto é, porque há compreensão. (ErStein2008:116)
CH:Mas esse “seu ser ele mesmo” é em si determinado pelo entendimento-do-ser, isto é, por estar na clareira de presença, onde nem a clareira como tal, nem a presença como tal se tornam temas de um representar. ↩