Verstellung

Verstellung, dissimulation, disfarce, distorção, desfiguração, ficção, camuflagem, disguise, dissemblance, déguisement, dissembling, masking, distortion, disimulo, simulación, fingimiento, desfiguración; verstellen, dissimuler

Diferentes são os possíveis modos de encobrimento dos fenômenos. Um fenômeno pode manter-se encoberto por nunca ter sido descoberto. Dele, pois, não há nem conhecimento nem desconhecimento. Um fenômeno pode estar obstruído. Isto significa: antes tinha sido descoberto, mas, depois, voltou a encobrir-se. Este encobrimento pode ser total ou, como geralmente acontece, o que antes se descobriu ainda se mantém visível, embora como aparência. No entanto, há tanta aparência quanto “ser”. Este encobrimento na forma de “distorção” é o mais frequente e o mais perigoso, pois as possibilidades de engano e desorientação são particularmente severas e persistentes. As estruturas de ser e seus respectivos conceitos disponíveis, embora velados em sua consistência, reivindicam os seus direitos talvez dentro de um “sistema”. Mas, em razão do encadeamento construtivo num sistema, eles se apresentam como algo que é “claro” e não carece de justificações ulteriores, podendo, por isso, servir de ponto de partida para uma dedução contínua. (STMS:(§7c->art7))


Esse acobertamento tem dois sentidos. Ele é a recusa (Versagen) a se mostrar do que se acoberta. Mas pode ser também uma camuflagem (Verstellung), onde “o ente se impele para o ente, um eclipsa o outro, aquele obscurece este, pouco obstrui muito, isolados renegam o todo” (ib., p. 52). Em suma, no modo da camuflagem o ente de fato aparece, mas ele se dá de outro jeito do que ele é — ele não se mostra, como na recusa, em seu acobertar-se. E por isso que damos passos em falso e nos iludimos. Mas quão longe estamos de saber da verdade, mostra-o o fato de que nunca temos a cada vez imediatamente a seguridade se o acobertamento é um ou o outro — recusa ou camuflagem. Pois o acobertar acoberta e camufla a si mesmo. Isso quer dizer: o lugar aberto no meio do ente, a clareira, nunca é um palco fixo com cortinas constantemente levantadas, no qual se joga o jogo do ente. Muito mais, a clareira acontece somente como esse acobertar de dupla face. O não-encobrimento do ente nunca é apenas um estado diante-da-mão, mas sim um acontecimento (ib., p. 52). (Laura de Borba Moosburger)


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