Übersetzung, tradução, translation, traducción, traduction
La elaboración del presente glosario terminológico comentado es un fiel reflejo de esa dificultad del traducir, una dificultad que aumenta considerablemente en el caso del lenguaje filosófico de Heidegger. El mismo considera que la palabra de los poetas y los pensadores es intraducible. Como recuerda en el curso del semestre de invierno de 1942-43, no se trata simplemente de una traducción literal (Übersetzung), sino de una trans-posición (Übersetzung) capaz de aprehender el sentido originario de una palabra en el marco de su propio horizonte lingüístico.4 Por tanto, traducir es una tarea inevitablemente hermenéutica, como muestran, por ejemplo, las extensas interpretaciones etimológicas y filológicas que el propio Heidegger realiza en múltiples escritos en torno a conceptos como «verdad», «physis», «ser», etcétera. Toda tentativa de traducir literalmente términos básicos de este tipo está abocada al fracaso. No se trata de la aplicación de un simple procedimiento técnico de traducción. Evidentemente, hay que mantener el rigor filológico, pero la traducción filosófica y, por extensión, la traducción poética es, como recuerda la tradición hermenéutica, un ejercicio de transposición de una lengua a otra, de la lengua extranjera a la materna. En última instancia, no hay que olvidar que estamos traduciendo en el horizonte de comprensión de nuestra propia lengua. Por lo tanto, hay que dejar hablar el texto traducido en su propia lengua, establecer correspondencias comprensibles para el lector de la traducción y evitar, en la medida de lo posible, estridencias innecesarias, neologismos forzados, perífrasis injustificadas y cualquier otra manera de adulteración del texto original. El presente glosario intenta mantener este compromiso de transparencia y claridad por respeto al lector, al texto, al autor y a la propia lengua materna. (Escudero)
(LÉXICO DE FILOSOFIA->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Übersetzung)
Übersetzen, traduzir, translate, traduire
Temos que observar isto rigorosamente: a tradução contém, de fato, a interpretação, mas esta não vem à luz através da escuta da tradução. Porque a tradução se expressa na palavra de nossa linguagem, o perigo da interpretação indevida é certamente ainda (23) maior. Pois agora, em vez das palavras gregas, as palavras da tradução podem ser facilmente tomadas, segundo significados usuais muito familiares a nós, sem que tenhamos de prestar atenção no fato de que cada palavra traduzida recebe seu conteúdo do todo daquilo que o pensador pensa. Se, por exemplo, a palavra “caminho” ocorre na tradução, ou a palavra “coração”, então não está de forma alguma decidido sobre o que aqui significa “caminho” ou “coração”. Também com isso ainda não está decidido se conseguimos verdadeiramente, no sentido de Parmênides como tal, pensar a essência do “caminho” ou a essência do “coração”. Naturalmente, não pode ser negado que cada um de nós conhece “em geral” o que significa “caminho” e “coração”. Mas somente uma tradução guiada por uma interpretação está em condições de, dentro de certos limites, falar por si mesma. (GA54SMW:23-24)
Cada tentativa de tradução “literal” de tais palavras fundamentais como “verdade”, “ser”, “aparência” etc. logo alcança o âmbito de uma intenção que, essencialmente, ultrapassa a formação de palavras e o uso literal de tais palavras. Podemos avaliá-lo mais cedo e de modo mais sério se refletirmos sobre o que seja “traduzir”. Inicialmente, apreendemos este processo como algo externo, técnico-filológico. Dizemos, então, ser o “traduzir” a transposição de uma língua para outra, da língua estrangeira para a língua materna ou também o contrário. Entretanto, temos dificuldade de entender que, constantemente, já estamos traduzindo nossa própria língua, a língua materna, para sua palavra própria, genuína. Falar e dizer é, em si, um traduzir, cuja essência não pode de forma alguma consistir em duas situações, onde as palavras que transpõem e as palavras transpostas pertençam a linguagens diversas. Em cada diálogo e em cada solilóquio vige um traduzir originário. Nesse caso, não pensamos apenas no processo, no qual substituímos uma maneira de falar por uma outra da mesma linguagem, e nos servimos da “paráfrase”. A mudança na escolha de palavras já é a consequência de uma transposição, para nós, numa outra verdade e clareza, ou também, numa interrogação (Fragwurdigkeit). Este transpor pode se realizar sem que a expressão linguística se altere. A poesia de um poeta e o tratado de um pensador estão em sua palavra própria, singular, única. Eles nos obrigam a perceber essa palavra, sempre de novo, como se a ouvíssemos pela primeira vez. A assim chamada tradução e paráfrase são subsequentes e seguem tão-somente a transposição de todo o nosso ser para dentro do âmbito de uma verdade transformada. Somente se já nos deixamos apropriar por esta transposição, nos encontramos no cuidado pela palavra. Só com base na atenção, assim fundada diante da linguagem, podemos assumir a tarefa, em geral mais fácil e mais limitada, de traduzir a palavra estrangeira para nossa própria linguagem.
Mas a tarefa mais difícil é sempre a tradução da própria linguagem para sua palavra mais própria. Assim, por exemplo, a tradução da palavra de um pensador alemão para a linguagem alemã é, por isso, especialmente difícil. Reina, aqui, o tenaz prejuízo de que nós, por falarmos alemão, compreendemos imediatamente a palavra alemã, pois ela pertence, acima de tudo, à nossa própria linguagem, enquanto, pelo contrário, para traduzir uma palavra grega necessitamos, em primeiro lugar, aprender essa língua estrangeira. Não podemos discutir, aqui, de um modo aprofundado, em que extensão e por qual razão todo o diálogo e toda a fala é sempre uma tradução originária no interior da própria linguagem, precisamente, o que significa “traduzir”. (GA54PT:28-29)
VIDE: (Übersetzen->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Übersetzen)
Übersetzung
Antes de discutir a tradução específica de Dasein, é importante indicar brevemente o que Heidegger entende por tradução de termos intraduzíveis, porque intransponíveis e intransferíveis como Dasein. Para Heidegger, traduzir só é possível enquanto um conduzir-se para aquilo a partir de onde fala a palavra. Traduzir não é simplesmente conduzir uma língua para outra, uma palavra para outra, mas conduzir a língua para o horizonte de experiência a partir do qual uma palavra se pronuncia, se enuncia. Só é possível, pois traduzir uma palavra quando se é conduzido para o pensamento em que tal palavra se fez necessária. As palavras indicativas e indicadoras como Dasein são intraduzíveis porque, na verdade, estão sempre e de novo traduzindo-se, exigindo que se saia da dimensão das meras palavras e se as transfira, se traduza para a dimensão do pensamento.
Essas palavras reivindicam fundamentalmente que se traduza, antes de qualquer palavra, o que seja traduzir. As palavras são dadivosas, pois concedem a tarefa de se traduzir palavras para pensamento e não apenas pensamentos em palavras. Na obra de Heidegger e, particularmente em Ser e tempo, a tarefa fundamental da filosofia apresenta-se como a tarefa de se traduzir o sentido substantivo e substancialista de ser para o ser acontecimento, para o acontecimento, a verbalidade de ser. Ao discutir em Was heisst denken? (“O que diz pensar?”), no curso sobre Parmênides, em que consiste esse tipo de tradução, Heidegger mostra que ele exige um salto de olhar, um salto em que se vê o que diz a palavra. Esse salto do olhar é aquele em que “ver” transforma-se em escuta e, assim, em abertura para um sentido de porvir, para o temporal no ser, para um sentido de ser e tempo. Essa tradução acontece quando se traduz, isto é, quando se conduz por sobre a lógica das posições e conceitos rumo a uma fenomenologia do caminho. Por isso, também o pensamento precisa traduzir-se para um caminho de escuta. Nessa tradução, o pensamento descobre que palavras são “fontes” que precisam sempre de novo ser buscadas, descobertas, liberadas. Palavras são fontes de sentido e não portadoras ou continentes do já sabido. O salto de olhar que define a tradução de pensamento como tradução das palavras para o pensamento implica assim, em primeiro lugar, uma tradução do que seja traduzir, uma tradução do que seja pensar, uma tradução do que seja palavra e linguagem. O salto de olhar é horizonte de uma preparação para uma outra compreensão do que seja a relação entre pensamento e linguagem enquanto pensamento e palavra a partir da experiência. (Schuback)