Transzendental, transcendental, trascendental
Nós designamos aquilo em direção do que (woraufhin) o ser-aí como tal transcende o mundo, e determinamos agora a transcendência como ser-no-mundo. Mundo constitui a estrutura unitária da transcendência; enquanto dela faz parte, o conceito de mundo é um conceito transcendental. Com este termo é denominado tudo aquilo que faz parte essencialmente da transcendência e dela recebe de empréstimo sua possibilidade interna. E é somente por causa disto que a clarificação e interpretação da transcendência também pode ser chamada de uma exposição “transcendental”. Com certeza, aquilo que o termo “transcendental” significa não deve ser retirado agora de uma filosofia a que se atribui o (elemento) “transcendental” como “ponto de vista” quiçá mesmo “epistemológico”. Isto não exclui a constatação de que precisamente Kant reconheceu o (elemento) “transcendental” como o problema da possibilidade interna de uma ontologia em geral, apesar de o “transcendental” ainda manter para ele uma significação essencialmente “crítica”. O transcendental se refere, para Kant, à “possibilidade” (o possibilitante (Ermöglichende)) daquele conhecimento que não sem razão “sobrevoa” a experiência, isto é, que não é “transcendente”, mas é a (152) experiência mesma. O transcendental dá, desta maneira, a delimitação essencial (Wesensbegrenzung) (definição) que, ainda que restritiva, é, contudo, por meio daí, ao mesmo positiva, do não transcendente, isto é, do conhecimento ôntico possível ao homem enquanto tal, uma concepção mais radical e universal da essência da transcendência é, então, necessariamente acompanhada por uma elaboração mais originária da ideia da ontologia e, por conseguinte, da metafísica. (GA9:139-140; GA9GS:151-152)
(LÉXICO DE FILOSOFIA->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=transcen)
VIDE: (Transzendental->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Transzendental)
transcendantal
transcendental
VIDE: Transzendenz, transzendent e transzendieren
NT: Transcendental (transzendental), 3 (universal), 11 (logic), 22 (philosophy), 24 (determination of time: Kant), 31 (statement), 38 (knowledge, truth) 38fn (philosophy), 41 (horizon of time), 85fn (present perfect tense), 96 (foundations) 199 (“universality” of care), 208 (being is the T. for beings), 215 (dialectic of Kant), 319 (subject), 319 n. 16 + 320 n. 19 (apperception); trans-categorial, trans-generic concepts of being (Transzendentien), 3, 14, 208 (BTJS)
Kant distinguiu entre o “transcendente”, um conceito ou entidade que ultrapassa a nossa experiência (p.ex. Deus), e o “transcendental”, aquilo que pertence à possibilidade (Möglichkeit) do nosso conhecimento experimental, tanto no sentido do nosso “conhecimento pré-ontológico (vorontologisch) do ser”, quanto no sentido da interpretação explícita, conceituai do ser tal como realizada por Kant (GA27, 207s). Kant não explica, porém, o que é a “transcendência” (Transzendenz). Heidegger o faz: é a transcendência ou superação (Überstieg) dos entes para os entes (Seienden) como um todo ou MUNDO (Welt) feita por Dasein (GA26, 203ss; GA27, 207ss; GA10, 34ss). (DH:190)
A ênfase dada por Heidegger ao ser-lançado (Geworfenheit) o diferencia de Kant e de Husserl: “(…) o lançador do projeto (Entwurf) experimenta a si mesmo como lançado, (…) A abertura por meio do projeto só é abertura se acontecer como experiência do ser-lançado e, portanto, do pertencimento ao ser. É esta a diferença essencial de todo modo meramente (172) transcendental de cognição no que diz respeito às condições de possibilidade (Bedingung der Möglichkeit)” (GA65, 239). O ego transcendental postulado pelo idealismo não tem lugar entre os entes anteriormente ao lugar que atribui a si mesmo no mundo que projeta. O homem (Mensch) de Heidegger, ou Dasein, está lançado entre os entes desde o começo. Por isso, “enquanto ek-sistente contra-lançamento (Gegenwurf) do ser, o homem é mais do que o (meramente biológico) animal racional (animal rational), e correspondentemente menos do que o (idealisticamente concebido) homem, que compreende a si mesmo em função da subjetividade (Subjektivität)” (GA9, 338/245). (DH:171-172)