Spiel, jogo, juego, jeu, game, Zuspiel, conexão de jogo, sugerencia, playing-forth, Spielraum, leeway
Quel est cet étant exemplaire, et en quel sens a-t-il une primauté ? (NotaH: Mißverständlich. Exemplarisch ist das Dasein, weil es das Bei-spiel, das überhaupt in seinem Wesen als Da-sein (Wahreit des Seins wahrend) das Sein als solches zu- und bei-spielt – ins Spiel des Anklangs bringt. (SZ:7 (Phrase abominable que l’on peut tenter de traduire comme suit : Terme prêtant à malentendu. Le Dasein a ceci d’exemplaire qu’il fait office de partenaire dans le jeu de l’accord avec l’Être et que, déployant toute son essence en tant qu’‘être-le-là’ (Da-sein) (en tant que gardien de la vérité de l’Être), il joue le jeu de l’Être comme tel et est pris dans le jeu. (Traduction très ardue et dont le vocabulaire, notamment l’expression « gardien de la vérité de l’Être », appartient au second Heidegger. Sur tout ceci, on lira avec intérêt le texte de la conférence « Relève-Répétition » retranscrit par Jean-François Courtine dans son ouvrage cité – JFC, pages 89-106) N.d.T.).
Em primeiro lugar, jogo quer dizer o jogar, mas jogar no sentido da realização (Vollziehen) do jogo; em segundo lugar, designa o todo de um conjunto de regras (Regelung) de acordo com as quais um jogo é realizado. No entanto, o jogo como jogar não é mesmo apenas a obediência a regras de jogo (Spielregeln), um comportamento de acordo com elas. Com uma tal determinação, não tocamos a essência do jogo. No jogo, as regras e os jogadores não apenas se implicam mutuamente de modo imediato. Ainda há algo mais: desde o princípio, ele é algo mais originário. Dizemos de maneira rudimentar: temos uma certa alegria (Freude) com o jogo. No entanto, essa alegria não se mostra apenas com o jogo, mas também está relacionada ao próprio jogar. De acordo com o seu caráter fundamental, jogar é estar-em-uma-tonalidade-afetiva (In-Stimmung-sein), estar-afinado (Gestimmtsein); sim, pode-se mesmo afirmar de maneira (332) inversa: a toda e qualquer tonalidade afetiva (Stimmung), pertence o jogo em um sentido totalmente amplo. Não apenas no jogar há alegria. Ao contrário, em toda alegria – e não apenas nela – , em toda e qualquer tonalidade afetiva reside algo assim como um jogo. Pois os “jogos” sempre são apenas determinadas possibilidades fáticas (faktische Möglichkeiten) e conformações do jogar (Ausformungen des Spielens). Não jogamos porque há jogos, mas o inverso: há jogos porque jogamos, e, em verdade, em um sentido amplo do jogar que não se manifesta necessariamente em um ocupar-se com jogos.
Por conseguinte, o jogar não é: 1. Nenhuma sequência mecânica de ocorrências, mas um acontecimento livre, isto é, um acontecimento (Geschehen) que está sempre ligado a regras. 2. Nesse acontecimento (Geschehen), o agir e o fazer (Handeln und Tun) não são essenciais. Antes de tudo, decisivo no jogar é justamente o caráter específico de estado (Zustandscharakter), o modo peculiar de encontrar-se-aí-disposto (Sich-dabei-befinden). 3. Como o comportamento (Verhalten) não é assim o essencial no jogar, o conjunto de regras também possui um outro caráter, a saber: as regras só se formam em meio ao jogar. A vinculação (Bindung) é uma vinculação livre em um sentido totalmente particular. O jogar se desenrola a cada vez somente em meio a um jogo, que pode então se desprender como um sistema de regras. E somente nesse seu desenrolar que o jogo surge pela primeira vez. No entanto, ele não precisa se converter em um sistema de regras, em prescrições. Nisso reside, contudo: 4. As regras de jogo não são normas fixas (bezogene Norm), retiradas de um lugar qualquer, mas são variáveis no jogar e por meio do jogar. Esse jogar praticamente cria para si mesmo (333), a cada vez, o espaço (Raum) no interior do qual ele pode se formar, o que significa, ao mesmo tempo, transformar-se. (GA27MAC:331-333)
Pertencem à φύσις, ou, numa expressão inadequada, à natureza, os animais e o modo de farejar os vestígios e assim confrontar-se com a plenitude de sua “vida”. A palavra φύσις significa: o que a partir de si mesmo surge para o aberto e o livre (Offene und Freie) e que, nesse surgimento, permanece e aparece, doando-se para o livre no aparecimento (Erscheinen), embora sempre siga uma regra. Vigorar (wesen) é a essência do jogo (Wesen des Spiels). À φύσις pertence o jogo (Spiel). As ninfas que jogam e tocam o jogo da “natureza” são as parceiras de Artemis. A lira é o sinal do “jogo das cordas”, do jogo em geral. Aparece na configuração do arco. No modo grego de pensar, isto é, de se fazer a experiência do aparecer como ser (Erscheinen als das Sein erfahren), a lira “é” o arco. Este arremessa flechas portadoras de morte. A caçadora que busca o vivo (Lebendige), para que ele encontre a morte (Tod), traz os sinais de morte e jogo: arco e lira. (GA55MS:39)
VIDE: SPIEL E DERIVADOS; JOGO
Spiel, spielen significa tanto tocar um instrumento como jogar. (Schuback; GA55)
Spiel é próximo de “jogo” no sentido de “recreação”, mas também já significou “dança, movimento de dança”. Spielen significa tanto “jogar” como tocar, “dançar, mover-se vividamente”. O significado mais antigo sobrevive em Spielraum, “espaço para mover-se, liberdade de movimento, espaço de jogo”. Para encontrar os entes, Dasein precisa de um Spielraum, espaço para mover-se; coisas que estão muito próximas, como óculos em um nariz, estão “mais distantes do que o quadro na parede à nossa frente” (SZ, 107). Em SZ, Heidegger liga Spielraum, lit. “espaço de jogo”, com espaço, associando-o posteriormente a tempo-espaço forjando Zeit-Spiel-Raum, literalmente “tempo-jogo-espaço” (GA12, 214/106). (DH)
O termo alemão Schauspiel (peça teatral) envolve em seu étimo a palavra Spiel (jogo). Traduzido ao pé da letra, o termo significa “jogo visual”. O mesmo sentido está, até certo ponto, presente em nossa expressão “jogo de papéis”. Nesta passagem, Gunter Figal se vale da relação entre o jogar em geral e o surgimento de um jogo específico em meio ao jogo teatral, a fim de apresentar a compreensão gadameriana de apresentação e interpretação como jogo (N.T.). (Casanova; GFOposi:96)