retrair-se (EssaisConf); VIDE entziehen
φύσις (physis), ou a primeira palavra do ser, dizíamos. Em que é que esta meditação da φύσις nos permitiu aproximar a experimentação original do ser (Sein)? Ensinou-nos isto: o ente (Seiende) está por toda a parte à nossa volta, está no aberto e mantém-se na presença. O que o conduz a eclodir em presença, a irromper no aberto e a instalar-se nele, é a φύσις concebida como Aufgehen, quer dizer como acto de emergência do ente como ente. φύσις é de fato, neste sentido, o ser do ente (Sein des Seienden), ser que se manifesta como desvelamento (Entbergen), e assim se destina constantemente a nós. Mas Heráclito acrescenta que a este desvelamento (ao qual não contesta de modo algum o título de ser) «pertence» todavia um velamento. Toda a dificuldade se concentra aqui no termo «pertencer». Se o entendermos no sentido em que o desvelamento se sucederia ao velamento (sendo o segundo a condição do primeiro), falha-se o essencial. O que Heidegger se esforça aqui por nos fazer compreender, é que a emergência só é e só dura porque é constituída do interior por uma dimensão necessária e determinante de ocultação (Verbergen): «Na eclosão a partir de si, na φύσις, reina no entanto um subtrair-se (ein Sichentziehen), e isto de maneira tão pronunciada que sem este, aquela não poderia reinar» (GA10:113). (MZHPO:57-58)