Sein und Wahrheit

Being and truth (Sein und Wahrheit), 154, 183, 212-213, 230, 316, 349, 357, 420 (BTJS)

Heidegger pretende realizar um corte puro entre a verdade do Ser e a metafísica, separando-as e insistindo numa diferença vincada e definida. Quero afirmar que a verdade ou capacidade de manifestação do Ser constitui sempre uma função, está sempre amarrada e ligada à facticidade dos seres na qual ocorre, que a verdade do Ser é já e sempre o Ser dos seres, que a verdade do Ser é que não existe verdade do Ser. A verdade das mulheres de Dionísio, Nietzsche e Derrida é a de que não existe verdade. Ser e verdade, os múltiplos lares do Ser, estão já sempre, no Grego ou no Alemão, no Romano ou no Francês, no Hebraico ou no Cristão, ligados a um tempo ou a um lugar. Mediante uma operação análoga, o Wesen do ser humano está já sempre contaminado pela espécie empírica homem, pelo ser empírico, antropológico, psicológico, pelo ser animal do ser humano. «O ser humano ocorre essencialmente de uma tal forma que constitui o ‘aí’ (das Da) do Ser, o iluminar do Ser», escreve Heidegger (GA9, 325/BW, 205). Certamente que sim, mas o Ser do aí não é uma tabula rasa, não é um local totalmente neutral, mas é sempre já constituído facticamente. Não pode – e esta é uma das facetas mais conhecidas de uma lógica ortodoxa heideggeriana da facticidade – escapar aos constrangimentos da sua própria facticidade. Isso representaria um equívoco fundamental. (CaputoDH)