Sein-können

Sein-können, Seinkönnen, pouvoir-être, pouvoir-et-savoir-être, poder-ser, potentiality for being, ability-to-be

Comme le rappelle à juste titre F. Vezin, se contenter de traduire können par pouvoir est réducteur, tant können et kennen sont jumeaux. Pouvoir, en effet, c’est également savoir-faire, traduction elle aussi courante de können. Mais surtout, comme l’exprime fort bien Alexander Schnell (AS, page 87), « le Dasein est d’abord ontologique, il est compréhension d’être, et cet être est l’être ‘dont il y va’ pour lui. Ce qu’il ‘comprend’, ce qu’il ‘sait’, c’est-à-dire ce qu’il ‘peut’, c’est l’être en tant qu’exister. Il est ‘à-être’. ». Telles sont les raisons pour lesquelles, afin que la trace distinctive en demeure tout au long du traité, je privilégie, même si elle semble quelque peu lourde, cette traduction (pouvoir-et-savoir-être) de Seinkönnen. (Auxenfants; ETJA:§18N22)


Para um ente desprovido de natureza, para um ente marcado por uma nadidade ontológica originária, nada se apresenta a princípio como possível. Não é possível respirar, comer, andar; não é possível trabalhar no que quer que seja, nem é possível ficar completamente à deriva, sem fazer coisa alguma; não é possível ser poeta, músico, escritor, advogado, engenheiro, médico; não é possível casar e constituir família, assim como não é possível viver solitariamente. Sem nenhuma determinação propriamente natural, sem poder contar com algo do gênero de um instinto, de um impulso e de uma vontade primordiais, o existente humano se vê originariamente entregue a si mesmo, isto é, entregue ao puro poder-ser que não tem como ser confundido nem mesmo com um manancial de possibilidades ainda não efetivadas. Ser um poder-ser implica radicalmente não poder ser pensado a partir da dualidade tradicional entre ato e potência, porque ser um poder-ser significa justamente não ter nada em potência que pudesse ser em seguida atualizado no campo dos atos em geral. Todavia, se o existente se mostra por um lado originariamente como um ente marcado por uma nadidade ontológica originário e se para ele, por isso, nada é a princípio possível, o mundo, por outro, o arranca abruptamente de tal indeterminação e o lança em campos de possibilidades específicas de ser. À dinâmica originária da existência corresponde, portanto, uma certa desarticulação da indeterminação ontológica e a inserção de si em um conjunto de possibilidades que passam, então, a se mostrar como possibilidades do existir. Essa dinâmica não ocorre, porém, porque o existente se vê imerso em possibilidades simplesmente disponíveis no mundo: não há em última instância nenhuma possibilidade subsistente no mundo, que poderia ser atualizada imediatamente a partir da mera constatação de sua presença. Não é porque o barbeador se faz presente que alguém faz a barba ao acordar, nem porque o carro se encontra na garagem que alguém abre a porta, coloca a chave na ignição e liga o motor, a fim de sair com o carro e dirigir até o trabalho. Toda ação está articulada por um sentido de base, que viabiliza pela primeira vez um discurso sobre possibilidades. E, exatamente como se dá no caso dos significados, o encontro com o sentido como o elemento que caracteriza um campo existencial como um campo de possibilidades específicas também não é instituído como um pressuposto teórico, mas nasce antes muito mais da própria descrição do horizonte de manifestação dos entes intramundanos. (MACET:67-68)


LÉXICO: (Seinkönnen->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Seinkönnen)