O TODO-PODEROSO
Em suas pesquisas antropológicas, Schmidt nos demonstrou que o conceito do todo-poderoso, do Ser Supremo, é universal, e é ele simbolizado pelos seres que participam do seu poder, embora em hierarquia inferior. Esse poder subjuga, e neste ponto, como nos mostra Van Der Leeuw, todas as religiões estão de acordo. Nalgumas se estabelece uma submissão total, independente da vontade humana. Noutras, como no cristianismo, encontramos concepções que aceitam no homem uma certa independência que lhe permite opor-se à vontade de Deus, sem contudo poder removê-lo, mas podendo, ao menos, dela afastar-se. Na ananke dos gregos e no fartum dos romanos, no maktub dos árabes, há sempre a certeza da submissão ao destino. Com o cristianismo propriamente se estabeleceu a liberdade, embora nalgumas seitas cristãs, encontremos esse velho pensamento oriental.
Nas religiões dos grandes ciclos culturais, o Todo-poderoso é único, embora apresente-se sob vários nomes. Esses nomes podem referir-se a atributos ou ações da divindade, participadas por seres cósmicos, que, por esta razão, podem simbolizar o todo poderoso.