ANALOGIA E MÉTODO ANALÓGICO
Damos a seguir um método de análise dialético – analógico, que nos permite trabalhar com as analogias, que em parte observamos entre todos os seres, porque, desprezando os graus, há entre todos eles uma semelhança e uma diferença, de maior ou menor grau de intensidade.
Este é o nosso esquema sintético do emprêgo da analogia:
No semelhante, o distinto é menor que o igual; no diferente, o distinto é maior que o igual. Conseqüentemente, o diverso é ora superior ao mesmo, ora menor, segundo corresponda ao distinto ou ao igual. (NA: Empregamos o termo igual tanto em sentido intensista como extensista.)
Assim, a mesma proporção corresponde nas polarizações do diverso e do mesmo.
A análise analógica, que se processe por este esquema, exige préviamente que os fatos a serem comparados e analisados, sejam antes classificados dentro de uma das espécies de analogia: ou a de atribuição intrínseca, ou extrínseca, ou a de proporcionalidade, ou a de função, etc.
Nem sempre se poderá aplicar plenamente o esquema. Por exemplo, basta apontar até o distinto e o igual, para logo ressaltar um ponto de identificação.
Há analogias nas quais é difícil encontrar um ponto de identificação antes da identificação do ser, pois, como ser, todos os entes se identificam, como nas analogias de atribuição extrínseca.
Nas analogias de atribuição intrínseca, que são de máxima importância para a metafísica, a análise analógica deve levar a uma identificação mais próxima, nas qualidades, por exemplo.
O verdadeiro símbolo é análogo por atribuição ao simbolizado, conseqüentemente há um ponto de identificação. E é essa identificação que realiza a comunhão nos símbolos sociais, que unificam os homens, numa identificação mais profunda, que é o carácter místico daqueles.
O emprêgo do esquema pode oferecer algumas dificuldades no início. Mas desde que se tenha patente que, no analogado deve haver uma identificação mais próxima com o analogante, já se dispõe o espírito a vencer o distinto, o diverso, o mesmo, e a alcançar o idêntico.
O ponto de identificação se apresenta na univocidade que a analogia deve conter, pois é ela, do ponto de vista lógico, a síntese da univocidade e da equivocidade, como já vimos.
Mas, ontológicamente, impõe-se aqui um esclarecimento que nos conduz a uma das mais demoradas polêmicas na filosofia: a travada entre tomistas e escotistas sobre a univocidade e a analogia, cuja análise sucinta nos oferecerá conclusões que robustecerão a nossa posição em tôrno deste tema, cujo método de emprêgo é baseado na decadialética noética, que já funciona com a simbólica, como passaremos a ver, e que abre caminho a uma visão tensional, capaz de dar uma collatio das positividades concrecionadas, e que nos possa libertar da crisis em que está mergulhada a filosofia moderna.