Ribeiro de Moura
Tratava-se para nós de compreender as relações entre a consciência e a natureza, entre o interior e o exterior. Ou, ainda, tratava-se de unir a perspectiva idealista, segundo a qual nada é senão como objeto para a consciência, e a perspectiva realista, segundo a qual as consciências estão inseridas no tecido do mundo objetivo e dos acontecimentos em si. Ou então, enfim, tratava-se de saber como o mundo e o homem são acessíveis a duas espécies de investigações, umas (…)
Página inicial > Palavras-chave > Autores - Obras > Merleau-Ponty / Maurice Merleau-Ponty
Merleau-Ponty / Maurice Merleau-Ponty
MAURICE MERLEAU-PONTY (1908-1961)
OBRAS NA INTERNET:
MERLEAU-PONTY, Maurice. O Visível e o Invisível. Tr. José Artur Gianotti e Armando Mora d’Oliveira. São Paulo: Perspectiva, 2003
Matérias
-
Merleau-Ponty (1945/2006:489-492) – sujeito e mundo
2 de novembro de 2021, por Cardoso de Castro -
Merleau-Ponty (1945/2006:496-499) – não há causalidade entre sujeito e corpo, mundo, sociedade
15 de fevereiro, por Cardoso de CastroRibeiro de Moura
Mais uma vez, é evidente que não é concebível nenhuma relação de causalidade entre o sujeito e seu corpo, seu mundo ou sua sociedade. Sob pena de perder o fundamento de todas as minhas certezas, não posso pôr em dúvida aquilo que minha presença a mim mesmo me ensina. Ora, no momento em que me dirijo a mim mesmo para me descrever, entrevejo um fluxo anônimo, um projeto global em que ainda não existem “estados de consciência” nem, com mais razão ainda, qualificações de (…) -
Barbaras (1991:176-179) – o visível
19 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
[…] Que significação conceder a este primado da visão? É certo que "o nosso mundo é principalmente e essencialmente visual; não se faria um mundo com perfumes ou sons"; no entanto, esta preeminência não se limita a esta constatação factual. Refere-se sobretudo ao fato de ser apenas através da visão que temos acesso ao mundo enquanto mundo. Como diz Merleau-Ponty em L’œil et l’esprit: "Le ’quale visuel’ me donne et me donne seul la présence de ce qui n’est pas moi, de ce qui est (…) -
Merleau-Ponty (2003:146-150) – ideia
17 de maio de 2020, por Cardoso de CastroAs ideias musicais ou sensíveis, exatamente porque são negatividade ou ausência circunscrita, não são possuídas por nós, possuem-nos. Já não é o executante que produz ou reproduz a sonata; ele se sente e os outros sentem-se a serviço da sonata, é ela que através dele canta ou grita tão bruscamente que ele precisa “precipitar-se sobre seu arco” para poder segui-la.
Gianotti & Oliveira
Com a primeira visão, o primeiro contato, o primeiro prazer, há iniciação, isto é, não posição de (…) -
Pontremoli (1996:68-75) – a fotografia
10 de janeiro, por Cardoso de Castrodestaque
Visada como a verdade espantosa do que é agora uma coisa do passado, a realidade do fotografado, o acontecimento atestado do passado garantiria a ausência precisamente daquilo que estamos a ver. A fotografia faria duas afirmações violentas ao mesmo tempo: isto é o real, e o que se vê aqui "não é de modo algum uma presença", mas um mundo engolido pelo tempo. É por isso que, segundo Barthes, qualquer outra imagem bem feita estimularia mais ativamente a ficção ao não fazer uma (…) -
Giuseppe Lumia: Merleau-Ponty
5 de outubro de 2021LUMIA. (Giuseppe) O EXISTENCIALISMO PERANTE O DIREITO, A SOCIEDADE E O ESTADO. Tradução de Adriano Jardim e Miguel Caeiro. Colecção « Doutrina ». N.º 3. Livraria Morais Editora. Lisboa. 1964.
O pensamento de Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) é de inspiração declaradamente husserliana. Mas está mais próximo do Husserl da última fase, o dos escritos inéditos, em que é mais claro o apelo às coisas e o recurso ao mundo da vida, o Lebenswelt. Em Merleau-Ponty motivos fenomenológicos (…) -
Merleau-Ponty (1960:111-115) – a sedimentação
17 de junho de 2023, por Cardoso de CastroA significação anima a palavra como o mundo anima meu corpo: por uma surda presença que desperta minhas intenções sem se mostrar abertamente diante delas.
Gomes Pereira
Se a palavra é comparável a um gesto, o que ela está encarregada de expressar terá com ela a mesma relação que o alvo tem com o gesto que o visa, e nossas observações sobre o funcionamento do aparelho significante já envolverão uma certa teoria da significação que a palavra expressa. Meu enfoque corporal dos objetos que (…) -
Livret Merleau-Ponty
23 de março de 2022Ministère des affaire étrangères
Cet ouvrage, traçant les "ruptures" et les "continuités" d’une pensée fondatrice et féconde, invite à découvrir et à lire l’oeuvre de Merleau-Ponty. Années de formation, enseignement, rencontres, voyages Lire Merleau-Ponty Ruptures 1945: la guerre a eu lieu
Psychologies
Littérature
Écrits politiques
La philosophie, son histoire et son dehors Continuités
L’œil et l’esprit
Les énoncés existentiels de Merleau-Ponty La leçon de Stendhal: colère, (…) -
Merleau-Ponty (1945/2006:463-467) – subjetividade
21 de março, por Cardoso de CastroRibeiro de Moura
Essas fórmulas podem parecer enigmáticas: se a subjetividade última não se pensa logo que existe, como algum dia ela o faria? Como aquilo que não pensa poderia pôr-se a pensar, e a subjetividade não é reduzida à condição de uma coisa ou de uma força que produz seus efeitos no exterior sem ser capaz de sabê-lo? — Nós não queremos dizer que o Eu primordial se ignora. Se se ignorasse, com efeito ele seria uma coisa, e nada poderia fazer com que em seguida ele se tornasse (…) -
Merleau-Ponty (1964:294-295) – O-que-é-Eu
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroGianotti
O-que-é-Eu (Je), verdadeiramente, não é ninguém, é o anônimo; é preciso que ele seja assim, anterior a toda objetivação, denominação, para ser o Operador, ou aquele a quem tudo isso acontece. O Eu denominado, o denominado Eu, é um objeto. O eu primeiro, de que este é a objetivação, é o desconhecido a quem tudo é dado ver ou pensar, para quem tudo apela diante de quem… alguma coisa existe. É portanto, a negatividade — inatingível, bem entendido em pessoa, pois que ela não é nada. (…) -
Merleau-Ponty (1945/2006:40-44) – juízo
23 de setembro de 2023, por Cardoso de CastroRibeiro de Moura
O intelectualismo propunha-se a descobrir a estrutura da percepção por reflexão, em lugar de explicá-la pelo jogo combinado entre forças associativas e a atenção, mas seu olhar sobre a percepção ainda não é direto. Nós o veremos melhor examinando o papel que a noção de juízo desempenha em sua análise. O juízo é frequentemente introduzido como aquilo que falta à sensação para tornar possível uma percepção. A sensação não é mais suposta como elemento real da consciência. (…) -
Merleau-Ponty (1945/2006:182-183) – sedimentação
17 de junho de 2023, por Cardoso de CastroRibeiro de Moura
[…] O sujeito kantiano põe um mundo, mas, para poder afirmar uma verdade, o sujeito efetivo precisa primeiramente ter um mundo ou ser no mundo, quer dizer, manter em torno de si um [182] sistema de significações cujas correspondências, relações e participações não precisem ser explicitadas para ser utilizadas. Quando me desloco em minha casa, sei imediatamente e sem nenhum discurso que caminhar para o banheiro significa passar perto do quarto, que olhar a janela significa (…) -
Merleau-Ponty (VI) – homenzinho dentro do homem
3 de novembro de 2021Autant il est vrai que je ne peux, pour sortir des embarras où me jette la foi perceptive, m’adresser qu’à mon expérience du monde, à ce mélange avec le monde qui recommence pour moi chaque matin dès que j’ouvre les yeux, à ce flux de vie perceptive entre lui et moi qui ne cesse de battre du matin au soir, et qui fait que mes pensées les plus secrètes changent pour moi l’aspect des visages et des paysages comme inversement les visages et les paysages m’apportent tantôt le secours et tantôt (…)
-
Merleau-Ponty (S:166-169) – subjetividade
2 de novembro de 2021Excerto de MERLEAU-PONTY, Maurice. Signos. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p. 166-169
português
Que há em comum nessas filosofias esparsas por três séculos que agrupamos sob a insígnia da subjetividade? Há o Eu que Montaigne amava acima de tudo, e que Pascal odiava, aquele de que [167] mantemos registro diário, de que anotamos as audácias, as fugas, as intermitências, as voltas, que experimentamos ou testamos como um desconhecido. Há o Eu que pensa de Descartes e de Pascal ainda, (…) -
Merleau-Ponty (1945/2006:240-241) – percepção
2 de novembro de 2021, por Cardoso de Castroportuguês
O pensamento objetivo ignora o sujeito da percepção. Isso ocorre porque ele se dá o mundo inteiramente pronto, como meio de todo acontecimento possível, e trata a percepção como um desses acontecimentos. Por exemplo, o filósofo empirista considera um sujeito X prestes a perceber e procura descrever aquilo que se passa: existem sensações que são estados ou maneiras de ser do sujeito e que, a esse título, são verdadeiras coisas mentais. O sujeito perceptivo é o lugar dessas coisas, (…) -
Sallis (2019:164-167) – discussão de Merleau-Ponty sobre a liberdade
15 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
Um dos principais objetivos da discussão de Merleau-Ponty sobre a liberdade é colocar esta questão da praxis e da relação da filosofia com a praxis. Vamos esboçar o seu argumento sobre a liberdade:
(1) Em primeiro lugar, pode argumentar-se que o sujeito não é uma coisa; logo, não é determinado por uma causalidade objetiva: "Para alguém ser determinado por algo do exterior, teria de ser ele próprio uma coisa" (Phénoménologie da la Perception, p. 496). Mas se não pode haver (…) -
Rosa (Resonance) – sujeito e mundo segundo Merleau-Ponty
24 de maio de 2023, por Cardoso de CastroROSA, Hartmut. Resonance. A Sociology of Our Relationship to the World. Tr. James C. Wagner. London: Polity Press, 2019
Wagner
The world, in turn, can then be conceived as everything that is encountered (or that can be encountered). It manifests as the ultimate horizon within which things can happen and objects can be found, or, borrowing from Hans Blumenberg, as a “metaphor for the whole of experience.” This whole meanwhile turns out to be something both more than and different from (…) -
Merleau-Ponty (VI:107-112) – da questão an sit a qui sit
3 de novembro de 2021Excerto de MERLEAU-PONTY, Maurice. O Visível e o Invisível. Tr. José Artur Gianotti e Armando Mora d’Oliveira. São Paulo: Perspectiva, 2003, p. 107-112.
português
Então, se a questão não pode mais ser a do an sit, ela se transforma na do quid sit, e nada mais resta senão procurar o que é o mundo, a verdade e o ser, nos termos da cumplicidade que temos com eles. Ao mesmo tempo que se renuncia à dúvida, também se renuncia à afirmação de uma exterioridade absoluta, de um mundo ou de um (…) -
Barbaras (1991:273-276) – o invisível
19 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
O propósito de Merleau-Ponty é pôr em evidência uma articulação original e, em última análise, uma quase-identidade do visível e do invisível. O invisível não é o outro de um visível concebido como inerentemente positivo, mas aquilo que, para preservar a sua distância, o seu poder significante, se torna visível; o visível, por sua vez, não é a negação do invisível, mas o elemento da sua manifestação e, neste sentido, um modo primitivo de idealidade. O visível é, de fato, a (…) -
Merleau-Ponty (1960:191-194) – subjetividade
17 de junho de 2023, por Cardoso de CastroMERLEAU-PONTY, Maurice. Signos. Tr. Maria Ermantina Galvão Gomes Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p. 166-169
Gomes Pereira
Que há em comum nessas filosofias esparsas por três séculos que agrupamos sob a insígnia da subjetividade? Há o Eu que Montaigne amava acima de tudo, e que Pascal odiava, aquele de que [167] mantemos registro diário, de que anotamos as audácias, as fugas, as intermitências, as voltas, que experimentamos ou testamos como um desconhecido. Há o Eu que pensa de (…)
Notas
- Barbaras (1991:25-26) – corpo próprio
- Barbaras (1991:31-33) – cogito e ser-no-mundo
- Barbaras (1998:194-195) – o fenômeno da expressão
- Levinas (Carnets) – linguagem
- Merleau-Ponty (1945/2006:ii-iii) – sou a fonte absoluta
- Merleau-Ponty (1955/2015:Cours du lundi) – o problema da memória
- Merleau-Ponty (1960:254-255) – A morte é o ato com uma única personagem
- Merleau-Ponty (1964:231) – existenciais pelos quais compreendemos as "pessoas"
- Merleau-Ponty (2003:105-107) – a questão comum do an sit
- Richir (1988:18-19) – corpo de carne
- Richir (1992:9-11) – existenciais e sedimentações
- Ricoeur (1965:III.1.3) – carne