LDMH: sujeito (1270)

Heidegger justamente, na tarefa que se impôs com Ser e Tempo, entende remontar do sujeito (e, aquém mesmo do animal razoável ou tendo linguagem) ao Dasein, a nossa finitude (a relação ao ser); desde o [parágrafo §10->art17] de Ser e Tempo, ele tinha precisado: “Partir de um eu e de um sujeito imediatamente dado, é perder inteiramente a riqueza fenomenal do Dasein”. Todavia, esta remontada do sujeito ao Dasein no homem lhe torna possível retraçar os limites do sujeito a ponto de escrever: “O ‘sujeito’, ontologicamente bem entendido, o Dasein” (SZ 111). Neste sentido, dirá Jean Beaufret em uma das “Conversações com Frédéric de Tawarnicki”:

<poesie>há uma grande analogia entre a aparição do Dasein em Sein und Zeit e a posição central do ego cogito, do “eu penso” na filosofia cartesiana. Descartes, que busca se informar sobre o que é, se consulta junta ao “eu penso”. Consequentemente, o Dasein de Heidegger é do mesmo lado que o “eu penso” de Descartes. A diferença entre o Dasein no sentido de Heidegger e o “eu penso” de Descartes é que o “eu penso”, armado de seu intuitus como diz Descartes, estima diante dele a coisa como objeto, enquanto o Dasein se estilhaça, por assim dizer, aí onde estão de pronto as coisas. Outra coisa certamente é atrair isto de que se fala (a saber as coisas) em seu colimador, outra coisa é de se abrir à presença mesma das coisas. (p. 17)