LDMH: liberalismo

O liberalismo repousa essencialmente sobre certa determinação da “liberdade” própria à figura subjetiva do ser humano. Porque o liberalismo não pensa a política a partir da liberdade própria ao ser humano, Heidegger cuida de frequentemente escrever a palavra “liberalismo” com aspas, como no final do curso sobre Nietzsche onde diz que “liberalismo” não constitui o essencial do humanismo moderno – o qual, assim como o liberalismo, é fundado sobre uma determinação insuficiente do homem como subjectum (GA6.2, 152 ;. Nietzsche II, p 139). O liberalismo deve portanto ser entendido como um dos nomes que convêm ao desdobramento moderno da subjetividade – “subjetivação” da existência humana da qual o individualismo é apenas um aspecto (GA5, 92; caminhos que não levam a lugar algum parte, 121). Essa fundação do sujeito por ele mesmo sobre ele mesmo é possibilitada pela mutação da verdade em certeza e a subsequente aquisição da soberania completa a respeito de tudo o que é. Com o advento dos novos tempos teve lugar uma “liberação do homem pela conquista criativa, da dominação e da transformação do ente, em todas os domínios da existência humana” (GA42, 61; Schelling, 68). Mas esta “liberação com vista a uma nova liberdade” (GA41, 97) implica em o sujeito asseguras de novo a dominação na qual consiste toda sua liberdade. Além disso, a liberdade do liberalismo se enraíza no crescimento da vontade de poder que se querendo ela mesma. [LDMH]