Heidegger manifesta também um interesse apaixonado por essas questões. Desde Ser e Tempo, ele considera que a doença tanto quanto a morte, longe de ser uma mera vicissitude do organismo, é um fenômeno existencial, “inclusive medicamente”, insiste (ET, 247). Posto que o homem é o único dos entes para o qual em seu ser acontece ser, nada que lhe advém pode ser explicitado de maneira simplesmente orgânica. Pôr-se à escuta da doença, portanto, implica romper com a sinistra catequese positivista que naturaliza o homem, despojando-o de sua história singular, de sua própria morte e de seu corpo vivo. É, com efeito, em direção a uma compreensão completamente renovada disto que é o corpo vivo que nos conduz o pensamento do Dasein se, como o diz Heidegger, “o ser-corpo [leiben] ressalta do ser-em-o-mundo que é em primeiro lugar uma compreensão do ser” (Zollikoner Seminare, 248, Zurich Seminars, 274). [LDMH]