Gewissensruf

voz da consciência
appel de la conscience (ETEM)
call of conscience (BTJS)

NT: Call of conscience (Gewissensruf, Ruf des Gewissens), 269-280, 270fn, 287-289, 293-296, 300, 307, 317; ‘It’ calls (’Es’ ruft), 275-278. See also Conscience (Gewissen); Es gibt (BTJS)


Heidegger se vale de um contexto ôntico para inserir a relação estrutural entre voz da consciência e culpa: o fato de a voz da consciência sempre vir à tona em contextos nos quais o que está em questão é a possibilidade de agirmos tal como não deveríamos agir. Na sua dimensão exortativa, ao nos incitar a fazermos algo, a voz da consciência revela o risco que está embutido na possibilidade de não agirmos desse modo. Da mesma forma, em sua dimensão proibitiva, ela nos revela ainda mais o quanto a nossa ação está dominada pela possibilidade de que se faça o que não se deveria fazer. A questão, contudo, é que o importante em termos ontológicos na voz da consciência não é nem aquilo para o que ela nos impele, nem aquilo de que ela nos afasta, mas antes o fato de que ela revela o quanto não precisamos realizar atividade alguma. Para um ente ontologicamente indeterminado, não há simplesmente nenhuma ação necessária, não há nada que, a princípio, faça sentido e que obrigue o existente a agir de um modo específico, não há nenhuma imperatividade oriunda de qualquer instância própria ao existir. Enquanto existencial, a voz da consciência revela justamente a liberdade radical do ser-aí humano, o fato de que ele não está obrigado a ser coisa alguma, a fazer coisa alguma, a realizar projeto algum. (MACMundo2:82)


O apelo da consciência, na tonalidade da angústia (Angst), apenas deixa soar uma voz (Stimme) que não diz nada, que não comunica nenhuma mensagem, mas que relança o Dasein na nudez só da sua existência (Existenz). Esta só se apropria dele na sua forma pura. (HEH:20)