3. Μόριον ἐνυπάρχον: [1] esse caráter é representado, por exemplo, pela superfície [Fläche] de um corpo [Körper]. Se eu subtrair de ’aí’ a superfície de um corpo, o próprio corpo é suprimido. Ele não está mais “aí”. A superfície é, portanto, o que constitui o Dasein e o possível Dasein de um corpo, assim como a linha constitui o possível Dasein de uma superfície. Segue-se que a superfície, como um elemento de um corpo, é um caráter ontológico [Seinscharakter] que Aristóteles também designa como ὁρίζον [Horizont], [2] “delimitador” [der begrenzt]. O caráter ontológico do μόριον ἐνυπάρχον delimita o corpo, ou seja, o ente é determinado em seu ser. Isso só é possível porque, para os gregos, a limitação [Grenze] é um caráter fundamental do Dasein do ente. Ser limitado [Grenzhaftigkeit] é um caráter fundamental do “Aí”. O elemento do ὁρίζον é σημαῖνον τόδε τι: [3] ele ’designa’ o ente, na medida em que ele está aí, como ’aquele aí’, de tal forma que esse ’ser aí’ pode se tornar visível, determinável e apreensível em sua esseidade [Seinsheit]. Como a limitação desempenha um papel tão peculiar que chega a determinar o ente em seu ser, alguns pensaram em designar o limite “em geral” e, no sentido mais amplo, o “número” [Zahl] como οὐσία. [4] Tanto os pitagóricos quanto os platônicos viam o número como autêntico οὐσία, o numérico como οὐσίαι. O numérico, o numerável delimita a entidade como tal, não há substâncias, nem demônios [Dämonen], vagando aqui e ali. [GA18  :31]