Existenz, existence, exister, existentia, existência, existencia
«… existencia»: Existenz (destacado en el texto original). Esta palabra es clave en Ser y tiempo. Como se verá más adelante, la Existenz es el modo propio de ser del Dasein, es – si se quiere – la «esencia» del Dasein. Existenz debe ser entendida como «ex-sistencia», es decir, como salida afuera de sí mismo. Esto se aclarará a lo largo de toda la obra Ser y tiempo. (Rivera; STRivera:Notas)
El (NotaH: Aquel) ser mismo con respecto al cual (NotaH: como suyo propio) el Dasein se puede comportar de esta o aquella manera y con respecto al cual siempre se comporta de alguna determinada manera, lo llamamos existencia. Y como la determinación esencial de este ente no puede realizarse mediante la indicación de un contenido quiditativo, sino que su esencia consiste, más bien, en que este ente tiene que ser en cada caso su ser como suyo, se ha escogido para designarlo el término Dasein como pura expresión de ser1. (STMSCC:310)
existieren, “existir”, era uma tradução, feita no século GA19, do verbo latino exsistere, lit. “dar um passo à frente, para fora”, portanto, “aparecer, estar na existência”. A palavra latina tardia ex(s)istentia tornou-se Existenz. Existenz significa tradicionalmente a existência de um ente, em contraste com a sua essência. Heidegger a utiliza em sentido restrito, aplicando-a somente a DASEIN: Dasein não possui essência ou natureza do mesmo modo como os outros entes possuem: “A ‘essência’ de Dasein encontra-se na sua existência” (SZ, 42). Devido à sua confusão de dois tipos de SER, ser-o-que e ser-como, Heidegger ocasionalmente sugere que a única característica de Dasein é ser, i.e., existir no sentido tradicional (GA20, 152, 207, 209). Porém, a Existenz é o modo de ser de Dasein, não o fato de que ele é: Dasein é responsável por seu ser-como, não (exceto pela possibilidade do suicídio, que Heidegger raramente menciona) por seu ser-o-que (GA26, 216s; GA49, 34s). Dasein “dá um passo à frente” para dentro do mundo e faz algo de si mesmo; ele é “ecstático, i.e., ecêntrico” (GA10, 98 n.59.). Existenz não envolve nenhum contraste com “essência”, ao contrário da afirmação de Sartre de que a existência precede a essência (GA9, 322). Heidegger frequentemente escreve Ex-sistenz ou Ek-sistenz para enfatizar o “passo para fora” (GA9, 186s; GA9, 321; GA49, 53).
Heidegger faz um breve resumo da história deste conceito (GA6T2, 473ss/GA9, 68ss). Fez várias tentativas de achar um equivalente grego para o latino existentia: a fala de Aristóteles sobre estar “fora” da mente (GA6T2, 417/GA9, 16), de uma atualidade (energeia) emergindo de uma potencialidade (dynamis); hyparchein, “começar, surgir, existir”, que Heidegger imaginativamente traduz por “predominar”, i.e., “se fazer presente (anwesen) por si mesmo”, porque a sua raiz arche significava tanto “regra, dominação” quanto “começo” (GA6T2, 473s / GA9, 68s Cf. GA24, 108ss). (O grego clássico não possuía palavras disponíveis para a distinção medieval entre existentia e essentia. Ekstasis é literalmente “dar um passo para fora”. Significa “êxtase, transe”, não “existência”. Posteriormente, o grego contrasta hyparxis, “existência”, com ousia, “essência”). Filósofos medievais transformaram a energeia de Aristóteles em actualitax que, como o seu correlativo alemão, Wirklichkeit, sugere “fazer, efetuar” (agere, (59) wirken), Suarez considera existentia como significando “emergência de suas causas”, de modo que existir é ser produzido causai mente (GA6T2, 418/GA9, 17). Descartes concebe existência, primordialmente, como a existência de um ego ou sujeito, e o que quer que exista existe porque se deixa por ele representar. Para Leibniz, REPRESENTAÇÃO, na forma da percepção, é a atualidade de toda substância; existência é aquilo para o qual a essência se empenha. Existência torna-se a “objetividade da experiência” de Kant. Schelling, que estudou Leibniz (GA42, 102), retoma o sentido original de Existenz — “Ex-sistenz, o que dá um passo à frente, para fora de si mesmo e se manifesta ao dar esse passo” (GA42, 129/107). Ele a contrasta com o FUNDO, que forma a base a partir da qual a Existenz (i.e., o ente existente) dá o passo. Esta noção de existência é assumida por Kierkegaard, que a restringe ao homem, o único ente enredado na “confusão da temporalidade e eternidade” (GA6T2, 475/ GA9, 70). O sistema de Hegel, argumenta Kierkegaard, apresenta verdades “eternas”. Mas não se pode viver em um sistema; ele não nos guia nas decisões que a vida, até mesmo a vida de um filósofo, requer. Verdades eternas, especialmente as do cristianismo, não podem ser alcançadas passo a passo a partir das verdades históricas, mas apenas por um passo da fé. Jaspers adotou a noção de Kierkegaard de Existenz, guardando a ênfase na “comunicação” e a sua importância para a formação e a manutenção de si, sempre ainda assegurando a sua relação com o cristianismo. SZ usou Existenz em um sentido diferente, mas igualmente restrito: “o conceito ‘existenciário’ de existência (o de Kierkegaard e o de Jaspers) significa o si mesmo individual do homem à medida que está interessado em si mesmo como este ente particular. O conceito ‘existencial’ (o de Heidegger) de existência significa o ser si mesmo do homem à medida que está relacionado não com o si mesmo individual, mas com o ser e a relação com o ser” (GA49, 39; cf. GA6T2, 475s/GA9, 70). Existenz agora concerne à relação de Dasein com ser, mais do que com os entes, preparando, assim, uma superação da metafísica (GA6T2, 476s/GA9, 71). O uso em SZ, no entanto, é apenas “temporário” (zeitweilig(e), GA6T2, 476s/71). Para evitar confusões com a Existenzphilosophie de Jaspers de 1931, Existenz é substituída por outras palavras, especialmente Inständigkeit, “insistência”, que significa em sua raiz “encontrar-se em”, “encontrar-se na (Innestehen) abertura ecstática do ‘tempo’”, e em seu sentido corrente “urgência”, “permanecer na incessante relação essencial com o ser dos entes” (GA49, 54; cf. GA65, 302s).
Aristóteles listou “categorias”, tais como substância, qualidade, quantidade etc., que se aplicam a todos os entes. Mas já que Dasein existe de um modo diferente dos outros entes, precisamos distinguir suas características essenciais chamando-as de Existenzialien, “existenciárias, existenciais” em vez de “categorias”. Ser-no-MUNDO, por exemplo, um existencial de Dasein, é bastante diferente de ser-dentro-do-mundo, como as pedras e os utensílios são (SZ, 44).
Existenz provê um adjetivo, existenzial, “existencial”. Heidegger forja um outro adjetivo, com um sufixo derivado do francês: existenziell, “existenciário”. Existenzial aplica-se à “estrutura ontológica da existência”, i.e., existenciários e suas inter-rela-ções, e à compreensão que o filósofo tem da mesma. Que, por exemplo, Existenz envolva o ser-no-mundo é um problema existencial, assim como a sua compreensão filosófica. Existenziell aplica-se ao leque de possibilidades aberto para Dasein, a (60) compreensão que delas possui e a escolha que faz (ou recusa) entre elas. Se Dasein faz o que o impessoal (das Man) está fazendo ou, ao contrário, escolhe escolher e decide tornar-se soldado ou filósofo, estes são problemas existenciários. A distinção entre “existencial” e “existenciário” é análoga à distinção entre “ontológico” e “ôntico”, embora estes termos não se restrinjam a Dasein. Como Existenz, seus derivados não são muito usados por Heidegger depois de SZ (cf. GA6T2, 478ss/GA9, 73s sobre existência e o existenciário). (DH)
Existenz (existence, ex-sistence) — In contrast with Jaspers’s Psychologie der Weltanschauungen, which takes Kierkegaard’s “existence” as a Kantian idea for the whole of human life, Heidegger in his review (1920-21) suggests that Existenz be regarded methodologically as a “formal indication” of the sense of being of the “(I) am.” But Jaspers was right in looking to limit situations like death and guilt for illumination into the phenomenon of existence. Thus, existence reappears in Oct. 1922 (pp. 13f.) as the authentic being of life accessible in the distressed questioning of its facticity, in a countermovement to life’s tendency to lapse. Existenz here is but one possibility in the more comprehensive facticity (being) of life. Moving from these two “private communications” to his peers to the first public usage in the lecture course of GA63, we find the same restricted sense of Existenz, narrowed down to Dasein’s ownmost possibility. It is only in WS 1925-26 (GA21) that Existenz assumes a universalized sense of possibility, by way of the formal clue of “being out toward,” and becomes the formal indication of ex-sistence in the last draft of BT. (KisielBT)
Existenz (die): «existencia». En la terminología filosófica tradicional, Existenz, Dasein y Wirklichkeit son sinónimos e indican el subsistir en la realidad efectiva. En la ontología escolástica, la existencia se define en correlación con la esencia: la essentia indica lo que es un ente, mientras que la existentia señala su subsistencia efectiva en la realidad. Heidegger se desmarca bien temprano de esta definición tradicional. En el contexto de Ser y tiempo, reserva el término Existenz para caracterizar el modo de ser propio del Dasein, indicar su carácter abierto y no el hecho de que es. Existenz debe entenderse en el sentido latino de ex-sistire, es decir, de salir fuera de sí mismo. De hecho, en los años posteriores a Ser y tiempo se utiliza la grafía Ek-sistenz para repensar el Dasein desde la perspectiva de la historia del ser. En cualquier caso, el término «existencia» se usa casi exclusivamente para caracterizar el modo de ser del Dasein, un sentido que no tiene nada que ver con el de la ontología tradicional. En su reseña del libro de Karl Jaspers Psicología de las concepciones de mundo (1919-1921) afirma que la existencia puede entenderse metodológicamente como una indicación formal del sentido ontológico del ich bin («yo soy»). En las lecciones de 1923, Ontología. Hermenéutica de la facticidad, la existencia reaparece como el ser propio del Dasein, como la indicación formal de la posibilidad más propia del Dasein. Véase también la entrada Dasein (das). (AKJ (GA9), pp. 10, 15 (vida, existencia), 24, 28 (sentido, existencia), 30, 33, 34-35 (realización histórica y fáctica de la vida), 39; GA59, pp. 35, 37-38, 75, 82 (Dasein), 84, 86, 87 (facticidad), 91 (cristiana), 131; GA60, pp. 68, 128, 136, 148, 150, 155 (inquietud), 156, 179, 192 (Dios), 201, 231-234, 249, 255, 259, 265-266, 330; GA61, p. 168 (facticidad); NB, pp. 26, 27 (facticidad ≠ existencia), 31, 51; GA63, pp. 16, 19; GA17, pp. 3, 16, 21, 111, 116; GA21, pp. 402; GA22, p. 4; Ph&Th, pp. 52, 55, 56; GA24, pp. 26 (libertad del Dasein, existencia), 37, 61, 90, 138, 291-224 (constitución de la existencia del Dasein), 241-242 (Dasein es en la medida en que existe), 250, 299, 309-311, 317-320 (modo de ser de la verdad), 324, 391, 395-405, 417 (interpretación del ser desde lo presente ≠ existencia), 454; SZ, pp. 12 (existenciario / existencial), 42 (esencia del Dasein), 53, 117, 152, 179 (caída), 188, 192 (existir es siempre fáctico), 212 (substancia del hombre), 221 (verdad de la existencia), 231, 233 (existencia significa poder-ser), 250 (existencia, facticidad, caída), 255, 260-267 (muerte, nada, angustia), 267-279 (existencia propia), 285, 287 (más propia), 294 (llamada), 295-301 (propiedad), 303 (posibilidad de existencia más extrema), 307-308, 311, 313-314 (idea de existencia), 325 (posibilidad), 327 (futuro = sentido primario de existencia), 329, 343, 363 (determinación de existencia = estar-en-el-mundo), 383 (posibilidades de existencia), 387 (también la existencia impropia es histórica), 391.) (LHDF)
Lo que quiere decir aquí Heidegger es que la palabra Dasein tiene, entre otras acepciones, la de existencia ejecutada. «Pura expresión de ser» debe ser entendido aquí como puro existir, como puro ser (no como esencia en el sentido de quididad). (N. del T.). (SZ:12; STRivera:35)
O homem é um ente que se encontra no meio dos entes, de tal maneira que o ente que ele não é e o ente que ele mesmo é lhe são já sempre manifestados. Chamamos este modo de ser existência. A existência não é possível senão fundada na compreensão do ser. (SZ:205; tr. francesa, 1953, p. 283-284)
No sentido pleno do termo, a palavra “existência” (ser-aí) nos diz algo que não equivale de maneira alguma ao ser humano, e que é inteiramente diverso do que Nietzsche e a tradição antes dele compreendem por existência (ser-aí). O que designamos com o termo “existência” (ser-aí) não tem um precursor na história da filosofia até aqui. Essa diversidade do uso linguístico não repousa sobre uma teimosia casual. Por trás daí subjazem necessidades históricas essenciais. No entanto, essas diferenças de linguagem não devem ser dominadas por um aprendizado e por uma observação extrínsecos. Ao contrário, precisamos penetrar na formação que conduz até a palavra a partir de uma confrontação com a coisa mesma (no que concerne ao conceito nietzschiano de “existência”, cf., por exemplo, A gaia ciência, Livro IV, n. 341, 357, 373 e 374). (GA6T2:277; GA6T2MAC:215)
(…) the essence of our Dasein, i.e. its total existence, which consists precisely in the fact that we comport ourselves to those beings which we are not as well as to that being which we are, and that we must always already seek a stance for this comportment. (GA34:120)
In scholastic ontology, existence is the quality whereby an entity is. Heidegger gives existence a new meaning in his Critical Comments on Karl Jaspers’ “Psychology of Worldviews.” He suggests that existence can be regarded as the formal indication of the meaning of being of the “I am.” In his 1923 lecture course, Ontology: The Hermeneutics of Facticity, existence is the formal indication of being-there’s most unique possibility. After developing a universalized sense of possibility in his Winter Semester 1925-26 course Logic: The Question of Truth, existence becomes the formal indication of the way of being of being-there as existence. Being-there stands out in its being, its ecstatic openness, and has outstanding possibilities. It understands itself in terms of its existence, the possibility to be itself or not itself. (Shalow & Denker, p. 107)
A palavra existência resulta da aglutinação da preposição ek e do verbo sistere. No plano meramente vocabular, existência diz: 1) um movimento de dentro para fora, expresso na preposição; 2) a instalação que circunscreve e delimita um estado e um lugar; 3) uma dinâmica de contínua estruturação em que se trocam os estados, as passagens e os lugares.
Devido à pregnância desse conjunto semântico é que Ser e tempo reservou “existência” para designar toda a riqueza das relações recíprocas entre presença e ser, entre presença e todas as entificações, através de uma entificação privilegiada, o homem. Nessa acepção, só o homem existe. A pedra “é” mas não existe. O carro “é” mas não existe. Deus “é” mas não existe. Privilégio não diz aqui exercício de poder e dominação mas a aceitação do dom da existência que lhe entrega a responsabilidade e a tarefa de ser e assumir esse dom. A resposta a essa doação se dá como história. Na história do Ocidente, a resposta predominante tem sido a era da metafísica. Nela, a existência reduz-se à instalação que circunscreve e delimita um estado e lugar na tensão com a essência. Por isso, qualquer inversão da ordem entre essência e existência consolida e não supera a resposta metafísica (cf. Carta sobre o humanismo, Ed. Tempo Brasileiro). (Marcia Schuback, notas à tradução de Ser e Tempo, 2006)
VIDE: EXISTENZ E DERIVADOS; (EK-SISTENZ->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=ek-sis)
existência
existenceNT: Existence (Existenz), passim; as formal indication, 12-14, 42-43, 53, 231-233, 313-315; “essence” of Da-sein is its, 42, 231, 298, 318, 323; “the substance of human being,” 117, 212; is not substance, objective presence, reality, 12, 200-212 (§ 43), 267, 283, 303, 313-314, 318, 324, 328, 340, 380, 436; “stand” of ek-sistence versus object’s constancy, 117, 128, 133fn, 294, 322, 348, 436 (existing as primordial temporalizing); as understanding relationship to being, 12 + fn, 38fn, 44, 52-53, 123, 133, 179, 193, 212, 231, 284, 306, 313-316, 316fn, 325-330, 336; idea of, 233, 313-314; ontic factic ideal of, 266, 300, 310. See also Ek-sistence; Existing; Formal Indication; “It is concerned in its being about …; Mineness; Understanding of being (BTJS)
NOTA TRADUTORA: A palavra existência resulta da aglutinação da preposição ek e do verbo sistere. No plano meramente vocabular, existência diz: 1) um movimento de dentro para fora, expresso na preposição; 2) a instalação que circunscreve e delimita um estado e um lugar; 3) uma dinâmica, de contínua estruturação em que se trocam os estados, as passagens e os lugares.
Devido à pregnância desse conjunto semântico é que Ser e Tempo reservou “existência” para designar toda a riqueza das relações reciprocas entre pre-sença e ser, entre pre-sença e todas as entificações, através de uma entificação privilegiada, o homem. Nessa acepção, só o homem existe. “A pedra é” mas não existe. O carro “é” mas não existe. Deus “é” mas não existe. Privilégio não diz aqui exercício de poder e dominação mas a aceitação do dom da existência que lhe entrega a responsabilidade e a tarefa de ser e assumir esse dom. A resposta a essa doação se dá como história. Na história do Ocidente, a resposta predominante tem sido a era da metafísica. Nela, a existência reduz-se à instalação que circunscreve e delimita um estado e lugar na tensão com a essência. Por isso, qualquer inversão da ordem entre essência e existência consolida e não supera a resposta metafísica (cf. Carta sobre o Humanismo, Ed. Tempo Brasileiro (CartaH ↩