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Endlichkeit

terça-feira 4 de julho de 2023

Endlichkeit  , finitude, finitude, finitud, τελειότης, Endlichsein, ser-finito, Verendlichung, finitização

Finitude não é nenhuma propriedade que se encontra apenas atrelada a nós. Ela é o modo fundamental de nosso ser [Grundart unseres Seins]. Se quisermos vir a ser o que somos, não podemos abandonar essa finitude ou nos iludirmos quanto a ela. Muito ao contrário, precisamos protegê-la. Esta guarda é o processo mais interior de nosso ser-finito [Endlichsein]; ou seja, nossa mais intrínseca finitização [Verendlichung]. Finitude só é no interior da verdadeira finitização. Nesta finitização, contudo, consuma-se por fim uma singularização do homem em seu ser-aí [Dasein  ]. Singularização [Vereinzelung  ] não diz, aqui, que o homem se calcifica em seu eu diminuto e ressequido, neste eu que se espraia junto a isto ou aquilo, que ele toma como sendo o mundo. Essa singularização descreve muito mais aquele ficar só, no qual todo e qualquer homem se vê pela primeira vez nas proximidades do que há de essencial em todas as coisas, nas proximidades do mundo. O que é esta solidão [Einsamkeit  ], na qual o homem sempre e a cada vez vem a ser como um único? [GA29-30MAC:7-8]


FINITUDE E CORRELATOS

finitude [EtreTemps  ]
finiteness [BT]

NT: Finiteness, finitude (Endlichkeit), 93, 264, 329-331, 348, 384-386, 413, 424-425. See also Being-toward-the-end; Situation  , boundary [BT]


Em SZ, "finitude", Endlichkeit, refere-se invariavelmente e de maneira mais ou menos explícita, à morte, sendo, pois, finitude temporal  . A finitude assombra toda a nossa existência: dasein "não tem um fim [Ende], no qual ele simplesmente para; Dasein existe finitamente" (SZ, 329). "O tempo originário é finito" (SZ, 331). O tempo infinito é "derivado" ou secundário; ao escrever Un-endlichkeit (in-finitude) e un-endlich ("in-finito"), Heidegger sugere que a infinitude (Unendlichkeit) seja posterior à finitude. [DH  ]
«Mais original que o homem é a finitude do Dasein nele» [GA65  :300]. A última secção de Kant   e o problema da metafísica [GA3  ] reconcilia impacientemente no homem uma diferença que SZ tinha compreendido de forma prudente como uma distinção externa, na verdade uma oposição entre o homem da tradição e o ser-no-mundo [In-der-Welt-sein  ]. O Dasein aparece de agora em diante como a essência íntima do homem, cujo ser verdadeiro é restabelecido. De 1929 até 1935, o regresso ao homem [Mensch  ] passa por uma fase transitória onde os dois termos Dasein e homem são conjugados em expressões tais como: «o Dasein no homem» [GA3:290], «o Dasein do homem historial» [GA40  :169], o «Da-sein  » (com um hífen) como «ser do homem»: «chamamos o ser do homem Dasein» [GA29-30  :95]. Esta recuperação demasiado rápida da essência verdadeira do homem participa da mesma «ingenuidade» do projecto contemporâneo da «ontologia fundamental» [Fundamentalontologie  ] ou da «metafísica do Dasein». A palavra metafísica [Metaphysik  ] significa de maneira ainda não pejorativa toda a interrogação relativa ao ser do ente [Sein des Seienden  ]. O projecto da ontologia fundamental visa, com efeito, «fundar» a metafísica restituindo-lhe a essência esquecida do homem. O esquecimento do ser [Seinsvergessenheit  ] encontra-se reconduzido ao esquecimento da finitude do homem: finitude quer dizer temporalidade [Zeitlichkeit  ], compreensão do ser [Seinsverständnis  ], disposição afectiva [Befindlichkeit  ], ser-lançado [Geworfenheit  ], «decadência» [Verfallen  ]. Trata-se de mostrar que a metafísica tradicional, ao desenvolver uma doutrina do ser do ente como presença [Anwesenheit  ] permanente, apenas perdeu de vista e traiu a finitude do Dasein. Uma vez acrescentada novamente esta peça que falta, a metafísica será de novo estabelecida sobre uma base sólida. Esta base sólida é o homem! A tradição insuficientemente desconstruída vinga-se impondo este novo antropocentrismo. É apoiando-se neste homem grego, anterior a Platão  , neste homem exposto ao deinon  , ao inquietante poder da physis  , que Heidegger reencontrará uma via para um descentramento, desta vez decisivo. Cumpre-se a Viragem [Kehre  ]: «É o próprio ser que lança o homem na via de um desprendimento que, forçando o homem a movimentar-se para lá de si mesmo como aquele que está sempre em marcha (der Ausruckender), o liga ao ser para o pôr em acção. [GA40:196] É o ser que lança e não a physis como natureza. Não há uma necessidade cega que persiga o homem para o arrancar ao seu acampamento, ao seu repouso numa natureza própria, mas a luz historial [geschilich] que lhe ordena o por a verdade em acção. O homem enquanto Ausruckender, o nunca instalado, nunca terá repouso. Será desapropriado, desfigurado, penetrado como a «brecha» em que o ser irrompe, «estranho na sua própria essência» [GA40:163]. — Mas não sem essência.