Ende der Philosophie

Ende der Philosophie, das: GA5 GA7 GA9 GA11 GA13 GA14 GA15 GA16 GA29-30 GA61 GA66 GA67 GA69 GA89

Há muitos modos de se falar em “fim da Filosofia”. Antes de Heidegger, sobretudo Marx e Wittgenstein quiseram abrir duas portas para o fim da Filosofia. Em Marx ela deveria chegar ao fim pela transformação da Filosofia em mundo, de sua “supressão” na praxis. Em Wittgenstein a Filosofia deveria assumir, de uma vez, sua única função: realizar a terapia da linguagem. Cumprido tal trabalho, ela “desapareceria”.

Marx confundiu a Filosofia com as filosofias de seu tempo, e nas exigências que levantava não estava contida a superação da Filosofia, mas o caminho para uma nova realização da Filosofia. Em Wittgenstein, a afirmação de que a Filosofia desapareceria, uma vez resolvido os problemas da linguagem, revela, de um lado, a descoberta de uma nova tarefa para a Filosofia, mas de outro, também, a ignorância de que de uma tal tarefa surgiríam questões de método das quais o próprio filósofo não mais tornou consciência e que precisamente implicam uma continuação da Filosofia.

Tanto Marx quanto Wittgenstein, um buscando a supressão da filosofia e o outro seu desaparecimento, abriram novos horizontes para o pensamento cujo fim anunciaram.

(84) Para Heidegger o fim da Filosofia é o fim “fim” da Filosofia enquanto metafísica. A metafísica atingiu suas “possibilidades supremas” dissolvendo-se no surto crescente das ciências que esvaziam a problemática filosófica. O filósofo reserva, porém, um novo começo para a Filosofia, superando a metafísica. Heidegger afirma que no fim da Filosofia (como metafísica) resta uma “tarefa para o pensamento”. Esta tarefa é a questão do pensamento. “A última possibilidade” — a dissolução da Filosofia nas ciências tecnicizadas — acaba revelando uma “primeira possibilidade”. E no texto “O fim da filosofia e a tarefa do pensamento”, de 1966, Heidegger tira a conclusão: “a tarefa do pensamento seria então a entrega do pensamento até agora, à determinação da questão do pensamento.

A questão própria do pensamento para Hegel, tanto quanto para Husserl, foi a subjetividade e esta levada a seu momento supremo: o método. Heidegger, procurando superar os dois, afirma como nova questão do pensamento a aletheia. Com esta palavra compreende ele o sentido, a verdade, o desvelamento, o velamento, a clareira do ser, resumindo tudo na palavra-síntese: Ereignis (acontecimento-apropriação).

Se para Marx o fim da Filosofia deveria ser realizado definitivamente pela sua “supressão” e transformação na praxis; se para Wittgenstein o fim da Filosofia se daria mediante seu “desaparecimento”, uma vez cumprida sua função terapêutica; para Heidegger o fim da Filosofia como “acabamento” (dissolução nas ciências na era da técnica) é, no entanto, compreendido como um novo começo. Heidegger tem consciência de que a afirmação auto-supressão da Filosofia só pode significar sua renovada auto-afirmação. Esta auto-afirmação é sintetizada pelo filósofo na expressão “questão do pensamento”. Não discutiremos aqui até que ponto Heidegger terá razão quando critica e procura superar Hegel e Husserl. É, sem dúvida, simplificação resumir a Filosofia de ambos na subjetividade e, consequentemente, na “questão do pensamento”, método e questão.

Mostrando que a problemática filosófica chegou ao fim enquanto problemática metafísica, Heidegger deve conceber uma nova problemática, no bojo da expressão “questão do pensamento”. Esta nova problemática deverá ser compreendida sob dois ângulos fundamentais: o ponto de vista genético e o ponto de vista sistemático. (ErStein2008:83-84)