Charles Taylor: transcender o self

Transcender o self de acordo com o modelo com o qual trabalho aqui é fugir à identificação com uma voz particular na conversação, deixar de ser aquele que está situado em determinada perspectiva no espaço moral. Não há dúvida de que temos o poder de imaginação suficiente para ir além de nossa própria posição e compreender a nós mesmos como representando um papel no todo. Se não o tivéssemos, não seríamos capazes de estabelecer com outros seres humanos o que venho denominando “espaço comum”, visto isso requerer que nos vejamos como uma perspectiva entre outras. Assim, também podemos ver a nós mesmos “na perspectiva do todo”; podemos ver o self na imaginação como apenas um aspecto de um sistema mais amplo, ativado por este. O que não está claro é até que ponto podemos de fato assumir esse ponto de vista e viver de acordo com ele. Para avaliar isso, precisamos de uma discussão mais minuciosa de nossas possibilidades morais. Reflexões incompletas acerca da linguagem e da impossibilidade da presença plena não bastam. (1997, p. 62)