Boden-nehmen: tomar-chão. Traduzo assim para salvar o que se sugere com a expressão alemã. Trata-se aqui de dois modos de fundar (gründen). O primeiro como erigir, projetar, transcender, como excesso; o segundo como tomar-chão, ser ocupado pelo ente, fundassentar (permito-me recorrer a esta sugestiva criação de J. C. de Melo Neto), subtração, retração. A relação originária entre ambos os modos de fundar faz com que reciprocamente se revelem, um provocado pelo outro. O fundar cromo transcender revela-se como excesso em face do fundar como tomar-chão; e este revela-se como subtração em face daquele. Estes dois comportamentos em face do fundar, ou melhor, o fundar como estes dois comportamentos, revelam a estrutura ambivalente da finitude. Não há transcendência sem rescendência e vice-versa: a transcendência exige o tomar-chão como sua possibilidade e o tomar-chão recorre à transcendência para sua auto-revelação. (Ver E. Stein: Em Busca de uma Ontologia da Finitude, in Revista Brasileira de Filosofia, volume XIX, 1969, pp. 399-420. (Ernildo Stein; MHeidegger:Nota)