Animais “comportam-se (sich benehmen)”, homens “têm atitude (sich verhalten)”. Esta distinção tem pouca base aparente no alemão comum. (Das) Benehmen geralmente refere-se “ao comportamento de indivíduos considerados como seres humanos livres na sociedade” (DGS, 40s). Vem de nehmen, “levar”, portanto sich benehmen é literalmente ” portar-se”. Heidegger reserva-o para animais, já que o seu particípio passado, benommen, significa “tomados, aturdidos, entorpecidos”. No período de SZ, Dasein é qualificado como benommen: “pelo mundo das suas ocupações” (SZ, 61), pelos entes (WEG, 85), e em humores tais como angústia (SZ, 344; ER, 108). Posteriormente, apenas os animais são benommen, “tomados” pelo que imediatamente os afeta (GA29, 344ss). Pela capacidade de distinguir o ser dos entes tangíveis, “o homem liberta-se de ser meramente tomado (Benommenheit) pelo que o cerca e o ocupa, na relação (Bezug) com o ser, tornando-se literalmente ex-sistente. Ao invés de meramente ‘viver’, o homem ex-siste.” Mas Heidegger teme, no entanto, que a ex-sistência não seja facilmente mantida e que muitos seres humanos possam tornar-se vítimas do Seinsblindheit, “cegueira para o ser” (GA7P, 262). (DH)