A luta entre os que estão no poder e os que querem o poder é, de ambos os lados, luta pelo poder. Em toda parte, o poder é o determinante. Com essa luta pelo poder, a essência do poder se desloca, em ambos os lados, para a essência de uma dominação incondicional. Todavia, aqui se esconde uma única coisa: que toda luta está a serviço do poder, sendo por ele querida. Antes de qualquer luta, o poder já se apoderou de todas elas. Só a vontade de poder consegue apoderar-se (ermächtigt) dessas lutas. O poder, entretanto, apodera-se de tal forma da humanidade que desapropria o homem da possibilidade de dispor de um caminho para sair do esquecimento do ser. Essa luta é necessariamente planetária e, como tal, essencialmente refratária a toda decisão. Não há o que decidir, pois ela permanece excluída de toda cisão e distinção (de ser e ente) e assim de toda verdade (Wahr-heit). Pela sua própria força, essa luta vê-se obrigada ao não-destinal: vê-se obrigada a deixar o ser. [Superação da Metafísica, EC]