Pegoraro: a ipseidade e a temporalidade

Constantemente apresentamos o ser-no-mundo como esquema ontológico-hermenêutico. Por causa disso poder-se-ia correr o risco de apenas ver no ser-no-mundo e no cuidado esquemas abstratos. Isso conduziria fatalmente à interpretação idealista de Ser e Tempo. Para evitar tal interpretação, contrária às intenções e ao texto de Heidegger, é preciso sublinhar que o próprio ser-aí, existindo sob o modo do tempo original, forma o esquema, ou o horizonte de aparição do ser, do ente e do nada. O esquema é sempre ontológico-existencial e ôntico co-existenciário. Nesse sentido, o esquema ontológico é o próprio ser-aí enquanto abertura… (ou ser-em…). É o ser-aí total (como ipseidade aberta) que é o “lugar” (o horizonte) de aparição fenomenológica do ser e do ente.

A palavra esquema poderia conduzir-nos a imaginar puras abstrações, ou um “esquema luminoso” formado no “interior” do ser-aí. Tal interpretações recairia no esquema clássico do sujeito-objeto.

Mas o ser-aí, como ser-no-mundo e cuidado, é ipseidade aberta enquanto existência sob o modo do tempo original, fundamento da abertura do ser-aí em três extases ou três modos do tempo.