SZ:250-251 – La mort – possibilité de l’impossibilité du Dasein

Castilho

Foi rejeitada, por inadequada, a interpretação do ainda-não e, assim também, a do extremo ainda-não próprio-do-Dasein, no sentido de um fal-tante, porque ela contém o desvio ontológico do Dasein para um subsistente em si. O ser-no-final significa existenciariamente: ser para o final. O extremo ainda-não tem o caráter de algo para-que o Dasein se comporta. O final é iminente para o Dasein. A morte não é um subsistente que ainda não se efetivou, não é um último faltante reduzido a um mínimo, mas, ao contrário é um iminente.

Entretanto, para o Dasein como ser-no-mundo muito há que lhe pode ser iminente. O caráter do iminente não distingue por si (689) a morte. Ao contrário: essa interpretação ainda poderia sugerir a suposição de que a morte devesse ser entendida no sentido de um acontecimento iminente vindo-de-encontro no interior do mundo ambiente. Iminente pode ser, por exemplo, uma trovoada, a reforma da casa, a chegada de um amigo, entes que são, portanto, subsistentes, utilizáveis ou são-“aí”-com. A morte iminente não tem um ser dessa espécie.

Mas iminente pode ser também para o Dasein, por exemplo, uma viagem, uma explicação com outro, uma renúncia a algo que o Dasein ele mesmo pode ser: possibilidades-de-ser que lhe são próprias por se fundarem em seu ser-com com outros.

A morte é uma possibilidade-de-ser que o Dasein tem de assumir cada vez ele mesmo. Com a morte o Dasein é iminente ele mesmo para ele mesmo em seu poder-ser mais-próprio. Nessa possibilidade está em jogo para o Dasein pura e simplesmente o seu ser-no-mundo. Sua morte é a possibilidade do já-não-poder-ser-“aí”. Quando o Dasein, como essa possibilidade de si mesmo é iminente, é completamente remetido a seu poder ser mais-próprio. Assim, iminente para si, nele se desfazem todas as relações com outro Dasein. Essa irremetente possibilidade mais-própria é ao mesmo tempo a possibilidade extrema. Como poder-ser o Dasein não pode superar a possibilidade da morte. A morte é a possibilidade da pura e simples impossibilidade-de-ser-“aí”. Assim, a morte se desvenda como a possibilidade mais-própria, irremetente e insuperável. Como tal, a morte é um assinalado iminente, cuja possibilidade existenciária tem seu fundamento em que o Dasein é ele mesmo essencialmente aberto para ele mesmo e o é no modo do ser-adiantado-em-relação-a-si. Esse momento estrutural da preocupação tem, no ser para a morte, a sua concretização mais-originária. O ser para o final torna-se fenomenicamente mais claro como ser para a caracterizada possibilidade assinalada do Dasein. (p. 689, 691)

Rivera

Vezin

Macquarrie & Robinson

Original

  1. ‘. . . sondern eher ein Bevorstand.’ While we shall ordinarily use various forms of ‘impend’ to translate ‘Bevorstand’, ‘bevorstehen’, etc., one must bear in mind that the literal meaning of these expressions is one of ‘standing before’, so that they may be quite plausibly contrasted with ‘Ausstehen’, etc. (‘standing out’). Thus we shall occasionally use forms of ‘stand before’ when this connotation seems to be dominant.[↩]
  2. Nicht-mehr-dasein-könnens.’ Notice that the expressions ‘Seinkönnen’ (our ‘potentiality-for-Being’) and ‘Nichtmehrdasein’ (our ‘no-longer-Dasein’) are here fused. Cf. H. 237-242.[↩]
  3. ‘So sich bevorstehend sind in ihm alle Bezüge zu anderem Dasein gelöst.’[↩]
  4. ‘unbezügliche’. This term appears frequently throughout the chapter, and, as the present passage makes clear, indicates that in death Dasein is cut off from relations with others. The term has accordingly been translated as ‘non-relational’, in the sense of ‘devoid of relationships’.[↩]