cogito ergo sum

“cogito (ergo) sum”

GA2 33, 53, 61, 120, 279; SZ 24, 40, 46, 89, 211; GA5 108,110; GA6 81; GA6 113,117,131, 132, 139, 140, 142-8, 155, 156, 159-63, 167, 168, 390; GA17 132-1, 141, 229, 242, 244, 245, 256, 267, 268, 270, 273, 305, 312, 314; GA20 100, 210, 296, 437; GA21 86, 331; GA23 13, 117, 140, 197, 207, 229; GA24 93; GA32 192; GA41 98, 105, 107; GA43 97; GA45 149; GA46 126, 299, 309, 325, 366, 369; GA48 75, 160, 165, 187, 188, 190, 197, 201-7, 215-17, 219-21, 224, 225, 228, 236, 237, 240, 241, 243, 244, 248-20, 253-6; GA59 94; GA62 174; GA85 11; GA86 533, 727; GA87 71, 72, 253, 303, 305, 310, 313; GA89 138, 142. (HC)


Ao expor o seu cogito ergo sum, “penso, logo existo”, o maior erro de Descartes foi concentrar-se no cogito, no pensamento, e negligenciar o sum, o ser (GA20, 210), “’sum’ como afirmação da constituição básica do meu ser: eu-sou-no-mundo e é apenas por isso que eu posso pensar” (GA20, 296). (Heidegger em geral omite o ergo, “logo”: ele acredita não haver inferência envolvida neste caso.) Desta forma, Descartes deslizou sem dificuldade para a consideração do ego como uma res cogitans, uma “coisa pensante”, um ser-simplesmente-dado (Vorhandenheit) “sem mundo”, comparável, mas essencialmente distinto da res extensa(e), “coisa(s) extensa(s)”. Kant aceitou o cogito, mas rejeitou a inferência de que eu sou uma res cogitans. Não podemos inferir, da nossa experiência do “eu penso”, que o eu é uma substância, uma pessoa, simples e imortal (CRP, A 348ss, B 399). Mas com isso Kant também negligenciou o ser do “eu penso”, considerando o eu como um Subjekt (que, para Heidegger, ao contrário de Kant, tem significado e etimologia próximos aos de Substanz) “escorregou de volta para a mesma inadequada ontologia do substancial” (SZ, 319): “Pois o conceito ontológico do sujeito caracteriza não o ser si mesmo do eu como si mesmo, mas a mesmidade e subsistência (Beständigkeit) de algo que é sempre já simplesmente dado. (…) O ser do eu é compreendido como realidade da res cogitans” (SZ, 320). (DH)


Ergo, it is indifferent to the distinction of immanent and transcendent. (Kisiel; GA20TK:74)