Abgrund

Ab-grund
abîme (Fédier)

Quando Heidegger evoca em uma passagem de Beiträge zur Philosophie o caráter sempre mais abissal da questão do ser, não entende que o caminho trilhado por seu pensamento se perderia pouco a pouco no indeterminado obscuro de um «grande não sei quê». Certamente, diante do termo Abgrund, o leitor que representa sua tradução por abismo imagina a princípio o movimento de sossobrar em um fosso, com risco de retomar a ladainha de um Heidegger fortemente «irracional». Ora Abgrund significa outra coisa que a pura e simples ausência de fundo (Grundlosigkeit): aquilo que fala na palavra é uma transformação «de cabo a rabo» (von Grund aus) da relação do pensamento ao que ela pensa. (Fédier)


Abgrund (der): «abismo», «abismo sin fondo». No es un término frecuente en el joven Heidegger; de hecho, en Ser y tiempo — como comenta Volpi en el glosario anadido a la revisada traducción italiana de Pietro Chiodi — solo aparece una vez, si bien es cierto que a partir de ese momento irá adquiriendo una importancia creciente en sus escritos posteriores. En gran medida bajo la influencia de sus lecturas del misticismo de Jackob Böhme (Jacob Boehme) y del idealismo alemán a finales de los anos veinte y princípios de los anos treinta (donde cobra especial relevancia la figura de Schelling), el concepto de «abismo» (Abgrund, que a veces también se escribe con la grafia Ab-grund) se contrapone al de «fundamento» (Grund) para senalar que el ser sólo se puede pensar desde el abismo inicial y primigenio (Urgrund), es decir, como algo que no se fundamenta en nada previamente existente (Dios, idea, substancia, etcétera). Así, el ser — que emerge de esta nada primigenia — se convierte en condición de posibilidad de toda manifestación. (GA20, p. 420 (fundamento existenciario); SZ, pp. 188s.) (LHDF)


O mistério inerente na ocultação do ser inclui uma nuance de hesitação, recusa ou reserva. O mistério do ser previne o estabelecimento de um fundamento absoluto para as entidades, no sentido que a metafísica poderia designar para uma entidade suprema ou Deus. A recusa e o estar afastado de um fundamento também implica o papel que a ausência desempenha, assim como a presença, na determinação da dinâmica da temporalidade.

Quando confrontando o limiar da morte, o eu pode experienciar esta falta de fundamento como um abismo. Veja também «finitude». (HDHP)