Endlichkeit, finitude, finitude, finitud, τελειότης, Endlichsein, ser-finito, Verendlichung, finitização
Finitude não é nenhuma propriedade que se encontra apenas atrelada a nós. Ela é o modo fundamental de nosso ser (Grundart unseres Seins). Se quisermos vir a ser o que somos, não podemos abandonar essa finitude ou nos iludirmos quanto a ela. Muito ao contrário, precisamos protegê-la. Esta guarda é o processo mais interior de nosso ser-finito (Endlichsein); ou seja, nossa mais intrínseca finitização (Verendlichung). Finitude só é no interior da verdadeira finitização. Nesta finitização, contudo, consuma-se por fim uma singularização do homem em seu ser-aí (Dasein). Singularização (Vereinzelung) não diz, aqui, que o homem se calcifica em seu eu diminuto e ressequido, neste eu que se espraia junto a isto ou aquilo, que ele toma como sendo o mundo. Essa singularização descreve muito mais aquele ficar só, no qual todo e qualquer homem se vê pela primeira vez nas proximidades do que há de essencial em todas as coisas, nas proximidades do mundo. O que é esta solidão (Einsamkeit), na qual o homem sempre e a cada vez vem a ser como um único? (GA29-30MAC:7-8)
(FINITUDE E CORRELATOS->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=finit)
finitude (EtreTemps)
finiteness (BT)
NT: Finiteness, finitude (Endlichkeit), 93, 264, 329-331, 348, 384-386, 413, 424-425. See also Being-toward-the-end; Situation, boundary (BT)
Em SZ, “finitude”, Endlichkeit, refere-se invariavelmente e de maneira mais ou menos explícita, à morte, sendo, pois, finitude temporal. A finitude assombra toda a nossa existência: dasein “não tem um fim (Ende), no qual ele simplesmente para; Dasein existe finitamente” (SZ, 329). “O tempo originário é finito” (SZ, 331). O tempo infinito é “derivado” ou secundário; ao escrever Un-endlichkeit (in-finitude) e un-endlich (“in-finito”), Heidegger sugere que a infinitude (Unendlichkeit) seja posterior à finitude. (DH)
«Mais original que o homem é a finitude do Dasein nele» (GA65:300). A última secção de Kant e o problema da metafísica (GA3) reconcilia impacientemente no homem uma diferença que SZ tinha compreendido de forma prudente como uma distinção externa, na verdade uma oposição entre o homem da tradição e o ser-no-mundo (In-der-Welt-sein). O Dasein aparece de agora em diante como a essência íntima do homem, cujo ser verdadeiro é restabelecido. De 1929 até 1935, o regresso ao homem (Mensch) passa por uma fase transitória onde os dois termos Dasein e homem são conjugados em expressões tais como: «o Dasein no homem» (GA3:290), «o Dasein do homem historial» (GA40:169), o «Da-sein» (com um hífen) como «ser do homem»: «chamamos o ser do homem Dasein» (GA29-30:95). Esta recuperação demasiado rápida da essência verdadeira do homem participa da mesma «ingenuidade» do projecto contemporâneo da «ontologia fundamental» (Fundamentalontologie) ou da «metafísica do Dasein». A palavra metafísica (Metaphysik) significa de maneira ainda não pejorativa toda a interrogação relativa ao ser do ente (Sein des Seienden). O projecto da ontologia fundamental visa, com efeito, «fundar» a metafísica restituindo-lhe a essência esquecida do homem. O esquecimento do ser (Seinsvergessenheit) encontra-se reconduzido ao esquecimento da finitude do homem: finitude quer dizer temporalidade (Zeitlichkeit), compreensão do ser (Seinsverständnis), disposição afectiva (Befindlichkeit), ser-lançado (Geworfenheit), «decadência» (Verfallen). Trata-se de mostrar que a metafísica tradicional, ao desenvolver uma doutrina do ser do ente como presença (Anwesenheit) permanente, apenas perdeu de vista e traiu a finitude do Dasein. Uma vez acrescentada novamente esta peça que falta, a metafísica será de novo estabelecida sobre uma base sólida. Esta base sólida é o homem! A tradição insuficientemente desconstruída vinga-se impondo este novo antropocentrismo. É apoiando-se neste homem grego, anterior a Platão, neste homem exposto ao deinon, ao inquietante poder da physis, que Heidegger reencontrará uma via para um descentramento, desta vez decisivo. Cumpre-se a Viragem (Kehre): «É o próprio ser que lança o homem na via de um desprendimento que, forçando o homem a movimentar-se para lá de si mesmo como aquele que está sempre em marcha (der Ausruckender), o liga ao ser para o pôr em acção. (GA40:196) É o ser que lança e não a physis como natureza. Não há uma necessidade cega que persiga o homem para o arrancar ao seu acampamento, ao seu repouso numa natureza própria, mas a luz historial (geschilich) que lhe ordena o por a verdade em acção. O homem enquanto Ausruckender, o nunca instalado, nunca terá repouso. Será desapropriado, desfigurado, penetrado como a «brecha» em que o ser irrompe, «estranho na sua própria essência» (GA40:163). — Mas não sem essência.