Na operação dos chips aparece com toda a clareza desejável a oposição dos discursos técnico-científicos e dos percursos científico-técnicos a todos os demais discursos e percursos possíveis. A Essência técnica do conhecimento científico surge, então, como alavanca de Arquimedes, que desloca e empurra história abaixo a avalanche da informática. A técnica já não pode ser entendida como resultado de aplicação da ciência. Ao contrário, a ciência é que nasce estruturalmente, não decerto da técnica, mas do vigor, e vive na Essencialização da técnica. Nesta Essencialização se encontra: a ciência não é uma interpretação nem especulativa, nem contemplativa, nem reflexiva, nem transcendental da realidade. A ciência é técnica, um conjunto de práticas operatórias, tanto de natureza axiomática, como de natureza operacional, comprometidas com a transformação do real em objetividade e da objetividade em operatividade. O problema fundamental de todo este processo histórico relaciona-se com a composição 1. Trata-se de se decidir cada vez o que define concretamente o caráter técnico-científico de um conjunto de processos; o que distingue uma integração microeletrônica de qualquer outra composição; que funções contrapõem a razão e a lógica da ciência-técnica a outros possíveis usos da Razão e a outras formas lógicas de ação!
[CARNEIRO LEÃO, Emmanuel. Aprendendo a pensar. Volume II. Petrópolis: Vozes, 1991]