mónada

Monade

Já a palavra que Leibniz escolhe para identificar a substancialidade da substância é característica. A substância é mônada. A palavra grega monas significa: o simples, a unidade, o um, mas também: o separado, o solitário. Leibniz utiliza apenas a palavra mônada depois que sua metafísica da substância já tomara forma definitiva, a saber, desde 1696. O que Leibniz entende por mônada engloba como que em si todos os significados gregos fundamentais: a essência da substância consiste no fato de que ela é mônada. O ente propriamente dito possui o caráter de simples unidade do indivíduo separado. Antecipando: mônada é o elemento unificador simplesmente originário que previamente individualiza e separa.

De acordo com isto, deve-se reter, para a suficiente definição da mônada, um tríplice elemento: 1. As mônadas, as unidades, os pontos, não necessitam da união, mas são aquilo que dá unidade. São capazes de algo. 2. As unidades que dão união são elas próprias originariamente unificantes, de certa maneira ativas. Por isso é que Leibniz caracteriza estes pontos como vis primitiva, force primitive, força originária. 3. A concepção da mônada revela uma intenção metafísica, ontológica. Leibniz, por conseguinte, não designa também os pontos, pontos matemáticos, mas points métaphysiques, “pontos metafísicos” (Gerhardt IV, 482; Erdmann,126). Ainda são chamados “átomos formais”, não materiais; não são partes últimas e elementares da hyle, da matéria, mas o originário e inseparável princípio da formação, da forma, do eidos.

Cada ente separado se constitui como mônada. Leibniz diz (Gerh. II, 262): ipsum persistens… primitivam vim habet. Cada ente separado é dotado de força.

A compreensão do sentido metafísico da doutrina das mônadas depende da maneira exata como se compreende o conceito de vis primitiva.

O problema da substancialidade da substância deve ser solucionado positivamente, e este problema é para Leibniz um problema da unidade, da mônada. Deste horizonte de problemas de uma determinação positiva da unidade da substância, deve ser entendido tudo o que foi dito sobre a força e sua função metafísica. O caráter de força deve ser pensado a partir do problema da unidade que se esconde na substancialidade. [MHeidegger:203-204]