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Mas a superação da concepção transcendental do mundo não significa a supressão da capacidade projetiva do Dasein, mas antes a sua subordinação ao acontecimento primordial da abertura do mundo em que o Dasein se encontra. Para Heidegger, o problema não é tanto inverter o modo de pensar transcendental, atribuindo ao mundo o papel ativo que até então cabia ao Dasein, mas pensar na sua intimidade a identidade do mundo e do Dasein, de modo a que não haja duas instâncias separadas (…)
Responsáveis: João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
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Dastur (1998:125-127) – "mundo" logo após Ser e Tempo (2)
11 de dezembro, por Cardoso de Castro -
Dastur (1998:122-123) – "mundo" logo após Ser e Tempo
11 de dezembro, por Cardoso de Castrodetalhe
Em Sein und Zeit, o mundo é, de facto, descoberto pela primeira vez apenas como Umwelt quotidiano e no contexto de uma atitude específica em relação ao ente intramundano, a da preocupação (Besorgen), na qual Heidegger vê o conceito ontológico a partir do qual tanto o comportamento teórico como o prático podem ser compreendidos. É, no entanto, este último que constitui o modo primário de acesso ao ente intramundano, que não é, portanto, encontrado como algo meramente presente (…) -
Zimmerman (1982:231-233) – A liberdade não é um poder humano arbitrário
10 de dezembro, por Cardoso de Castrodestaque
Embora Heidegger tenha desenvolvido o conceito de Ereignis entre 1936 e 1938, as sementes desta ideia foram plantadas em Ser e Tempo e começaram a germinar no seu ensaio de 1930, "Sobre a Essência da Verdade". Aqui é-nos dito que a liberdade constitui a essência da verdade ou da revelação. A liberdade não é um poder humano arbitrário. Na sua obra posterior, Heidegger continuou a desenvolver a ideia de que a existência humana não é apenas para si própria, mas tem uma função (…) -
Zarader (1990:23-26) – Anfang - Beginn
10 de dezembro, por Cardoso de CastroJoão Duarte
Começo, origem: duas palavras cruciais, dizíamos. Mas duas palavras francesas. Heidegger escreve: Beginn, Anfang. De modo nenhum nos escapa que a palavra logicamente esperada no fim dos nossos desenvolvimentos precedentes, a palavra Ursprung, não pertence ao vocabulário heideggeriano. É por isso que muitos tradutores, e mesmo intérpretes de Heidegger, propõem traduzir a diferença Beginn-Anfang pela de «começo» e «início». Esta tradução dá conta do que está em jogo na (…) -
Zarader (1990:154-157) – Lógica
10 de dezembro, por Cardoso de CastroJoão Duarte
Desde sempre, a «lógica» apresenta-se como a «doutrina do pensamento correcto» que, enunciando as regras do comportamento pensante, determina o que deve ser o pensamento. Mas verificar, [204] sem mais, este parentesco de facto entre o pensamento e a lógica apenas pode conduzir a descrever a nossa história (admitida como evidente) e não a esclarecê-la (considerando-a como questão). Trata—se pois, para além da pura e simples verificação, de interrogar o parentesco sempre (…) -
Blattner (2006:76-84) – Humor/Disposição (Befindlichkeit)
9 de dezembro, por Cardoso de Castrodestaque
Assim, os estados de espírito [Befindlichkeit] (1) revelam importações, (2) funcionam como atmosferas, (3) revelam "como vamos levando", (4) são passivos, (5) têm objetos, e (6) co-constituem o conteúdo da experiência.
[…]
Assim, não só os estados de espírito e as emoções, mas também as sensibilidades e as virtudes (bem como os vícios), partilham algumas das características críticas em que Heidegger está interessado sob o título disposição e estado de espírito ou tonalidade (…) -
GA12:57-58 – melancolia da alma (Schwermut der Seele)
9 de dezembro, por Cardoso de CastroSchuback
A melancolia da alma só arde onde a alma se entrega à sua travessia pela vastidão mais vasta de sua essência viandante. Isso acontece ao visualizar de frente a face do azul e olhar o que dela brilha. Nesse olhar, a alma é a “alma grande”.
Ó dor, olhar inflamado Da alma grande!
A grandeza da alma mede-se pela maneira como o olhar consegue inflamar-se e pela qual a dor se torna familiar. A dor se deixa apropriar por uma essência invertida.
“Inflamando”, a dor dilacera. Seu (…) -
GA39:81-83 – luto (Trauer)
9 de dezembro, por Cardoso de Castrodestaque
[…] a superioridade íntima da tonalidade afetiva fundamental do luto. Porque essa sintonia torna indiferentes todas as muitas coisas insignificantes e mantém-se na intocabilidade de uma só coisa. E, no entanto, não se trata de uma espécie de retração ferida ou descontente; de uma rejeição vazia e desesperada; ou mesmo de obstinação. Pelo contrário, este luto originário é a superioridade lúcida da simples bondade de uma dor grave — uma tonalidade afetiva fundamental. Ela abre o (…) -
Haugeland (2013:121-124) – como não abordar o "quem"
9 de dezembro, por Cardoso de Castrodestaque
Uma compreensão do ser do dasein está incorporada no próprio modo de vida que o dasein é, e isso implica que aqueles que vivem desse modo partilham todos dessa compreensão pública, pelo menos inicialmente e normalmente. Mas isso não significa que não se trate de um mal-entendido. Muito pelo contrário: como se verá, os entendimentos públicos equivocados do dasein e do "eu-mim mesmo" são sempre mal-entendidos de certas formas específicas e não acidentais.
original
The very (…) -
Bret Davis (2007:5-9) – vontade
8 de dezembro, por Cardoso de Castrodestaque
[…] se quisermos seguir o caminho de Heidegger para repensar a vontade, temos de pôr em causa de forma mais radical o pressuposto tradicional de que a vontade é simplesmente uma "faculdade do sujeito". Para começar, e se fosse verdade o contrário — que a subjetividade é antes, por assim dizer, uma "faculdade da vontade"? E se a vontade estivesse subjacente ao sujeito, e não o contrário? Em outras palavras, e se fosse o caso de pensar em termos de um sujeito que possui (…)
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