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GA54:219-220 – teorético

O reconhecimento do ser, que brilha a partir do seu interior nos entes, significa em grego θέα. O olhar voltado para o captar no sentido de ver é, em grego, ὁράω. Reconhecer o olhar do encontro, em grego, θεάν — ὁρᾶν, significa θεοράω — θεωρεῖν, θεωρία. A palavra teoria significa, pensada simplesmente, a relação perceptiva do homem com o ser, uma relação que o homem não produz, em cuja relação, antes, o próprio ser somente coloca a essência do homem.

Na verdade, quando as épocas posteriores e também nós, atualmente, falamos de “teoria” e “teorético”, todo o primordial se torna esquecido. O “teorético” é uma composição representativa do sujeito do homem. O “teorético” é somente ainda o “simples teorético”. O “teorético” necessita, para se “confirmar na verdade”, ser então confirmado na “práxis”. Sem uma tal comprovação, uma relação com a “realidade” lhe é negada. Mesmo onde, dentro de certos limites, se reconhece um significado próprio ao teorético, calcula-se que um dia poderia vir a ser utilizável “praticamente”. Essa perspectiva de sua utilidade justifica o comportamento anterior, meramente “teorético”, como inevitável. O prático, isto é, o sucesso e a produtividade (der Erfolg und die Leistung), é a medida e a justificativa do teorético. Já há quatro décadas os americanos estabeleceram esta doutrina como a filosofia do “pragmatismo”. Através desta “filosofia” o Ocidente não será nem redimido, nem salvo. Os gregos, porém, que são unicamente os custódios do começo do Ocidente, experimentaram, imediatamente, na θεωρία, a relação essencial com os θεάοντες, com ο θειον e com o δαιμόνιον. Por isso os gregos não necessitam calcular primeiro um “valor” prático em relação à θεωρία para “confirmá-la na verdade” e justificá-la diante da suspeita de um “simples” “teorético”, o qual foi rebaixado para algo “simplesmente abstrato” e corre como um horror. Com um tal distanciamento do “teorético” como “do abstrato” distanciamento da θέα, da vista do ser, podemos ainda nos admirar acerca do “ateísmo”, que circula não apenas entre os “livre-pensadores”, mas, também, no “movimento ateísta”?

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