GA14 – verdade do ser
Wahrheit des Seins
Mostra-se o caráter de subtração já na problemática de Ser e Tempo? Para verificá-lo, deve penetrar na intenção primária desta obra, ou melhor, no significado que possui o tempo na questão do sentido do ser. O tempo que, em Ser e Tempo, é posto como o sentido do ser, não é aí ainda uma resposta, um último apoio para o questionamento, mas antes o nomear de uma questão. O nome “tempo” é o pré-nome para aquilo que mais tarde passou a ser denominado “a verdade do ser”. (MHeidegger: GA14)
O esquecimento do ser que se mostra como um não-pensar na verdade do ser pode ser facilmente interpretado como uma negligência do pensamento em voga até hoje e, portanto, mal-entendido; ou ser, em todo caso, interpretado como algo a que se pode pôr um fim, assumindo de maneira expressa e realizando a questão do sentido, quer dizer, da verdade do ser. O pensamento heideggeriano poderia ser compreendido - e Ser e Tempo parece sugeri-lo ainda - como a preparação e a abertura do fundamento em que residiu a base de toda metafísica inacessível a ela própria, de maneira que assim o esquecimento do ser até agora reinante possa ser suprimido e extinto. Entretanto, para a compreensão correta, importa aceitar que o não-pensar, até agora imperante, não é resultado de uma negligência, mas que deve ser pensado como consequência do velar-se do ser. O velamento do ser faz parte - como sua privação - da clareira do ser. O esquecimento do ser, que constitui a essência da metafísica e que se tornou o elemento propulsor para Ser e Tempo, faz parte do próprio modo de acontecer o ser. Com isto se impõe a um pensamento que pensa o ser a tarefa de pensar o ser tal maneira que o esquecimento do ser dela faça parte essencial. (MHeidegger: GA14)
Na segunda parte do relógio, foram mencionados alguns dos malentendidos mais grosseiros que o pensamento de Heidegger suscitou na França. Na Lógica de Hegel, o ser é mediado, como o imediato, para dentro da essência enquanto verdade do ser. É este caminho do ser para a essência e da essência para o conceito; é este caminho para dentro da verdade do ser, introduzido desde o início como o imediato, o mesmo, ou, em todo caso, comparável à questão do ser desenvolvida em Ser e Tempo? Onde se pode fixar a diferença radical? (MHeidegger: GA14)
