Um projeto da essenciação do seer como o acontecimento apropriador precisa ser ousado porque não conhecemos a missão de nossa história. GA65 (Casanova): 5
E repensar plenamente essa distância mesma em sua essenciação como o tempo-espaço da suprema decisão significa questionar acerca da verdade do seer, acerca do próprio acontecimento apropriador, do qual toda história futura provém, se é que ainda haverá história. GA65 (Casanova): 7
Essa apropriação sobre-apropriada em meio ao acontecimento é o acontecimento apropriador, no qual a verdade do seer é fundada como ser-aí (o homem transformado, voltado para a decisão do ser-aí e ser-se-ausentando) e a história toma o seu outro início a partir do seer. GA65 (Casanova): 7
O acontecimento apropriador é o entre no que concerne ao passar ao largo do deus e à história do homem. GA65 (Casanova): 7
Passar ao largo não é história e história não é acontecimento apropriador, assim como acontecimento apropriador não é passar ao largo, e, contudo, todos os três (se é que temos o direito de rebaixá-los em geral ao nível do numerável) só são experimentados e re-pensados em suas referências, isto é, só a partir do próprio acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 7
Esse acontecimento emerge do acontecimento apropriador e se torna um sítio instantâneo possível para a decisão sobre o homem – sua história ou não história como sua transição para o ocaso. GA65 (Casanova): 11
10) O acontecimento apropriador e o ser-aí estão em sua essência, isto é, em sua pertinência enquanto fundamento da história, ainda completamente velados e permanecerão por um longo tempo causando estranhamento. GA65 (Casanova): 11
O acontecimento apropriador é a própria história originária, com o que poderia estar insinuado que aqui em geral a essência do seer é concebida “historicamente”. GA65 (Casanova): 12
O outro início precisa ser provocado completamente a partir do seer como acontecimento apropriador e a partir da essenciação de sua verdade e de sua história. GA65 (Casanova): 23
E isto acontece, conquista e perde a história na o-cupação insistente, que pertence de antemão ao acontecimento apropriador, mas que só sabe muito pouco algo sobre esse pertencimento. GA65 (Casanova): 32
História, porém, concebida como a contestação da contenda de terra e mundo, assumida e realizada a partir do pertencimento ao clamor do acontecimento apropriador como a essenciação da verdade do seer na figura do último deus. GA65 (Casanova): 45
Como, porém, no outro início, o seer se torna acontecimento apropriador, a ressonância do seer também precisa ser história, atravessar a história em um abalo essencial e poder dizer e saber ao mesmo tempo o instante dessa história. ( GA65 (Casanova): 51
O encontrar o caminho que leva de uma à outra entre maquinação e vivência encerra em si um acontecimento apropriador único no interior da história velada do seer. GA65 (Casanova): 68
Não conseguimos conceber o que se encontra aí resolvido, enquanto a verdade do seer não se transformar para nós na questão necessária, enquanto não fundarmos o campo de jogo temporal, em cujas extensões se pode mensurar pela primeira vez o que aconteceu apropriadoramente na história da metafísica: a preliminar do acontecimento apropriador ele mesmo como a essenciação do seer. GA65 (Casanova): 86
Pois o pensar não tem mais o favor do “sistema”, ele é histórico no sentido único de que o seer mesmo suporta pela primeira vez como acontecimento apropriador toda história e, por isso, nunca pode ser alcançado pelo cálculo. GA65 (Casanova): 125
O mundo é mais elevado do que o apenas “criado”, porque formador de história e, assim, o mais imediatamente próximo do acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 152
Passar ao largo, acontecimento apropriador e história também não podem ser pensados jamais como tipos de “movimentos”, porque movimento (mesmo pensado como metabole) permanece sempre ligado ao ón enquanto ousia, a cuja ligação também pertencem dynamis e energeia, assim como os seus descendentes posteriores. GA65 (Casanova): 157
A essência mais profunda da história se baseia concomitantemente no fato de que o acontecimento da apropriação, acontecimento esse que abre o fosso abissal (que funda a verdade), deixa emergir pela primeira vez aqueles que, precisando uns dos outros, só se voltam uns para os outros e se desviam uns dos outros no acontecimento apropriador da viragem. GA65 (Casanova): 190
Quando e como é que pela última vez de maneira fundamental e com a postergação de tudo aquilo que foi até aqui corrente e acidental o sítio instantâneo para a verdade do seer foi inquirido de maneira pensante e a sua fundação foi preparada? O que se obtém para a resposta a essa questão por meio da meditação sobre as posições metafísicas fundamentais no interior da história da resposta à questão diretriz? O tempo-espaço precisa ser desdobrado em sua essência como o sítio instantâneo do acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 200
O que precisa ser distinto de antemão é: 1) A história que essencialmente foi de topos e kronos no interior da interpretação do ente como physis com base na aletheia não desdobrada; 2) O desdobramento de espaço e tempo a partir do tempo-espaço expressa e originariamente concebido enquanto a partir do abismo do fundamento no interior do pensar do outro início; 3) O apoderamento do tempo-espaço como essenciação da verdade no interior da fundação por vir do ser-aí através do abrigo da verdade do acontecimento apropriador no ente que se reconfigura por meio daí; 4) A clarificação propriamente dita, a dissolução ou o afastamento das dificuldades, que envolveram desde sempre na história do pensamento até aqui aquilo que se conhece como espaço e tempo; por exemplo, a questão acerca da “realidade efetiva” do espaço e do tempo; acerca de sua “infinitude”, acerca de sua relação com as “coisas”. GA65 (Casanova): 242
Do acontecimento apropriador no qual esse pertencimento se funda historicamente emerge pela primeira vez a fundamentação da razão pela qual “vida” e corpo, geração e gênero, estirpe, dito na palavra fundamental: a terra, pertencendo à história e recolhendo ao seu modo em si uma vez mais a história, e, em tudo isso, sendo útil à contenda entre terra e mundo, é sustentada pelo mais íntimo pudor de ser a cada vez algo incondicionado. GA65 (Casanova): 251
No entanto, se um homem pode dominar as duas coisas, o suportar da ressonância do acontecimento apropriador como recusa e a execução da transição para a fundação da liberdade do ente enquanto tal, para a renovação do mundo a partir da salvação da terra, quem poderia decidir e saber sobre isso? E, assim, restam com certeza aqueles que se consomem em tal história e em sua fundação, sempre cindidos uns dos outros, o ápice das montanhas mais isoladas. GA65 (Casanova): 256
Aquele pertencimento ao seer e essa necessidade do seer desentranham pela primeira vez o seer em seu encobrir-se como aquele ponto central marcado pela viragem, no qual o pertencimento ultrapassa a necessidade e a necessidade prepondera sobre o pertencimento: o seer como acontecimento apropriador, que acontece a partir desse excesso revirado de si mesmo e, assim, se torna a origem da contenda entre o deus e o homem, entre o passar ao largo do deus e a história do homem. GA65 (Casanova): 256
Pois esse questionamento é histórico porque, nele, a história do seer mesmo enquanto a história do fundamento mais abissal e único da história se transforma no acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 259
Esse incalculável, porém, não é considerado pela meditação como um “erro” e um “descaso” que não precisaria ser senão lastimado, mas como história, cuja “realidade efetiva” ultrapassa essencialmente tudo o que de resto se mostra como “real e efetivo”; razão pela qual essa história é reconhecida pelos pouquíssimos, e, entre esses, concebida apenas pelos mais raros como o acontecimento apropriador que já se abre, no qual o ente na totalidade chega à decisão de sua verdade. GA65 (Casanova): 261
Pois o lance para fora como jogado já era outrora, apesar de ainda completamente velado, acontecimento apropriador (origem da história). GA65 (Casanova): 263
Desde então, todo pensamento que visa à entidade a partir do ente e para além dele permanece fora da história, na qual o seer enquanto acontecimento apropriador se apropria do pensar em meio ao acontecimento sob a figura do que é consonante com o ser-aí e do que lhe pertence. GA65 (Casanova): 265
Com o projeto do seer como acontecimento apropriador também se pressente pela primeira vez o fundamento e, com isso, a essência e o espaço essencial da história. GA65 (Casanova): 268
6) O homem, nem “sujeito”, nem “objeto” da “história”, mas apenas o ente mobilizado pelo vento da história (acontecimento apropriador) e arrastado concomitantemente para o interior do seer, pertencente ao seer. GA65 (Casanova): 272
O seer como acontecimento apropriador é a história; a partir daqui, sua essência precisa ser determinada independentemente da representação do devir e do desenvolvimento, independentemente da consideração e explicação historiológicas. GA65 (Casanova): 273
Preservação do seer (preservação em termos da história dotada do caráter do acontecimento apropriador). GA65 (Casanova): 275