====== GA65 – verdade ====== Na execução de seu desdobramento determina-se a essência do que denominamos aí “sentido”; determina-se o lugar em que a pergunta se retém como meditação, o que ela abre como pergunta: a abertura para o encobrir-se, isto é, a **verdade**. GA65 (Casanova): 4 Que dizer realiza o mais elevado silenciamento pensante? Que procedimento efetua mais prontamente a meditação sobre o seer? O dizer da **verdade**; pois ele é o entre para a essenciação do seer e a entidade do ente. GA65 (Casanova): 5 Como no conhecimento filosófico tudo é a cada vez e ao mesmo tempo transposto extasiadamente – o ser humano em seu estar aprumado na **verdade**, essa **verdade** mesma e, com isto, a ligação com o seer – e como uma representação imediata de algo presente nunca é possível, o pensar da filosofia permanece estranho. GA65 (Casanova): 5 Pois sempre se precisa iniciar uma vez mais com o seer e com a sua **verdade**. GA65 (Casanova): 5 Nós já nos movimentamos, apesar de em um primeiro momento apenas transitoriamente, em uma outra **verdade** (na essência transformada e mais originária de “verdadeiro” e “correto”). GA65 (Casanova): 5 Mais fácil do que outros, o poeta encobre a **verdade** na imagem e a doa assim à visão para a conservação. GA65 (Casanova): 5 No ser-aí e enquanto ser-aí acontece apropriadoramente para o seer a **verdade**, que ele mesmo revela como a recusa, como aquela região do aceno e da subtração – do silêncio – nos quais se decidem pela primeira vez a chegada e a fuga do último deus. GA65 (Casanova): 5 A longa cristianização de deus e a crescente publicização de toda e qualquer ligação afinada com o ente soterraram de maneira igualmente tenaz e velada as condições prévias, graças às quais algo se encontra na distância da indecidibilidade sobre a fuga ou a chegada do deus, indecidibilidade essa cuja essenciação, todavia, é experimentada da maneira mais íntima possível; e isso por um saber, naturalmente, que só se encontra na **verdade** como algo criador. GA65 (Casanova): 7 Nessa **verdade** abre-se pela primeira vez a indigência do abandono do ser. GA65 (Casanova): 8 Essa viragem só conquista sua **verdade**, na medida em que ela é contestada enquanto contenda entre mundo e terra e, assim, em que o verdadeiro é coberto no ente. GA65 (Casanova): 8 O seer se essencia na **verdade**; clareira para o encobrir-se. GA65 (Casanova): 9 A **verdade** como essência do fundamento: fundamento – o em que fundado (não o de onde enquanto causa). GA65 (Casanova): 9 A essenciação é garantida e abrigada na **verdade**. GA65 (Casanova): 10 A **verdade** acontece como o encobrimento clareador. GA65 (Casanova): 10 O tempo-espaço é, enquanto junção da **verdade**, originariamente o sítio instantâneo do acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 10 Ainda permanece de fora a profundidade da experiência da **verdade** que lhes satisfazem e a meditação sobre o seu sentido: a força da decisão elevada. GA65 (Casanova): 11 A questão é: historicamente com certeza, mas não se valendo de um conceito de história, senão historicamente porque agora a essência do seer não significa apenas a presentidade, mas a plena essenciação do a-bismo tempo-espacial e, com isto, da **verdade**. GA65 (Casanova): 12 A retenção é a prontidão mais intensa e ao mesmo tempo mais terna do ser-aí para a apropriação em meio ao acontecimento, o ser jogado no encontrar-se-em propriamente dito na **verdade** da viragem para o cerne do acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 13 O questionamento acerca da **verdade** é o salto para o interior de sua essência e, com isto, para o interior do seer mesmo. GA65 (Casanova): 16 A filosofia é uma junção fugidia no ente como a disposição, que se ajunta ao seer, sobre a sua **verdade**. GA65 (Casanova): 16 3) O fato de nós, supondo que tenha sucesso um pensar essencial, não termos ainda a força para nos abrirmos para a sua **verdade**, porque pertence a tal força uma posição hierárquica própria da existência. GA65 (Casanova): 18 Só quem concebe o fato de que o homem precisa fundar historicamente a sua essência por meio da fundação do ser-aí, o fato de que a insistência da pendência do ser-aí não é outra coisa senão a moradia no tempo-espaço daquele acontecimento, que acontece apropriadoramente como a fuga dos deuses; só quem recolhe de maneira criadora a consternação e a animação do acontecimento apropriador na retenção como tonalidade afetiva fundamental, consegue pressentir a essência do ser e preparar em tal meditação a **verdade** para o futuro verdadeiro. GA65 (Casanova): 19 Não querer questionar essa questão significa: ou bem se desviar da **verdade** questionável sobre o homem, ou bem difundir a convicção de que já se encontra para toda a eternidade decidido quem nós somos. GA65 (Casanova): 19 O que e quem “é” o projetista é algo que só se torna tangível a partir da **verdade** do projeto; mas, ao mesmo tempo, também se torna velado a partir dai. GA65 (Casanova): 21 O outro início precisa ser provocado completamente a partir do seer como acontecimento apropriador e a partir da essenciação de sua **verdade** e de sua história. GA65 (Casanova): 23 Precisamente essa experiência pressupõe que o ser humano histórico se saiba exposto em meio ao ente, que é abandonado pela **verdade** de seu ser. GA65 (Casanova): 24 A historicidade aqui concebida como uma **verdade**, um encobrimento clareador do ser enquanto tal. GA65 (Casanova): 25 Aqui temos ao mesmo tempo uma **verdade**, na qual a essência do seer é pressentida: a abertura de um fosso abissal que se essencia no seer em meio à mais elevada unicidade e à mais rasa vulgarização. GA65 (Casanova): 25 O saber da recusa (ser-aí como renúncia) desdobra-se como a longa preparação da decisão sobre a **verdade**, sobre se essa **verdade** é capaz de se tornar uma vez mais senhora do verdadeiro (isto é, do correto) e, assim, se ela é medida por aquilo que cai sob ela, se a **verdade** não permanece apenas a meta do conhecimento técnico-prático (um “valor” e uma “ideia”), mas se transforma ela mesma na fundação da insurreição da recusa. GA65 (Casanova): 26 O ponto de partida dos muitos e a referência fundamental a ele é decisiva e, de início, mesmo no interior do ponto de vista da consciência, de tal modo que ele é o “em face de que”, sem propriamente ser determinado e fundamentado de antemão propriamente em sua **verdade**. GA65 (Casanova): 27 Essa **verdade** deve ser primeiro fundamentada pelo “universal”. GA65 (Casanova): 27 De início, o caráter paradigmático pode ser indicado por meio da ligação, que todo e qualquer conceito de ser enquanto conceito, isto é, em sua **verdade**, tem com o ser-aí e, com isto, com a insistência do homem histórico. GA65 (Casanova): 27 Um pensar que se acha fora desse âmbito tanto quanto da determinação correspondente da **verdade** enquanto certeza é, por isto, essencialmente sem sistema, a-sistemático; com isto, contudo, ele não é arbitrário e confuso. GA65 (Casanova): 28 Aqui, algo só é imponente porque a pretensão de **verdade** se satisfaz com a correção da dedução e com a adaptação a uma ordem dirigida e calculável. GA65 (Casanova): 28 Enquanto certeza crescida, o estilo é a lei de realização da **verdade** no sentido do abrigo no ente. GA65 (Casanova): 31 E isto porque a arte, por exemplo, é o pôr-em-obra da **verdade** e porque, na obra, o abrigo em si mesmo chega a se aprumar em relação a si mesmo. GA65 (Casanova): 31 Importante é vislumbrar e perseguir de antemão a ligação entre ser e **verdade**, assim como, a partir daí, tempo e espaço estão fundados em seu pertencimento originário, apesar de toda estranheza. GA65 (Casanova): 32 Verdade é encobrimento clareador, que acontece como deslocamento extasiante e fascinante. GA65 (Casanova): 32 Esses dois deslocamentos, em sua unidade tanto quanto em sua medida excessiva, fornecem o aberto recolocado para o jogo do ente, que se torna sendo no abrigo de sua **verdade** como coisa, utensílio, maquinação, obra, feito, sacrifício. GA65 (Casanova): 32 Aquilo que sobre a **verdade** foi vez por outra insinuado em relação ao ensaio sobre a obra de arte e concebido como “instituição” já é a consequência do abrigo, que guarda propriamente o que é clareado e velado. GA65 (Casanova): 32 Ao contrário, “retomada” significa aqui deixar o mesmo, a unicidade do seer, se tornar uma vez mais e, com isso, a partir de uma **verdade** mais originária, o necessário e urgente. “ GA65 (Casanova): 33 Inversamente: tudo aquilo que só é pensado de início e em meio à necessidade na transição da questão diretriz desdobrada para a questão fundamental sobre o seer e inquirido como caminho para a **verdade** (o desdobramento do ser-aí), tudo isto nunca pode ser traduzido no deserto sem chão de uma “ontologia” e de uma “doutrina das categorias” até aqui. GA65 (Casanova): 34 “Tempo” é em Ser e tempo a indicação e a ressonância daquilo que acontece como **verdade** da essenciação do seer na unicidade do acontecimento da apropriação. GA65 (Casanova): 34 Em contrapartida, se perguntarmos sobre o seer, então o ponto de partida não se dará aqui a partir do ente, isto é, a partir a cada vez desse ou daquele ente, também não a partir do ente enquanto tal na totalidade, mas realizará o salto para o interior da **verdade** (clareira e encobrimento) do seer mesmo. GA65 (Casanova): 34 Aqui se experimenta e se inquire ao mesmo tempo esse elemento que de antemão se essencia (e que reside abscondito mesmo na questão diretriz), a abertura para a essenciação enquanto tal, isto é, a **verdade**. GA65 (Casanova): 34 Aqui se questiona concomitantemente a questão prévia acerca da **verdade**. GA65 (Casanova): 34 O seer como o fundamento, no qual todo ente primeiramente enquanto tal chega à sua **verdade** (abrigo, instituição e objetividade); o fundamento, no qual o ente mergulha (abismo), o fundamento, no qual ele também se atreve a se lançar em sua indiferença e obviedade (não fundamento). GA65 (Casanova): 34 Será que essa **verdade** pode ser em geral dita de maneira imediata, uma vez que toda linguagem é de qualquer modo linguagem do ente? Ou será que pode ser inventada uma nova linguagem para o seer? Não. GA65 (Casanova): 36 Ela busca a **verdade** da essenciação do seer e essa **verdade** é o velamento que ressoa e nos fornece um aceno (o mistério) para o acontecimento apropriador (a renúncia hesitante). GA65 (Casanova): 37 Pois todo dizer vem do seer e fala a partir de sua **verdade**. GA65 (Casanova): 37 A experiência fundamental não é o enunciado, a sentença e, de acordo com isso, o princípio, seja ele “matemático” ou “dialético”, mas o manter-em-si da retenção contra o recusar-se hesitante na **verdade** (clareira do encobrimento) da indigência, da qual emerge a necessidade da decisão. GA65 (Casanova): 38 3) A tentativa precisa ter clareza quanto ao fato de que as duas, estrutura armada conjunta e disposição, permanecem uma junção livre e fugidia do próprio seer, do aceno e da retração de sua **verdade**, algo não passível de ser imposto. GA65 (Casanova): 39 Por isto, o caminho mesmo se torna com certeza cada vez mais essencial, não como “desenvolvimento pessoal”, mas como o empenho visado de maneira completamente não biográfica do homem por trazer o seer mesmo no ente à sua **verdade**. GA65 (Casanova): 42 Pela primeira vez acontece isso como o pensar de Nietzsche; e o que vem ao nosso encontro aí como “psicologia”, como autodecomposição, dissolução e “Ecce homo”, com todo o elemento contemporâneo daquele tempo desértico, tem sua **verdade** propriamente dita como história do pensar, que em Nietzsche ainda busca primeiramente o a pensar e encontra-o ainda na esfera do modo de questionamento metafísico (vontade de poder e eterno retorno do mesmo). GA65 (Casanova): 42 O perigo de interpretar equivocadamente Ser e tempo nessa direção “antropológico”-“existenciária”, de ver os nexos entre caráter resoluto – **verdade** – ser-aí a partir da resolução visada moralmente, ao invés de, inversamente, a partir do fundamento vigente do ser-aí, a **verdade** como abertura, conceber o caráter resoluto como a espacialização temporalizante do campo de jogo temporal do seer, esse perigo é natural e é intensificado por aquilo que em muitos aspectos se encontra indomado em Ser e tempo. GA65 (Casanova): 43 O longo hábito, não apenas moderno, de uma visão de primeiro plano do homem (como animal rationale) em todo o pensar ocidental torna difícil dizer palavras e conceitos dotados de um conteúdo antropológico-psicológico aparentemente fixo a partir de uma **verdade** completamente diversa e para a fundação dessa **verdade**, sem ir ao encontro dessa interpretação antropológica falsa e de sua réplica cômoda, segundo a qual justamente tudo seria “antropológico”. GA65 (Casanova): 43 Todas essas decisões, que são ao que parece muitas e diversas, se reúnem em uma e única: saber se o seer se retrai definitivamente ou se essa retração se torna enquanto recusa a primeira **verdade** e o outro início da história. GA65 (Casanova): 44 Pois já se pressupõe aqui uma vez mais um conceito de “realidade efetiva” e já se subsume esse conceito ao seer como critério de medida, enquanto o seer não empresta apenas, contudo, ao ente o que ele é, mas desdobra antes de tudo para si mesmo a partir de sua essência a **verdade** que lhe é apropriada. GA65 (Casanova): 44 O saber sobre o constante ser pensado do raro pertence à vigília para o seer, cuja essência enquanto a **verdade** mesma irradia no escuro de sua própria ardência. GA65 (Casanova): 44 Eles criam, assim, a possibilidade essenciante para os diversos abrigos da **verdade**, abrigos esses nos quais o ser-aí se torna histórico. GA65 (Casanova): 45 5) Esse povo é em sua origem e em sua determinação unicamente de acordo com a unicidade do próprio seer, cuja **verdade** ele tem de fundar uma única vez junto a um único sítio em um único instante. GA65 (Casanova): 45 A decisão é tomada em silêncio, não como resolução, mas como um caráter resoluto, que já funda a **verdade**, isto é, que já recria o ente e, assim, se mostra como decisão criadora ou como atordoamento. GA65 (Casanova): 46 Como o seer é nulo, ele precisa para a consistência de sua **verdade** da subsistência do não e, com isso, ao mesmo tempo do contra tudo o que é nulo, o não-ente. GA65 (Casanova): 47 A **verdade** mesma, contudo, já é o que precisa ser decidido enquanto tal. GA65 (Casanova): 47 O peso do pensamento é diverso no outro início da filosofia: o re-pensar daquilo que acontece apropriadoramente como o próprio acontecimento apropriador, trazendo o seer para a **verdade** de sua essenciação. GA65 (Casanova): 51 No interior da maquinação, não há nada digno de questão, algo tal que pudesse ser honrado enquanto tal e honrado sozinho, e, com isso, iluminado e elevado ao nível da **verdade**. GA65 (Casanova): 51 O homem é, assim, superofuscado pelo elemento maquinal-objetual, de tal modo que o ente já se lhe subtrai; tanto mais ainda o seer e sua **verdade**, na qual originariamente pela primeira vez todo ente precisa emergir de maneira nova e causar estranheza, para que o criar acolha seus grandes impulsos, a saber, para a criação. GA65 (Casanova): 52 Será que tal compulsão ainda tem como nos (quem?) acometer? Ela não precisaria ter por meta uma transformação completa do homem? Ela poderia ser algo menos do que o incontornável do mais elevadamente estranho? Ao abandono do ser pertence o esquecimento do ser e, do mesmo modo, a decomposição da **verdade**. GA65 (Casanova): 54 Nela vige como **verdade** intocável sobre o seer o seguinte: 1) Sua universalidade (o “que há de mais geral”, cf idea – koinon – gene); 2) Seu caráter corrente (inquestionado, uma vez que contém o que há de mais vazio e nada questionável). GA65 (Casanova): 56 O velamento desse desenraizamento por meio do encontrar a si mesmo que se inicia de maneira supostamente nova do homem (Modernidade); esse encobrimento banhado no brilho do e intensificado pelo progresso: descobertas, invenções, indústria, máquina; ao mesmo tempo a massificação, a negligência, a desertificação, tudo como desatrelamento do fundamento e das ordens; o desenraizamento, porém, como o mais profundo velamento da indigência, a falta de força para a meditação, a impotência da **verdade**; o pro-gresso em direção ao não ente como abandono crescente do seer. GA65 (Casanova): 56 Trata-se do longo tempo, no qual a **verdade** hesita entregar a sua essência à claridade. GA65 (Casanova): 57 A longa hesitação da **verdade** e das decisões é uma recusa da via mais curta e dos maiores instantes. GA65 (Casanova): 57 Assim, insere-se uma terceira lei: quanto mais incondicionadamente a vivência se mostra como medida da correção e da **verdade** (e, com isso, da “realidade efetiva” e da constância), tanto mais sem perspectivas se torna o fato de que, a partir daí, se realize um conhecimento da maquinação enquanto tal. GA65 (Casanova): 61 E o eterno – esse eterno – como é que ele não deveria ser o essencial? Mas se ele é o essencial, o que consegue ainda ser chamado contra ele? Será que há alguma forma de resguardar melhor a nulidade do ente e o abandono do ser sob a máscara da “verdadeira realidade efetiva” do que por meio da maquinação e da vivência? O que é vivência? Em que medida a certeza do eu (prelineada em uma interpretação determinada da entidade e da **verdade**). GA65 (Casanova): 66 Essa é a denominação de uma **verdade** determinada do ente (de sua entidade). GA65 (Casanova): 67 O passo de Descartes já é uma primeira e decisiva consequência, por meio da qual a maquinação conquista o domínio como a **verdade** transformada (correção), a saber, como certeza. GA65 (Casanova): 67 Os dois nomes designam a história da **verdade** e da entidade como a história do primeiro início. GA65 (Casanova): 67 Será que o que há de mais extremo e mais oposto é, com isso, reconhecido em seu pertencimento, em um pertencimento que indica ele mesmo pela primeira vez aquilo que nós ainda não concebemos porque a **verdade** desse verdadeiro ainda não foi fundada? Mas nós podemos meditar sobre esse elemento de pertença e aí sempre permanecer cada vez mais distantes de todo e qualquer tipo de análise “situacional” autoembasbacada. GA65 (Casanova): 68 Como é, porém, que esse abandono do seer pode chegar a ganhar o espaço do conhecimento e a se decidir, se já aquilo que Nietzsche experimentou e pensou integralmente pela primeira vez como niilismo permaneceu até agora inconcebido e, antes de tudo, não nos coagiu à meditação? Tomou-se conhecimento da “teoria” nietzschiana sobre o “niilismo” como uma psicologia da cultura interessante, mas antes disso as pessoas fizeram o sinal da cruz diante de sua **verdade**, isto é, elas mantiveram aberta ou tacitamente essa **verdade** afastada do corpo como algo diabólico. GA65 (Casanova): 72 Ao mesmo tempo, a subespécie que se firmou na ciência, a subespécie da aparência de saber (como resguardo da **verdade**), precisa se tornar clara e a ciência precisa ser perseguida até as instituições e os estabelecimentos de funcionamento que pertencem necessariamente à sua essência maquinal (a “universidade” atual). GA65 (Casanova): 73 A meditação não é válida inteiramente para uma descrição e uma clarificação dessas ciências, mas para a solidificação realizada através delas e nelas do abandono do ser, em suma, da ausência de **verdade** de toda ciência. GA65 (Casanova): 73 Como meditação, porém, ela também não é nenhuma mera descrição de um estado presente à vista, mas a exposição de um processo, na medida em que esse processo conflui para uma decisão sobre a **verdade** da ciência. GA65 (Casanova): 75 23) no sentido da fundação e da conservação de uma **verdade** essencial. GA65 (Casanova): 76 A ciência é uma instituição derivada de um saber, isto é, a abertura maquinacional de uma esfera de correções no interior da região de uma **verdade** de resto velada, que não é de modo algum questionável para a ciência (sobre a “natureza”, a “história”, o “direito”, por exemplo). GA65 (Casanova): 76 Os resultados e até mesmo o seu caráter imediata e inteiramente próprio para a utilização asseguram a correção da investigação, correção científica essa que é considerada como a **verdade** de um saber. GA65 (Casanova): 76 A “organização” “popular” “da” ciência movimenta-se pela mesma via que a organização “americanista”, a questão é apenas de que lado os meios e as forças maiores são colocados para a disposição mais rápida e plena, a fim de sair à caça da essência inalterada e também inalterável por si da ciência moderna, indo ao encontro de seu estado final extremo, uma “tarefa” que pode precisar ainda de séculos e que exclui de maneira cada vez mais definitiva toda e qualquer possibilidade de uma “crise” da ciência, isto é, de uma transformação essencial do saber e da **verdade**. GA65 (Casanova): 76 A filosofia, compreendida aqui apenas como meditação pensante sobre a **verdade**, isto é, sobre a questionabilidade do seer, não como erudição historiológica capaz de fabricar “sistemas”, não tem na “universidade” e na instituição funcional na qual ela se transformará simplesmente nenhum lugar. GA65 (Casanova): 76 A transição cinde a emergência do seer e a fundação de sua **verdade** na existência de toda ocorrência e apreensão do ente. GA65 (Casanova): 89 Mas, no âmbito da representação e da “valoração” representativa, a concordância e a recusa são a única forma do sim e do não? Será que, em geral, aquele âmbito é o único e o essencial ou será que, como toda correção, ele também provém da **verdade** mais originária? E o sim e o não – e esse de maneira mais originária do que aquele – não são uma posse essencial do próprio ser? Ora, mas o “não” (e o sim) não precisaria ter a sua figura essencial no ser-aí usado pelo seer? O não é o grande salto livre, no qual o aí é arrancado em meio a um salto no ser-aí. GA65 (Casanova): 90 Se buscarmos a história da filosofia efetivamente no acontecimento do pensar e de seu primeiro início e se mantivermos aberto esse pensar em sua historicidade por meio do desdobramento da questão diretriz não desdobrada através de toda essa história até Nietzsche, então o movimento interno desse pensar, apesar de só ser retido por meio de fórmulas, por meio de passos e níveis particulares, pode ser retido: A experiência e a apreensão e reunião do ente em sua **verdade** solidificam-se na questão acerca da entidade do ente a partir do fio condutor e da antecipação do “pensar” (enunciar apreendedor). GA65 (Casanova): 91 Ao contrário, o que se tornou questão foi aquilo que não podia se tornar questão no primeiro início, a **verdade** ela mesma. GA65 (Casanova): 91 O outro início é o salto que transforma o seer em meio à sua **verdade** mais originária. GA65 (Casanova): 91 O outro início auxilia a partir de uma nova originariedade o primeiro início para a **verdade** de sua história e, com isso, para a sua alteridade inalienável mais própria, que só se torna frutífera no diálogo histórico dos pensadores. GA65 (Casanova): 92 Pois, desde Platão, nunca se perguntou sobre a **verdade** da interpretação do “ser”. GA65 (Casanova): 94 O fato de, no primeiro início, o “tempo” como presentação tanto quanto como constância (em um duplo sentido tragado de “presente”) forjar o aberto, a partir do qual o ente enquanto ente (o ser) tem a **verdade**. GA65 (Casanova): 95 Esse não questionado encobre a si mesmo enquanto tal e deixa para o pensar inicial unicamente que o des-comunal do irromper, da presentação constante na abertura (aletheia) do ente mesmo constitua a **verdade**. GA65 (Casanova): 95 Para o questionamento correspondente se mostra: não se pergunta de maneira alguma sobre a **verdade** da entidade. GA65 (Casanova): 100 Não obstante, essa interpretação do ón como physis (e mais tarde idea) não é sem fundamento, mas com certeza ela permanece velada com vistas ao fundamento (isto é, à **verdade**). GA65 (Casanova): 100 No entanto, para a correta compreensão desse título é preciso atentar para o seguinte: 1) Ser tem em vista aqui a entidade e não, como em Ser e tempo, o ser mesmo inquirido originariamente com vistas à sua **verdade**; entidade como o “geral” para o ente. GA65 (Casanova): 100 E por mais que tudo permaneça encoberto nas ligações mais profundas, mostra-se com isso uma coisa decisiva: como o pensar, e de maneira cada vez mais própria o pensar, se torna incondicionadamente o fio condutor, tanto mais decididamente o caráter de presente enquanto tal, isto é, o “tempo” em um sentido originário, se torna aquilo que dá de maneira completamente encoberta e inquestionada à entidade a **verdade**. GA65 (Casanova): 102 O quão pouco isso tem sucesso é algo que nos mostra a concepção de **verdade** de Nietzsche, para o qual a **verdade** é degradada e se transforma na aparência necessária, na fixação incontornável, vinculada ao próprio ente, que é determinado enquanto “vontade de poder”. GA65 (Casanova): 102 A **verdade** enquanto correção não consegue reconhecer seu próprio campo de jogo enquanto tal, isto é, ela não consegue fundamentá-lo. GA65 (Casanova): 102 A mais necessária **verdade** é a essência do verdadeiro como identitas, e essa é a entitas entis e enquanto doadora de antemão (qua principium) consciente de horizonte para a apreensão da perceptio e de seu perceptum, para a apperceptio, a apreensão expressa da monas enquanto monas. GA65 (Casanova): 102 2) O idealismo alemão é aquele que, prelineado por meio de Leibniz e com base no passo transcendental kantiano para além de Descartes, procurou pensar o ego cogito da apercepção transcendental de maneira absoluta e que concebeu ao mesmo tempo o absoluto na direção da dogmática cristã, de tal modo que essa dogmática alcança nessa filosofia a sua **verdade** propriamente dita, **verdade** essa que chegou a si mesma; e isto significa, cartesianamente (!), a mais elevada certeza de si. GA65 (Casanova): 103 Aqui a **verdade** se transforma na certeza que se desdobra em meio a uma confiança incondicionada no espírito e, assim, pela primeira vez, enquanto espírito em sua absolutidade. GA65 (Casanova): 104 3) O fato de aqui o âmbito da **verdade** se encontrar cerrado e permanecer desconhecido. GA65 (Casanova): 108 25) De acordo com isso precisamos perguntar: a) Em que experiência e interpretação está fundado o estabelecimento do ente enquanto idea? Em que **verdade** (de que essência) se b) encontra a determinação da entidade (ousia) do ente, ón, como idea? c) Se essa **verdade** permaneceu indeterminada, e ela permaneceu, por que não se perguntou sobre ela? d) Se nenhuma necessidade em relação a tal questão se fez valer, em que esse questionamento tem o seu fundamento? Esse fundamento só pode residir no fato de que a interpretação da entidade enquanto idea era completamente suficiente para a questão acerca do ente e tragava de antemão todo e qualquer questionamento diverso. GA65 (Casanova): 110 quanto a isso o desdobramento da questão diretriz: O homem e o ser humano como questionador, fundador da **verdade**. GA65 (Casanova): 114 Verdade como fixação e, porque equiparação, é sempre necessária para aqueles que olham de baixo para cima, mas não para aqueles com a visão inversa. GA65 (Casanova): 114 Será que o ente, porém, consegue se inserir na junção fugidia do seer? Será que é conferido ao homem, ao invés da desertificação em uma perduração progressiva, a unicidade do declínio? O declínio é a reunião de toda grandeza no instante da prontidão para a **verdade** da unicidade e singularidade do seer. GA65 (Casanova): 116 O totalmente outro do outro início em contraposição ao primeiro pode ser elucidado por meio de um dizer, que aparentemente só joga com uma inversão, enquanto na **verdade** tudo se modifica. GA65 (Casanova): 117 No outro início, todo ente é sacrificado pelo seer, e, a partir daí, o ente enquanto tal obtém pela primeira vez a sua **verdade**. GA65 (Casanova): 117 A inabitualidade do seer corresponde no âmbito da fundação de sua **verdade**, isto é, no ser-aí, à unicidade da morte. GA65 (Casanova): 117 Somente no ser-aí, aquela **verdade** é fundada para o seer, a **verdade** na qual todo ente é apenas em virtude do seer, que reluz como rastro do caminho do último deus. GA65 (Casanova): 117 Mas o quão raramente o homem avança em direção ao cerne dessa **verdade**; o quão fácil e rapidamente ele se satisfaz com o ente e permanece, assim, desapropriado do ser. GA65 (Casanova): 118 2) A questão diretriz não é questionada inicialmente na apreensão expressa da questão, mas captada por isso mesmo de maneira tanto mais originária e respondida de modo normativo; a irrupção do ente, a pre-sentação do ente enquanto tal em sua **verdade**; essa fundada no logos (reunião) e no noein (a-preensão). GA65 (Casanova): 119 Se soubéssemos a lei da chegada e fuga dos deuses, então conceberiamos algo primeiro em relação ao acometimento e à permanência de fora da **verdade** e, com isso, da essenciação do seer. GA65 (Casanova): 120 Com isso, a decisão sobre a **verdade** cai em todos os aspectos no salto para o interior da essenciação do seer. GA65 (Casanova): 120 A fundação do tempo-espaço, porém, não projeta nenhuma tábua de categorias vazia, mas é em seu ponto mais íntimo enquanto pensar inicial histórica, isto é, determinada a partir da indigência da falta de indigência, ela se atém antecipativamente às necessidades dos abrigos essenciais da **verdade** e do saber diretriz em torno dela. GA65 (Casanova): 120 Essa permanência de fora é tanto mais ingente, quanto mais longa e aparentemente de modo constante ainda se conservam as igrejas e as formas de culto a um Deus, por mais que elas sejam impotentes para fundar ainda uma **verdade** originária. GA65 (Casanova): 120 É somente por meio da queda e da reviravolta do ente que o ente bifurcado em maquinação e vivência e já calcificado no que não é chega a ceder diante do seer e, com isso, alcança a sua **verdade**. GA65 (Casanova): 123 Esse envio acontece apropriadoramente como a retração, que vincula ao silêncio, no qual a **verdade** segundo sua essência chega novamente à decisão sobre se ela pode ser fundada como a clareira para o encobrir-se. GA65 (Casanova): 123 E isso exige anteriormente que essa **verdade** mesma crie já a partir de seu saber que quase não ressoa os traços fundamentais de seus sítios (o ser-aí), em cujos edificadores e guardiões o sujeito do homem precisa se transformar. GA65 (Casanova): 125 Por isto, Ser e tempo não é nenhum “ideal” e nenhum “programa”, mas o início que se prepara da essenciação do seer mesmo; não aquilo que nós repensamos, mas o que, contanto que tenhamos nos tornado suficientemente maduros, nos impõe a entrada em um pensar que nem fornece uma doutrina, nem ocasiona um agir “moral”, nem assegura a “existência”, mas que, ao contrário, “apenas” funda a **verdade** como o campo de jogo temporal, no qual o ente uma vez mais pode ser sendo, isto é, pode se transformar na guarda do seer. GA65 (Casanova): 125 Uma vez que algumas pessoas precisam dessas guardas de uma maneira mais distintiva, para em geral poderem ressuscitar o ente em si, precisa haver a arte, que põe a **verdade** em sua obra. GA65 (Casanova): 125 Essa “elucidação” do seer, porém, o arranca de sua **verdade** (da clareira do ser-aí) e o degrada ao pura e simplesmente presente à vista em si, a mais deserta desertificação que pode caber ao ente. GA65 (Casanova): 127 A viragem e o pertencimento da **verdade** (clareira do encobrir-se) à essência do seer. GA65 (Casanova): 130 A partir da essência originária da **verdade** determina-se pela primeira vez o verdadeiro e, com isso, o ente; e, com efeito, de tal modo que agora não é mais o ente que é, mas o seer que emerge como que por um salto para o “ente”. GA65 (Casanova): 130 Não apenas como até aqui, de tal modo que o seer se mostre como algo esquecido, mas incontornavelmente apenas pré-visado, mas de tal modo que o seer, sua **verdade**, suporte expressamente toda e qualquer ligação com o ente. GA65 (Casanova): 130 Não é possível calcular se terá sucesso esse revolvimento do homem até aqui, isto é, a fundação anterior da **verdade** mais originária no ente de uma nova história. GA65 (Casanova): 130 A ida ao encontro por parte do homem exige antes de tudo a mais profunda prontidão para a **verdade**, para o questionamento acerca da essência do verdadeiro sob o domínio da recusa a todos os apoios no correto e naquilo que foi retificado pela maquinação. GA65 (Casanova): 130 O seer torna-se o estranho e, com efeito, de tal modo que a fundação de sua **verdade** eleve a estranheza e, com isso, todo ente conserve esse seer em sua estrangeiridade. GA65 (Casanova): 130 Por isto, o importante é não ultrapassar o ente (transcendência), mas saltar por sobre essa diferença e, com isso, sobre a transcendência, questionando inicialmente a partir do seer e da **verdade**. GA65 (Casanova): 132 Esse impulso mútuo do precisar e do pertencer constitui o seer enquanto acontecimento apropriador, e alçar o impulso desse impulso mútuo para o interior da simplicidade do saber e fundá-lo em sua **verdade** é o primeiro que se oferece a nós de maneira pensante. GA65 (Casanova): 133 A experiência do seer, o suportar a sua **verdade**, traz, com certeza, o ente de volta para as suas barreiras e retira dele a aparente unicidade de seu primado. GA65 (Casanova): 136 Sua **verdade**, isto é, a própria **verdade**, só se essencia no abrigo enquanto arte, pensamento, poetação, ato, exigindo, por isso, a insistência do ser-aí, que rejeita toda aparência de imediatidade do mero re-presentar. GA65 (Casanova): 136 A questão: porque a **verdade** é em geral como encobrimento clareador pressupõe a **verdade** do por quê. GA65 (Casanova): 137 Os dois, contudo, a **verdade** e o porquê (clamor da fundação), são o mesmo. GA65 (Casanova): 137 Essenciação é a **verdade** pertinente ao seer, que emerge dele. GA65 (Casanova): 137 Aqui permanece necessariamente sem poder ser experimentada e colocada a questão acerca do seer enquanto tal e, isso significa, a questão acerca de sua **verdade**. GA65 (Casanova): 137 Além disto, o compreender como projeto é um projeto jogado, o chegar ao aberto (**verdade**), que já se encontra em meio ao ente aberto, enraizado na terra, soerguendo-se em um mundo. GA65 (Casanova): 138 Assim, o com-preender do ser como fundação de sua **verdade** é o contrário da “sub-jetivação”, uma vez que superação de toda subjetividade e dos modos de pensar que lhe são determinantes. GA65 (Casanova): 138 Aqui, a partir do ser-aí, é pensada a completa alteridade da ligação com o seer: ela é levada a termo; e isso acontece no tempo-espaço que emerge do arrebatamento extasiante e fascinante da própria **verdade**. GA65 (Casanova): 139 Ser-aí “é” apenas onde e quando o ser da **verdade** se dá. GA65 (Casanova): 140 O seer e a essenciação de sua **verdade** são do homem, na medida em que ele vem a ser insistentemente como ser-aí. GA65 (Casanova): 143 Agora, contudo, temos libertação e abismo e a completa essenciação no tempo-espaço da **verdade** originária. GA65 (Casanova): 144 Com efeito, reside na sentença de Heráclito sobre o polemos uma das maiores intelecções da filosofia ocidental, e, contudo, ela não podia ser desdobrada em nome da questão acerca da verdade, assim como também não em nome da questão acerca do ser. De onde, contudo, a intimidade do não no seer? De onde tal essenciação do seer? Sempre uma vez mais, o questionamento se choca com esse ponto; trata-se da questão acerca do fundamento da verdade do seer. Mas a **verdade** mesma é o fundamento. E ela? Ela emerge no se-manter-na-**verdade**! Todavia, como é essa origem? Manter-se na **verdade**, nossa irrupção e vontade a partir de nossa indigência, porque nós nos entregamos à responsabilidade e nos identificamos – a nós? Quem somos nós mesmos? Portanto, porém, não o nosso, mas o fato de que nós suportamos o si mesmo por meio da abertura, e de que, no si mesmo, se abre veladamente o para si e, com isso, o seer como acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 144 O acontecimento apropriador como a renúncia hesitante e, aí, a maturidade do “tempo”, a potência do fruto e a grandeza da doação, mas na **verdade** enquanto clareira para o encobrir-se. GA65 (Casanova): 146 Em contrapartida, se a sentença for voltada imediatamente para o âmbito da **verdade**: o ser se essencia, então ela diz: o ente pertence à essenciação do seer. GA65 (Casanova): 148 que é concebido por esses elementos é apenas a “realidade efetiva” ou também a possibilidade e a necessidade? Essas “modalidades” são modalidades da realidade efetiva? Essa mesma é sempre a cada vez uma modalidade entre outras? Portanto: modalidades de quê? É suficiente, no sentido e no campo de visão da questão diretriz de início, uma indicação para as diferenças entre presentidade e ausência, por exemplo, junto ao presente à vista e ao à mão? Em todo caso, a partir do “pensar” imediato dessa diferença, não é possível apresentar nada sobre aquilo que a determina como campo de visão e como **verdade**, enquanto persistirmos nesse pensar como algo derradeiro e primeiro. GA65 (Casanova): 149 Uma explicitação dialética meramente formal da relação entre essentia e existentia, isto é, uma explicitação que acolhe a diferença como simplesmente dada e como se ela tivesse caído do céu, permanece uma escolástica vazia, que tem seu traço distintivo justamente em se manter sem um campo de visão e sem uma meditação sobre a **verdade** com vistas aos conceitos da entidade em sentido amplo. GA65 (Casanova): 149 Essentia e existentia não são aquilo que é mais rico ou a consequência de algo simples, mas, ao contrário, um determinado empobrecimento de uma essência em si mais rica do seer e de sua **verdade** (sua tempo-espacialidade enquanto o abismo). GA65 (Casanova): 149 Se o quid e o fato-de-que não são inquiridos como determinações da entidade juntamente com essa entidade com vistas à sua **verdade** (tempo-espaço), então todas as discussões sobre essentia e existentia, tal como o atesta já o M. GA65 (Casanova): 150 Mas mesmo no outro início essa diferenciação tem sua **verdade**, sim, agora pela primeira vez ela conquista essa **verdade**. GA65 (Casanova): 151 Pois agora, quando não se tem mais a pergunta a partir do “pensar” acerca da entidade (não entidade e pensamento, mas “ser e tempo”, transitoriamente compreendido), agora a “diferenciação” denomina aquele âmbito do acontecimento apropriador da re-essenciação do ser na **verdade**, isto é, em seu abrigo, algo por meio do que o ente enquanto tal é voltado para o interior do aí. GA65 (Casanova): 151 Por que não? Porque a coisa gigantesca homem é tanto mais gigantesca quanto menor ela é?! É preciso abandonar a natureza e entregá-la à maquinação? Conseguimos ainda buscar de maneira nova a terra? Quem é capaz de atiçar aquela contenda, na qual ela encontra seu aberto, na qual ela se cerra e é terra? Para saber dessa abertura em sua estrutura, precisamos experimentar o abismo (cf **verdade**) como pertencente ao acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 156 A unicidade da morte no ser-aí do homem pertence à determinação originária do ser-aí, a saber, ser apropriado em meio ao acontecimento pelo seer mesmo, a fim de fundar sua **verdade** (abertura do encobrir-se). GA65 (Casanova): 161 Como, porém, a **verdade** precisa estar fundada no ser-aí, a essenciação do seer só pode ser conquistada na constância, que o aí suporta no saber assim determinado. GA65 (Casanova): 165 A essência como essenciação não é nunca apenas re-presentável, mas só é concebida no saber da tempo-espacialidade da **verdade** e de seu respectivo abrigo. GA65 (Casanova): 165 A essenciação não reside “acima” do ente e cindida dele, mas o ente se encontra no seer e tem apenas nele, se encontrando imerso nele e apartado, a sua **verdade** como o verdadeiro. GA65 (Casanova): 165 E, de acordo com isso, essenciação tem em vista o acontecimento apropriador, na medida em que ele acontece apropriadoramente naquilo que lhe é pertinente, a **verdade**. GA65 (Casanova): 166 A essenciação não pertence a todo e qualquer ente, sim, no fundo, ela só pertence ao ser e àquilo que cabe a ele mesmo, a **verdade**. GA65 (Casanova): 167 Mas é só com base no ser-aí que o seer chega à sua **verdade**. GA65 (Casanova): 168 A queda do “homem” até aqui só é possível a partir de uma **verdade** originária do seer. GA65 (Casanova): 170 O ser-aí está referido à **verdade** enquanto abertura do encobrir-se, ele é estabelecido pela compreensão de ser. GA65 (Casanova): 171 Em que possibilidade? Em sua possibilidade extrema, a saber, na possibilidade de ser ele mesmo o fundador e o guardião da **verdade**. GA65 (Casanova): 176 Fundamento – instaurador – sustentador – atestador — a-bismo e não-fundamento Subsiste uma ligação essencial originária entre fundamento e **verdade**, mas a **verdade** é concebida como encobnmento clareador. GA65 (Casanova): 188 A **verdade** e, com isso, a essência do fundamento se des-conjunta tempo-espacialmente. GA65 (Casanova): 188 Neste caso, porém, tempo e espaço são originariamente concebidos a partir da **verdade** e estão ligados essencialmente com a fundação. GA65 (Casanova): 188 A essência mais profunda da história se baseia concomitantemente no fato de que o acontecimento da apropriação, acontecimento esse que abre o fosso abissal (que funda a **verdade**), deixa emergir pela primeira vez aqueles que, precisando uns dos outros, só se voltam uns para os outros e se desviam uns dos outros no acontecimento apropriador da viragem. GA65 (Casanova): 190 elementos do gênero da alma, da razão, do espírito, do pensamento e da representação precisaram também sempre uma vez mais fornecer um fio condutor, de tal modo, naturalmente, que, com a falta de clareza do modo de formulação da própria questão diretriz, o fio condutor também permaneceu indeterminado em seu caráter enquanto fio condutor e não se questionou de modo algum por que tal fio condutor é necessário, se essa necessidade não reside na essência e na **verdade** do próprio ser e em que medida isso acontece. GA65 (Casanova): 193 Expelidos dessa **verdade** e cambaleando no abandono do ser, nós não sabemos senão muito pouco sobre a essência do si mesmo e sobre os caminhos para o saber autêntico. GA65 (Casanova): 197 Os sítios instantâneos emergem da solidão da grande tranquilidade, na qual o acontecimento da apropriação se torna a **verdade**. GA65 (Casanova): 200 Quanto mais originariamente o ser é experimentado em sua **verdade**, tanto mais profundo é o nada como o abismo à margem do fundamento. GA65 (Casanova): 202 Antecipação da morte não é vontade de nada no sentido vulgar, mas, ao contrário, um ser-aí superior, que vincula concomitantemente o velamento do aí na jurisdicionalidade da subsistência da **verdade**. GA65 (Casanova): 202 Não estamos perguntando nesse caso sobre a **verdade** da **verdade**, e não começamos, perguntando assim, um progresso vazio em direção ao vazio? Fundação da essência é projeto. GA65 (Casanova): 204 Se a **verdade** significa aqui a clareira do seer como abertura do em meio ao ente, então não se pode de modo algum perguntar sobre a **verdade** dessa **verdade**, a não ser que se tenha em vista a correção do projeto, o que, porém, perde de vista em múltiplos aspectos o essencial. GA65 (Casanova): 204 Por outro lado, porém, a “correção” é um “modo” da **verdade**, que permanece aquém da essência originária enquanto sua consequência e, por isso, já não se mostra como suficiente para conceber a **verdade** originária. GA65 (Casanova): 204 Toma-se aqui a **verdade** como um objeto do cálculo e do computo e se estabelece a pretensão à compreensibilidade derradeira de um entendimento cotidiano maquinacional como critério de medida. GA65 (Casanova): 204 4) Para que a **verdade** se destaque definitivamente de todo ente em todo e qualquer tipo de interpretação, seja como physis, seja como idea ou perceptum e objeto, algo sabido, pensado. GA65 (Casanova): 206 6) A essência originária, contudo, é clareira do encobrir-se, isto é, a **verdade** é a **verdade** originária do seer (acontecimento apropriador). GA65 (Casanova): 206 7) Essa clareira se essencia e é na suportabilidade criativa afinada: isto é, a **verdade** “é” como fundação do aí e como ser-aí. GA65 (Casanova): 206 O encobrir-se é um caráter essencial do seer, e, com efeito, precisamente na medida em que o seer precisa da **verdade** e se apropria, assim, do ser-aí em meio ao acontecimento, se mostrando em si originariamente, com isso, como acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 207 Como é que ela poderia ser para nós aquele derradeiro resíduo da decadência mais extrema da aletheia (idea) platônica, como é que a validade de correções poderia se mostrar em si como ideal, isto é, como a maior de todas as indiferenças e impotências? A **verdade** é, enquanto acontecimento apropriador do verdadeiro, a abertura do fosso abissal, abertura essa na qual o ente se divide e precisa se encontrar em meio à contenda. GA65 (Casanova): 208 Verdade também não é para nós o fixado, aquele descendente suspeito de indiferenças em si. GA65 (Casanova): 208 A **verdade** é a maior de todas as desprezadoras de tudo o que é “verdadeiro”, pois todo “verdadeiro” se esquece imediatamente da **verdade**, do atiçar seguro da simplicidade do único como o a cada vez essencial. GA65 (Casanova): 208 da homoiosis à veritas como rectitudo; ao mesmo tempo a **verdade** aqui, isto é, a correção do enunciado, é concebida a partir do enunciado como symploke, connexio (Leibniz). GA65 (Casanova): 210 No estabelecimento do zugon, a **verdade** é captada, mas de tal modo que, com isso, a aletheia é requisitada como o desvelamento do ente enquanto tal e como âmbito de visão da visualização e da apreensão. GA65 (Casanova): 210 Portanto, a claridade, isto é, a idea mesma como o que é visto, o jugo, zugon, apesar de, caracteristicamente, esse não ser nunca expresso; 4) O jugo, porém, ou a **verdade** apreendida enquanto jugo, é a forma prévia para a **verdade** enquanto correção, na medida em que o jugo é concebido e sondado como aquilo mesmo que liga e não como o fundamento da concordância; ou seja, a aletheia é propriamente perdida. GA65 (Casanova): 211 A obviedade do seer e da **verdade** como certeza é agora sem limites. GA65 (Casanova): 212 Por esta via, a humanização de início pré-determinada do ser e de sua **verdade** (eu – certeza racional) é alçada ao nível do absoluto e, assim, aparentemente superada de maneira própria; e, contudo, tudo isso é o contrário de uma superação, a saber, o enredamento mais profundo no esquecimento do ser. GA65 (Casanova): 212 6) E, por isso, antes de tudo, trata-se da fundação do ser humano no ser-aí como o fundamento exigido pelo seer mesmo de sua **verdade**. GA65 (Casanova): 213 A abertura: isso não é o que há de mais vazio do vazio? (cf **verdade** e a-bismo). GA65 (Casanova): 214 Esse elemento necessário, o ser-aí, só é alcançado por meio de um tresloucamento do ser do homem na totalidade, isto é, a partir da meditação sobre a indigência do ser enquanto tal e de sua **verdade**. GA65 (Casanova): 214 A história da **verdade**, da reluzência, da transformação e da fundação de sua essência, só tem instantes raros que se encontram distantes uns dos outros. GA65 (Casanova): 217 A **verdade** nunca “é”, mas se essencia. GA65 (Casanova): 217 Por isto, tudo aquilo que pertence à **verdade** também se essencia, o tempo-espaço e, por conseguinte, o “espaço” e o “tempo”. GA65 (Casanova): 217 Onde a **verdade** se encapsula sob a forma da “razão” e do “racional”, sua inessência está em atividade, aquele poder destrutivo do que é válido para todos, daquilo por intermédio do que qualquer um é colocado arbitrariamente em seu direito e irrompe aquela satisfação em relação ao fato de que ninguém tem mesmo de antemão algo de essencial em relação a um outro. GA65 (Casanova): 217 Isso se mostra, por fim, no fato de que mesmo lá onde se acredita conceber algo sobre a essência histórica da **verdade**, o que vem à tona é apenas um “historicismo” extrínseco: acha-se que a **verdade** não é eternamente válida, mas que ela é válida apenas “por um tempo”. GA65 (Casanova): 217 Essa opinião, porém, é apenas uma restrição “quantitativa” da validade universal e precisa, para se tornar algo assim, como pressuposto, que a **verdade** seja correção e validade. GA65 (Casanova): 217 Se dizemos que a **verdade** é clareira para o encobrimento, então apenas indicamos com isso a essenciação, na medida em que a essência é denominada. GA65 (Casanova): 218 A **verdade** é o originariamente verdadeiro. GA65 (Casanova): 219 A correção é uma estaca incontornável da **verdade**. GA65 (Casanova): 219 Por isto, onde a correção predetermina a “ideia” de **verdade**, todos os caminhos até sua origem são soterrados. GA65 (Casanova): 219 A **verdade** mesma é aquilo em que o verdadeiro tem seu fundamento. GA65 (Casanova): 220 O verdadeiro: o que se encontra na **verdade** e que, assim, se torna o que é ou o que não é. GA65 (Casanova): 220 A **verdade**: a clareira para o encobrir-se (isto é, o acontecimento apropriador; renúncia hesitante como a maturidade, o fruto e a doação). GA65 (Casanova): 221 A **verdade**, porém, não é simplesmente clareira, mas justamente clareira para o encobrir-se. GA65 (Casanova): 221 A **verdade**: fundamento como abismo. GA65 (Casanova): 221 Abismo: como tempo-espaço da contenda; a contenda como contenda entre terra e mundo, por conta da ligação da **verdade** com o ente! O primeiro (inicial) abrigo, a questão e a decisão. GA65 (Casanova): 221 A pergunta acerca da **verdade** (meditação), colocar em decisão a sua essência. GA65 (Casanova): 221 A **verdade** jamais se mostra como o “sistema” que é composto por sentenças, às quais se poderia recorrer. GA65 (Casanova): 222 O acontecimento apropriador suporta a **verdade** = a **verdade** é atravessada de maneira soberana pelo acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 222 A pergunta sobre a **verdade** soa muito pretensiosa e desperta a impressão de que se saberia, apesar da questão, o que seria o verdadeiro. GA65 (Casanova): 222 E se houvesse aqui uma saída, então a filosofia precisaria transformar a pergunta sobre a **verdade** em uma pergunta dotada de um teor completamente diverso, aparentemente inofensivo e velado, em uma pergunta a ser, ao que tudo indica, evitada, como se estivessem sendo prometidas aqui grandes anunciações. GA65 (Casanova): 222 da essência e, com isso, essa dissimulação mesma em sua dimensão extrema, maximamente superficial, podem ser expostas, teatralizadas? Palco – a configuração do efetivamente real como tarefa dos cenografistas! Se algum dia o elemento teatral chegar ao poder, como as coisas vão se mostrar em relação à essência? Ela não precisa ser, então, velada e fundar tranquilamente como fundamento, por mais que quase ninguém saiba disso? Mas como é, então, que ela ainda pode se mostrar como fundamento? Com vistas ao universal? Mas a essência do ser não é a unicidade e a raridade do estranhamento? A inessência propriamente dita da **verdade** na conferência sobre a **verdade** designada como a errância. GA65 (Casanova): 223 essa dissimulação mesma em sua dimensão extrema, maximamente superficial, podem ser expostas, teatralizadas? Palco – a configuração do efetivamente real como tarefa dos cenografistas! Se algum dia o elemento teatral chegar ao poder, como as coisas vão se mostrar em relação à essência? Ela não precisa ser, então, velada e fundar tranquilamente como fundamento, por mais que quase ninguém saiba disso? Mas como é, então, que ela ainda pode se mostrar como fundamento? Com vistas ao universal? Mas a essência do ser não é a unicidade e a raridade do estranhamento? A inessência propriamente dita da **verdade** na conferência sobre a **verdade** designada como a errância. GA65 (Casanova): 223 O quão parco é o nosso saber sobre os deuses e o quão essencial é, de qualquer modo, sua essenciação e degenerescência na abertura dos velamentos do aí, na **verdade**? O que deve nos dizer, então, sobre o acontecimento apropriador a experiência da essência da própria **verdade**? Ora, mas como conseguimos silenciar propriamente esse dizer? A **verdade** é o primeiro verdadeiro do seer, e, com efeito, na medida em que clareia e oculta. GA65 (Casanova): 224 A questão prévia acerca da **verdade** é ao mesmo tempo a questão fundamental acerca do seer, esse, como acontecimento apropriador, se essencia como **verdade**. GA65 (Casanova): 224 A **verdade**, portanto, nunca é apenas clareira, mas ela se essencia como encobrimento de maneira tão originária e íntima quanto a clareira. GA65 (Casanova): 225 Os dois, clareira e encobrimento, não são dois, mas a essenciação do uno, da própria **verdade**. GA65 (Casanova): 225 Mesmo aquela interpretação medieval completamente diversa do verum como determinação do ens (do ente), interpretação essa que se movimenta no âmbito da questão diretriz (no âmbito da metafísica) e que, além disso, se encontra desenraizada em relação ao seu solo grego mais imediato ainda se constitui como uma aparência dessa intimidade de **verdade** e seer. GA65 (Casanova): 225 Precisamente o domínio multiplamente modulado do pensar “cristão” no tempo pós e contra-cristão dificulta toda e qualquer tentativa de se afastar desse solo e de se pensar de modo inicial a partir da experiência mais originária a ligação fundamental entre seer e **verdade**. GA65 (Casanova): 225 Por isto, a **verdade** como a clareira para o encobrimento é um projeto essencialmente diverso da aletheia, apesar de esse projeto pertencer precisamente à lembrança da aletheia e de ela se mostrar em relação com ele. GA65 (Casanova): 226 Quando cheguei a determinações tais como: o ser-aí é ao mesmo tempo na **verdade** e na não-**verdade**, então se compreendeu essa sentença imediatamente de uma maneira moral ligada a uma visão de mundo, sem apreender o decisivo da meditação filosófica, a essenciação do “ao mesmo tempo” como essência fundamental da **verdade**, e sem uma concepção originária da não-**verdade** no sentido do encobrimento (e não, por exemplo, da falsidade). GA65 (Casanova): 226 3) A primeira questão (1) é em si a determinação essencial da **verdade**. GA65 (Casanova): 227 6) Desdobrar em primeiro lugar a **verdade** na essência como encobrimento clareador (dissimulação e velamento). GA65 (Casanova): 227 7) A **verdade** como fundamento do tempo-espaço, mas, por isso, ao mesmo tempo essencialmente determinável a partir desse tempo-espaço. GA65 (Casanova): 227 9) A **verdade** e a necessidade do abrigo. GA65 (Casanova): 227 Ao mesmo tempo, é preciso que se conceba o fato de que é só com a **verdade** na viragem que se determina pela primeira vez a **verdade** da essência e da essenciação, e, por isso, desde o início, não um conceito de “essência” no sentido de uma reunião genericamente correta de propriedades maximamente universais, acessíveis imediatamente para qualquer um, conceito esse que pode ser almejado e exigido; ao contrário, algo mais elevado, junto ao qual o desenraizamento já há muito dominante pode ser já imediatamente mensurado. GA65 (Casanova): 227 Verdade é a partir daqui, isto é, experimentada de maneira historicamente necessária, o tresloucamento que transpõe para o deslocamento. GA65 (Casanova): 227 Que sempre subsiste de certa maneira essa **verdade**, desde que o homem é e caso ele seja historicamente, e que, contudo, esse deslocamento permanece velado, isso se acha essencialmente no domínio da correção. GA65 (Casanova): 227 Com isso se apreende a ligação originária da **verdade** com o seer enquanto acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 228 Verdade, aletheia, quase não ressoando aí, poderosa, com efeito, mas infundada e mesmo não propriamente fundante. GA65 (Casanova): 231 Por isto, porém, abstraindo-se da concepção da própria essenciação, a **verdade** e o verdadeiro precisam continuar sendo buscados e conservados lá onde não supomos de modo algum que eles estariam. GA65 (Casanova): 231 Este desenraizamento da **verdade** é acompanhado pelo velamento da essência do seer. GA65 (Casanova): 231 E, com efeito, Platão (cf Interpretação da alegoria da caverna) como aquele pensador, junto ao qual ainda se torna clara uma derradeira reluzência da aletheia na transição para a **verdade** do enunciado (cf também Aristóteles, Metaflsica Theta IV). GA65 (Casanova): 232 4) Se considerarmos panoramicamente a história da aletheia a partir da alegoria da caverna, que tem uma posição chave tanto em relação ao que vem antes quanto em relação ao que vem depois, então é possível mensurar de maneira mediata o que significa erigir em primeiro lugar a **verdade** como aletheia de maneira pensante, desdobrá-la e fundamentá-la na essência. GA65 (Casanova): 233 6) Como, porém, “a **verdade**” mesma e seu conceito, de acordo com uma longa história e com uma confusa tradição, para a qual muitas coisas confluíram, não se encontram mais em questão em nenhum modo de formulação claro e necessário, mesmo as interpretações da história do conceito de **verdade** tanto quanto as interpretações da alegoria da caverna se mostram em particular como precárias e dependentes daquilo que mesmo antes foi retirado do platonismo e da doutrina do juízo. GA65 (Casanova): 233 Nietzsche foi aquele que por último perguntou da maneira mais apaixonada possível sobre a **verdade**. GA65 (Casanova): 234 Pois um dia ele partiu do fato de “que nós não temos a **verdade**” (XI, 159); mas, por outro lado, ele pergunta de qualquer modo o que a **verdade** seria, sim, até mesmo qual seria o seu valor (VII, 471). GA65 (Casanova): 234 E, no entanto, Nietzsche não pergunta originariamente sobre a **verdade**. GA65 (Casanova): 234 Pois na maioria das vezes ele tem em vista sempre por essa palavra o “verdadeiro”; e, onde ele pergunta sobre a essência do verdadeiro, isso acontece em meio a um enredamento na tradição e não a partir de uma meditação originária, de tal modo que a **verdade** é ao mesmo tempo concebida como decisão essencial também sobre “o verdadeiro”. GA65 (Casanova): 234 3) Este conceito de **verdade** erigido com vistas à “vida” e determinado a partir do conceito tradicional de ser está, além disso, completamente na via da tradição, na medida em que a **verdade** é uma determinação e um resultado do pensamento e da re-presentação. GA65 (Casanova): 234 Sua solução é: vontade de **verdade** é vontade de aparência e isso necessariamente como uma vontade de poder, como asseguramento da vida; e essa vontade em sua dimensão mais elevada na arte, razão pela qual a arte tem mais valor do que a **verdade**. GA65 (Casanova): 234 Pois Nietzsche toma como definido o que a **verdade** é; ele considera suficientemente fundada a interpretação que ele dá da essência, a fim de acolher, assim, imediatamente a questão aparentemente mais aguda e mais originária (porque ligada à “vontade de poder”). GA65 (Casanova): 234 Todavia, o que é a **verdade** e, antes de tudo, a partir de onde nós sabemos o que é a **verdade**? A questão acerca do que a **verdade** é já não pressupõe a **verdade**? E que tipo de pressuposição é essa e como é que nós a resgatamos? Verdade é, para Nietzsche, uma condição da vida, que é ela mesma contra a vida. GA65 (Casanova): 234 Mas como “a vida” já é a realidade efetiva no sentido do maximamente plurissignificativo idealismo, que prescreveu para si o positivismo, a **verdade** precisa ser estabelecida de antemão como mera condição, vinculada à vida. GA65 (Casanova): 234 Se a vontade de poder é o querer-para-além-de-si e, dessa maneira, o chegar-a-si-mesmo, então a **verdade** se revela, naturalmente compreendida de maneira diversa da de Nietzsche, como a condição da vontade de poder. GA65 (Casanova): 234 Visto assim, a **verdade** não é apenas como vontade de **verdade** uma condição da vida, mas o fundamento de sua essentia como vontade de poder. GA65 (Casanova): 234 Por que é a **verdade**? E ela é afinal? Como? Se a **verdade** não fosse, sobre o que se basearia, então, mesmo que apenas a possibilidade do porquê? Por meio da questão do porquê, a **verdade** já é ratificada em sua consistência, de tal forma que ela precisaria ser de algum modo? A pergunta como uma busca pelo fundamento, a partir do qual e sobre o qual a **verdade** deve ser. GA65 (Casanova): 236 É natural tentar descobrir se, na questão “por que é a **verdade**?”, a **verdade** não se deixa desdobrar como o fundamento do porquê e, assim, determinar em sua essência. GA65 (Casanova): 236 O tomar-por-verdadeiro vai se modificar sempre a cada vez de acordo com o verdadeiro (e inteiramente e em primeiro lugar segundo a **verdade** e a sua essência). GA65 (Casanova): 237 A questão é que essa palavra tem agora um sentido completamente diverso, não significando mais o tomar-por-verdadeiro, no qual a **verdade**, de maneira bastante confusa, já é sabida, mas sim manter-se-na-**verdade**. GA65 (Casanova): 237 E esse movimento é, enquanto projetivo, sempre um questionamento, sim, o questionamento originário enquanto tal, no qual o homem se coloca em decisão em direção à **verdade** e na essência. GA65 (Casanova): 237 O tempo-espaço, porém, pertence à **verdade** no sentido da re-essenciação do ser como acontecimento apropriador (A partir daqui é que se precisa conceber pela primeira vez por que a referência a Ser e tempo indica transitoriamente o caminho). GA65 (Casanova): 239 Mas a questão é como e como o que o tempo-espaço pertence à **verdade**. GA65 (Casanova): 239 O que a **verdade** mesma é não se deixa dizer anteriormente de maneira suficiente, mas precisamente na concepção do tempo-espaço. GA65 (Casanova): 239 Mas a questão, no entanto, é a questão acerca do direito e da origem dessas formas vazias, cuja **verdade** ainda não se comprovou com base em sua correção e utilidade no campo do cálculo; por meio daí é o contrário que é demonstrado. GA65 (Casanova): 239 E esses sítios se mostram lá onde somos, assim, subtraídos do ser-aí? Pode-se tentar partir da questão da “unidade” de “espaço e tempo” segundo a representação usual? De onde, por que e como as duas se encontram desde sempre juntas? Qual é a experiência fundamental, sem que ela fosse dominada? (o aí!) Só superficialmente de acordo com a entidade diretriz? Mas como o “e” para as duas? Pergunta-se em geral sobre isso e ele é questionável? O “e” na **verdade** é o fundamento da essência dos dois, o tresloucamento no aberto demarcador que forma a presentação e a consistência, mas sem que esse aberto mesmo tenha sido experimentável e fundamentável. GA65 (Casanova): 239 Uma vez, porém, que a **verdade** é o encobrimento clareador do seer, ela é como a-bismo antes de tudo fundamento, que só funda como o imperar inteiramente de maneira sustentadora do acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 242 Esse acontecimento, porém, é, por isso, concebido a partir da **verdade** como fundamento: o fundamento originário. GA65 (Casanova): 242 O fundamento originário, o fundamento fundante, é o seer, mas sempre a cada vez se essenciando em sua **verdade**. GA65 (Casanova): 242 Permanecer de fora do fundamento: isso não é a ausência da **verdade**? Mas o renunciar-se hesitante é, contudo, precisamente clareira para o encobrimento, e, com isso, presentação da **verdade**. GA65 (Casanova): 242 De onde é que o temporalizar e o espacializar têm a sua origem una e sua cisão? De que tipo é a unidade originária, segundo a qual ela é lançada em uma dinâmica divergente em meio a essa cisão, e em que sentido os separados são aqui unos precisamente como essenciação da a-bissalidade? Não pode se tratar aqui de uma “dialética” qualquer, mas apenas da essenciação do fundamento (da **verdade**, portanto) mesmo. GA65 (Casanova): 242 Suportando e deixando imperar, a **verdade** é o fundamento do seer. GA65 (Casanova): 242 A **verdade** como fundamento funda, porém, originariamente como a-bismo. GA65 (Casanova): 242 O abrigo não é a acomodação ulterior da **verdade** em si presente à vista no ente, abstraindo-se completamente do fato de que a **verdade** nunca se acha presente à vista. GA65 (Casanova): 243 Onde é, porém, que esse caminho deve começar? Não precisamos conceber para tanto em primeiro lugar as referências atuais em relação ao ente, tal como nós nos encontramos aí, ou seja, não precisamos ter diante dos olhos algo extremamente corrente? E justamente isso é o mais difícil, uma vez que ele não é nunca realizável sem um abalo, o que significa: sem um tresloucamento da ligação fundamental com o seer mesmo e com a **verdade**. GA65 (Casanova): 243 É preciso indicar em que **verdade** e como é que o ente se encontra respectivamente nela. GA65 (Casanova): 243 Mas a **verdade** só se essencia na clareira mais plena do mais distante encobrir-se sob o modo do abrigo segundo todos os caminhos e maneiras, que pertencem a esse abrigo, que suportam e conduzem historicamente a exposição jurisdicional do ser-aí e que constitui, assim, o ser do povo. GA65 (Casanova): 243 De onde o abrigo tem a sua indigência e a sua necessidade? A partir do encobrir-se. GA65 (Casanova): 244 A contestação da contenda põe em obra a **verdade**, põe no utensílio a **verdade**, ex-perimentando-a como coisa e levando-a a termo em ato e em sacrifício. GA65 (Casanova): 244 Assim se essencia a **verdade** como o verdadeiro a cada vez abrigado. GA65 (Casanova): 246 As testemunhas mais silenciosas da mais silenciosa tranquilidade, na qual um empurrão imperceptível retira a **verdade** da confusão de todas as correções recalculadas e a gira de volta para a sua essência: manter velado o que há de mais velado, o estremecimento do passar ao largo da decisão dos deuses, a essenciação do seer. GA65 (Casanova): 248 Em primeiro lugar e propriamente, a busca é o pro-cedimento em direção ao âmbito, no qual a **verdade** se reabre ou se renuncia. GA65 (Casanova): 250 Os que estão por vir, os responsáveis no ser-aí fundado pelo ânimo da retenção, à qual apenas cabe o ser (salto) como acontecimento apropriador, se apropriando deles em meio ao acontecimento e potencializando-os para o abrigo de sua **verdade**. GA65 (Casanova): 252 Mas como é que isso se dá? Será que uma coisa ou outra se tornará um acontecimento por vir? Será que uma coisa ou outra precisa determinar a expectativa construtiva? Ou será que a decisão é a abertura de um tempo-espaço completamente diverso para uma **verdade**, sim, para a **verdade** pela primeira vez fundada do seer, o acontecimento apropriador? O que aconteceria se aquele âmbito da decisão na totalidade, fuga ou chegada dos deuses, fosse justamente o próprio fim? O que aconteceria se, para além disso, o seer precisasse ser concebido pela primeira vez em sua **verdade** como o acontecimento da apropriação, acontecimento esse como o qual acontece apropriadoramente aquilo que denominamos a recusa? Isso não é nem fuga nem chegada, nem tampouco tanto fuga quanto chegada, mas algo originário, a plenitude da concessão do seer na recusa. GA65 (Casanova): 254 O que é essa viragem originária no acontecimento apropriador? Apenas o acometimento do ser como acontecimento da apropriação do aí traz o ser-aí para ele mesmo e, assim, para a execução (abrigo) da **verdade** jurisdicionalmente fundada no ente, que encontra no encobrimento clareado do aí seu sítio. GA65 (Casanova): 255 Se por meio do acontecimento apropriador o ser-aí como meio aberto da ipseidade que funda a **verdade** é atirado a si e se torna um si mesmo, o ser-aí precisa, por sua vez, pertencer como possibilidade velada da essenciação fundante do seer ao acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 255 É a partir daqui que toda linguagem do ser-aí toma a sua origem e está, por isso, na essência o silêncio (cf retenção, acontecimento apropriador, **verdade** e linguagem). GA65 (Casanova): 255 O que ressoa em tal servidão e prepara a amplitude só consegue preparar para a contenda entre mundo e terra, para a **verdade** do aí, por meio desse aí mesmo, o sítio instantâneo da decisão e, assim, a contestação e o abrigo no ente. GA65 (Casanova): 255 Se esse clamor do aceno extremo, a apropriação mais velada em meio ao acontecimento, ainda acontecerá abertamente ou se a indigência a tudo emudecerá e todo domínio permanecerá de fora; e se, caso o clamor aconteça, ele será então ainda apreendido; se o salto para o interior do ser-aí e, com isso, a partir de sua **verdade**, a viragem ainda vão se tornar história: é aí que se decide o futuro dos homens. GA65 (Casanova): 255 Mas esses instantes, e eles apenas, podem se tornar as preparações, nas quais a viragem do acontecimento apropriador para a **verdade** se desdobra e se reúne. GA65 (Casanova): 255 De acordo com a essenciação do seer, porém, no jogo do acometimento e do ficar de fora, o não mesmo possui figuras diversas de sua **verdade** e, de acordo com isso, também o nada. GA65 (Casanova): 256 Todo ente, por mais impertinente e único, autônomo e de primeiro nível que ele possa aparecer para o cálculo e para o empreendimento sem deus e desumanos, é apenas a inserção no acontecimento apropriador, inserção essa na qual o sítio do passar ao largo do último deus e a guarda do homem buscam uma estabilização, a fim de permanecerem prontos para o acontecimento da apropriação e não privar o seer daquilo que, porém, o ente até aqui, esse na **verdade** até aqui, precisou exclusivamente empreender. GA65 (Casanova): 256 O seer como o que há de mais único e raro em contraposição ao nada terá se subtraído do elemento massificado do ente, e toda história só servirá, lá onde ela se estende às profundezas de sua própria essência, a essa subtração do ser em sua plena **verdade**. GA65 (Casanova): 256 E talvez essa seja a forma mais fatídica da mais absoluta falta de deus e o atordoamento da impotência para o sofrimento do acontecimento da apropriação daquele aí enquanto estada temporária do seer, que oferece pela primeira vez ao encontrar-se do ente na **verdade** um sítio, atribuindo a ele o elemento justo de se achar na mais ampla distância em relação ao passar ao largo do deus, elemento justo, cuja atribuição só acontece como história; na recriação do ente em meio à essencialidade de sua determinação e em meio à libertação do abuso das maquinações, que, invertendo tudo, esgotam o ente no usufruto. GA65 (Casanova): 256 Interpretação” com certeza não tem em vista aqui tornar “compreensível”, mas sim fundar o projeto da **verdade** de sua poesia na meditação e na tonalidade afetiva, nas quais o ser-aí por vir vibra) (cf Reflexões VI e VII Hölderlin). GA65 (Casanova): 258 A **verdade**, aquela clareira do encobrir-se, em cujo aberto os deuses e o homem são apropriados em meio ao acontecimento para a sua contra-posição, abre ela mesma o seer como história. GA65 (Casanova): 258 Como esse entre, o seer não “é” nenhum adendo ao ente, mas aquele elemento essenciante, em cuja **verdade** pela primeira vez o (ente) pode chegar ao resguardo de um ente. GA65 (Casanova): 259 Aqui se encontra de fato obstruindo o caminho a longa tradição da metafísica e o hábito daí emergente do pensar; sobretudo quando ainda a “lógica”, ela mesma uma descendente da despotencialização inicial do ser e da **verdade**, permanece sendo considerada como um tribunal absoluto, caído do céu, sobre o pensar. GA65 (Casanova): 259 Mas o seer, que precisa ser repensado em sua **verdade**, não “é” aquele elemento universal e vazio, mas se essencia como aquele elemento único e abissal, no qual se decide algo singular da história. GA65 (Casanova): 259 No primeiro título, o ser é compreendido como a entidade do ente; no outro, como o ser, cuja **verdade** é inquirida. GA65 (Casanova): 259 A missão dos transitórios é tornar ignorantes aqueles que desejam de maneira tão “ardente” o “compreensível” e deixar como ainda não versados aqueles que não sabem para onde ir porque eles realizam um primeiro passo necessário: não esperar de um ente a **verdade**, sem cair nas garras da dúvida e do desespero. GA65 (Casanova): 259 Se, porém, o seer é o caráter indigente do deus, por mais que o seer mesmo só encontre no re-pensar a sua **verdade** e por mais que esse pensar seja a filosofia (no outro início), então “os deuses” precisam do pensar da história do seer, isto é, da filosofia. GA65 (Casanova): 259 Conceber o abismo do caráter de indigência do seer significa: ser transposto para o cerne da necessidade de fundar para o seer a **verdade**, não resistindo às consequências essenciais dessa necessidade, mas pensando ao encontro delas e, com isso, sabendo que todo pensar do seer é subtraído por meio dessa necessidade a toda instituição meramente humana, sem decair na pretensão de “absolutidade”. GA65 (Casanova): 259 Se, então, porém, o ser, apesar de desconhecido, empresta à essência da razão o fundamento e não é nada arbitrário, mas se ele mesmo em sua essenciação poderia re-quisitar o homem de maneira fundamental; e se o homem devesse reconquistar uma vez mais sua própria essência inteiramente desgastada e confusa em uma outra originariedade; e se essa conquista essencial precisasse mesmo consistir nisso, em ser requisitado pela essenciação do seer; e se o seer mesmo só pudesse fundar a **verdade** de sua essência em tal transformação do homem, que consegue ousar um pensar originário “do” seer, então anuncia-se a partir do homem um pensar modificado do ser. GA65 (Casanova): 259 Esse incalculável, porém, não é considerado pela meditação como um “erro” e um “descaso” que não precisaria ser senão lastimado, mas como história, cuja “realidade efetiva” ultrapassa essencialmente tudo o que de resto se mostra como “real e efetivo”; razão pela qual essa história é reconhecida pelos pouquíssimos, e, entre esses, concebida apenas pelos mais raros como o acontecimento apropriador que já se abre, no qual o ente na totalidade chega à decisão de sua **verdade**. GA65 (Casanova): 261 Para a experiência do ente e para o abrigo de sua **verdade**, o “projeto” é apenas o elemento provisório, o que transitoriamente se transpõe, ao prosseguir, para aquilo que é edificável e resguardável e que, enquanto guarda, recebe o selo do seer. GA65 (Casanova): 262 No saber pensante, o projeto não é o elemento provisório para algo diverso, mas o elemento único e derradeiro e, por isso, o que há de mais raro que se essencia em si como **verdade** fundada do seer. GA65 (Casanova): 262 E o orientar-se re-presentativo pelo dado pode ainda menos tornar visível a essência do verdadeiro, a **verdade**, mas sempre apenas a correção. GA65 (Casanova): 263 E o ente? Ele não chega mais à sua **verdade** em um retorno, mas? Como o resguardo do estrangeiro, e o estrangeiro traz a si mesmo ao encontro do acontecimento da apropriação e deixa se encontrar nele o deus. GA65 (Casanova): 263 Ao contrário, o seer se essencia agora de antemão em sua **verdade**. GA65 (Casanova): 265 O re-pensar do seer, a denominação de sua essência, não é outra coisa senão a ousadia de auxiliar o lançar-se para além dos deuses em direção ao seer e deixar pronta para o homem a **verdade** do verdadeiro. GA65 (Casanova): 265 A abissalidade desse pensamento, porém, também deixa o assim chamado rigor da argúcia lógica (como forma do encontro da **verdade**, não apenas da expressão do que foi encontrado) vir à tona como uma brincadeira que não se apodera de si mesma, a qual, então, também poderia se degradar e se constituir como uma erudição filosófica, na qual qualquer um, dotado com uma argúcia qualquer, pode se movimentar de um lado para o outro, sem jamais ser tocado pelo seer e sem nunca pressentir o sentido da questão acerca do seer. GA65 (Casanova): 265 Já se exige aqui o salto para o seer e sua **verdade**, a experiência de que, sob o nome de Hölderlin, acontece apropriadoramente aquele movimento de colocar em decisão – notemos bem: acontece, não aconteceu algo apropriadoramente. GA65 (Casanova): 265 Em geral, o realçar dessa “diferenciação” só pode dizer algo de maneira pensante, se ela emergir desde o início da questão acerca do “sentido do seer”, isto é, acerca da sua **verdade**; e se essa questão não for concebida como uma questão qualquer, mas se ela for questionada como a questão que decide historicamente a metafísica e que decide sobre a metafísica e seu questionar, ou seja, se o seer mesmo se transformar em indigência, uma indigência que afina pela primeira vez uma vez mais por si em sua determinação o “pensar” que lhe é pertinente. GA65 (Casanova): 266 Acontecimento apropriador é: 1) O acontecimento da apropriação, o fato de que, na urgência, a partir da qual os deuses necessitam do seer, o seer com-pele o ser-aí à fundação de sua própria **verdade** e, assim, deixa o entre se essenciar, o acontecimento da apropriação do ser-aí por meio dos deuses e a apropriação dos deuses para eles mesmos em relação ao acontecimento apropriador. GA65 (Casanova): 267 Mas se o ente não é, então isso significa: o ente permanece pertencente ao seer como o resguardo de sua **verdade**, nunca consegue, porém, se transpor para a es-senciação do seer. GA65 (Casanova): 267 Isso é, com efeito, correto, e o aceno para tanto pode servir a qualquer momento como uma primeira indicação do ser e da diferenciabilidade entre ente e seer, mas: o que resulta daqui, o que aqui já é pressuposto, o pensar metafísico da entidade, não pode subsistir enquanto o rasgo fundamental, no qual se deixariam conceber em termos da história do seer, em conformidade com o ser-aí, a essência do seer e de sua **verdade** em sua essenciação. GA65 (Casanova): 267 Apesar disso, a transição não tem como ser preparada de outro modo senão pelo fato de que, nela, a coragem para o antigo (em termos do primeiro início) se faz valer e, assim, se busca de saída impelir esse antigo mesmo para além de si: o ente, o ser, o “sentido” (**verdade**) do ser (cf Ser e tempo). GA65 (Casanova): 267 O que acontece, porém, se o fundamento propriamente dito da fuga diante do nada (mal interpretado) não for a vontade de sim e do “ente”, mas a fuga diante do caráter inabitual do ser; de tal modo que, no comportamento habitual em relação ao nada, só estaria escamoteado o comportamento habitual em relação ao seer e o desvio diante da ousadia daquela **verdade**, na qual todos os “ideais”, “estabelecimentos de metas”, “desejabilidades” e “resignações” são frustradas como pequenas e supérfluas? O caráter completamente inabitual do seer em relação a todo ente também exige, afinal, o caráter inabitual da “experiência” do seer; a raridade de tal experiência e saber, por isso, também não é espantosa. GA65 (Casanova): 269 Isso não significa, porém, dizer como é que ele se ajustaria e corresponderia ao seer, mas como ele, o ente, resguarda e perde a **verdade** da essenciação do seer, chegando aí à sua própria essência, que consiste em tal resguardo. GA65 (Casanova): 269 O seer, porém, se apropria do ser-aí em meio ao acontecimento para a fundação de sua **verdade**, isto é, de sua clareira, porque, sem essa de-cisão clareadora de si mesmo na urgência do deus e na guarda do ser-aí, ele precisaria consumir a si mesmo no fogo da própria brasa não dissolvida. GA65 (Casanova): 271 Com base no ser-aí, o homem se transforma pela primeira vez naquele ente, para o qual a ligação com o seer destina o decisivo, o que ao mesmo tempo indica que o discurso sobre uma ligação com o seer expressa na **verdade** aquilo que deve ser pensado em seu contrário. GA65 (Casanova): 271 Por quê? Para chegarem à **verdade** no ente, os deuses são inteiramente afinados por si tanto quanto o seer vai se apagando, sem se extinguir. GA65 (Casanova): 275 Se, então, porém, a metafísica mesma e seu questionamento em sua restrição essencial à questão acerca da entidade são reconhecidos e se se consegue alcançar a intelecção de que, em meio a essa questão metafísica acerca do ente na totalidade, nem tudo e precisamente o mais essencial dentre tudo o que é ainda não pôde ser de modo algum interrogado, a saber, o seer mesmo e sua **verdade**, então se abre aqui uma outra perspectiva: o seer e nada menos do que a sua essenciação mais própria poderia até mesmo constituir aquele fundamento da linguagem, a partir do qual ela criou o caráter apropriado de determinar pela primeira vez por si mesma aquilo, em relação ao que ela é explicada metafisicamente. GA65 (Casanova): 276 O homem pertence ao seer como aquele que é apropriado pelo próprio seer em meio ao acontecimento para a fundação de sua **verdade**. GA65 (Casanova): 276 Por que precisamos ousar essa decisão? Porque, com isso, a necessidade do seer é alçada ao nível da mais elevada questionabilidade e a liberdade do homem, segundo a qual ele pode estabelecer o preenchimento de sua essência no que há de mais profundo, é precipitada na a-bissalidade porque, assim, o ser é trazido para a **verdade** da mais simples intimidade do acontecimento de sua apropriação. GA65 (Casanova): 279