====== GA65 – acontecimento da apropriação ====== A plenitude do **acontecimento da apropriação** é incalculável. GA65 (Casanova): 2 Ao contrário, é preciso reconhecer que a ipseidade só emerge da fundação do ser-aí, mas que essa fundação se realiza como **acontecimento da apropriação** do que pertence à conclamação. GA65 (Casanova): 30 Aquela essência da verdade, contudo, a clareira e o encobrimento extasiantes e fascinantes como origem do aí, se essencia em seu fundamento, que nós experimentamos como **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 32 “Tempo” é em Ser e tempo a indicação e a ressonância daquilo que acontece como verdade da essenciação do seer na unicidade do **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 34 A terra, que atravessa o caminho e, enquanto caminho, o re-pensar do seer, é o entre, que se apropria em meio ao acontecimento do ser-aí para o deus, em cujo **acontecimento da apropriação** pela primeira vez o homem e o deus se tornam “cognoscíveis”, pertencentes à vigília e à urgência do seer. GA65 (Casanova): 42 Neste caso, aquilo que é aqui denominado de-cisão ganha o meio essencial mais íntimo do seer mesmo e passa a não ter mais nada em comum com aquilo que se chama a tomada de uma escolha e coisas do gênero, mas diz: a dissociação mesma, que cinde e, na cisão, deixa entrar em jogo pela primeira vez o **acontecimento da apropriação** justamente desse aberto no dissociado como a clareira para o que se encobre e ainda se mostra como in-decidido, o pertencimento do homem ao seer e a referencialidade do seer ao cerne do tempo do último deus. GA65 (Casanova): 43 Por que a verdade do seer não é nenhum suplemento e nenhum quadro para o seer e mesmo nenhum pressuposto, mas a essência mais íntima do seer mesmo? Porque a essência do seer se essência no **acontecimento da apropriação** da de-cisão. GA65 (Casanova): 44 12) Tudo isso são apenas irradiações de um encobrimento confuso e calcificado da essência do seer, sobretudo da abertura de seu fosso abissal: o fato de unicidade, raridade, instantaneidade, acaso e acometimento, retenção e liberdade, resguardo e necessidade pertencerem ao seer; o fato de esse seer não se mostrar como o que há de mais vazio e mais comum, mas como o que há de mais rico e mais elevado e só se essenciar no **acontecimento da apropriação**, acontecimento esse graças ao qual o ser-aí chega à fundação da verdade do ser no abrigo por meio do ente. GA65 (Casanova): 56 Enquanto a destruição do mundo até aqui enquanto autodestruição alardeia em meio ao vazio o seu triunfo, a essência do seer se reúne em sua mais elevada vocação: enquanto **acontecimento da apropriação** do âmbito de decisão sobre a divindade dos deuses, apropriar-se do fundamento e do campo de jogo temporal, isto é, do ser-aí, na unicidade de sua história. GA65 (Casanova): 116 O salto é o mais extremo projeto da essência do ser, de tal modo que nós nos colocamos a nós (mesmos) no assim aberto, nos tornamos insistentes e só por meio do **acontecimento da apropriação** chegamos a nós mesmos. GA65 (Casanova): 118 O salto é um salto sapiente para o interior da instantaneidade dos sítios do acometimento, daquele primeiro elemento, que arranca por meio do salto o abrigo do **acontecimento da apropriação** na palavra que acena. GA65 (Casanova): 120 Na abertura da essenciação do seer torna-se manifesto que o ser-aí não realiza nada, a não ser iniciar o contraimpulso do **acontecimento da apropriação**, isto é, a não ser inserir nesse contraimpulso e, assim, se tornar ele mesmo: o que guarda o projeto jogado, o fundador fundado do fundamento. GA65 (Casanova): 122 Assim, o seer é como a recusa atributiva o **acontecimento da apropriação** do ser-aí. GA65 (Casanova): 123 Esse **acontecimento da apropriação**, porém, tem o ímpeto para o próprio como estremecimento da deização, que precisa do campo de jogo temporal para a sua própria decisão. GA65 (Casanova): 123 Só ao homem chega o pressentimento do seer? De onde sabemos sobre esse elemento exclusivo? E esse pressentir do seer é a primeira e essencial resposta à pergunta sobre o que o homem é? Pois a primeira resposta a essa pergunta é a transformação dessa pergunta e a sua colocação sob a forma: quem é o homem? O homem pressente o seer, ele é aquele que pressente o seer, porque o seer apropria para si o homem em meio ao acontecimento, e isso de tal modo que o **acontecimento da apropriação** carece somente de um si-próprio, um si mesmo, cuja ipseidade o homem tem de sustentar na insistência, que deixa o homem, estando-em no ser-aí, tornar-se aquele ente, que é apenas e primeiramente encontrado na questão sobre o quem. GA65 (Casanova): 128 O elemento conflituoso precisa residir na essenciação do seer mesmo, e o fundamento é o **acontecimento da apropriação** como recusa, que é uma atribuição. GA65 (Casanova): 129 Ao contrário, tudo depende da doação ou da subtração do próprio **acontecimento da apropriação**; e isso mesmo se a essenciação do seer já tiver sido previamente pensada na meditação atual e se ela tiver se tornado consciente nos seus traços fundamentais. GA65 (Casanova): 130 O **acontecimento da apropriação** da fundação do aí exige naturalmente uma ida ao encontro desse acontecimento por parte do homem, e isso significa com certeza algo essencial e talvez para o homem atual algo já impossível. GA65 (Casanova): 130 A medida excessiva do **acontecimento da apropriação** pertence a ele mesmo, não como propriedade, como se o **acontecimento da apropriação** pudesse ser sem a medida excessiva. GA65 (Casanova): 131 A medida excessiva também não é naturalmente o além de um supra-sensível, mas, enquanto **acontecimento da apropriação**, a coação do ente. GA65 (Casanova): 131 Assim, o **acontecimento da apropriação** tem nesse subtrair-se doador por toda parte a essência do encobrir-se, o que, para se essenciar, precisa da mais ampla clareira. GA65 (Casanova): 131 Em que medida aquelas indicações provocam a tonalidade afetiva fundamental da retenção e em que medida a retenção afina para a docilidade com respeito àquelas indicações? Em Ser e tempo, essa ligação é concebida pela primeira vez como “compreensão de ser”, sendo que compreender precisa ser concebido como projeto e a projeção como jogada, o que quer dizer pertencente ao **acontecimento da apropriação** por parte do próprio seer. GA65 (Casanova): 134 A ligação do ser-aí com o seer pertence à essenciação do próprio seer, o que também pode ser dito assim: o seer precisa do ser-aí, não se essencia de maneira alguma sem esse **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 135 O **acontecimento da apropriação** determina o homem para a propriedade do seer. GA65 (Casanova): 143 O **acontecimento da apropriação** é a contravibração entre o homem e os deuses, mas justamente esse entre e sua essenciação, que é fundada pelo ser-aí nesse ser-aí. GA65 (Casanova): 143 O aí é o sítio acontecencial, apropriado em meio ao acontecimento e insistente do instante da virada para a clareira do ente no **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 151 A abertura do fosso abissal é o alijamento interior incalculável do **acontecimento da apropriação**, da essenciação do seer como o meio utilizado que confere pertencimento, que permanece ligado ao passar ao largo do deus e, sobretudo, à história do homem. GA65 (Casanova): 157 Com certeza: esse “fato” fundamental de nossa história não é apresentável por meio de nenhuma “decomposição analítica” da “situação” “espiritual” ou “política” do tempo, uma vez que tanto a perspectiva voltada para o “espiritual” quanto a perspectiva voltada para o “político” já se movimentam no primeiro plano e no que foi corrente até aqui, de tal modo que elas renunciam de antemão à possibilidade de experimentar a história propriamente dita – a luta do **acontecimento da apropriação** do homem pelo seer – e de questioná-la e pensá-la nas vias da disponibilização dessa história, isto é, elas renunciam à possibilidade de se tornar histórico a partir do fundamento da história. GA65 (Casanova): 189 Abertura do fosso abissal é **acontecimento da apropriação**, sobretudo e antes de tudo a abertura do fosso abissal e a partir dela a cada vez o homem histórico e a essenciação do ser, aproximação e distanciamento dos deuses. GA65 (Casanova): 190 Mas esse colocar-se e sua constância se fundam no **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 194 Por isto, é preciso perguntar: Em que história o homem precisa se encontrar, para que ele se torne pertinente ao **acontecimento da apropriação**? Ele não precisa ser empurrado de antemão para o interior do aí, cujo acontecimento se torna manifesto para ele como jogado? O caráter de jogado só é experimentado a partir da verdade do seer. GA65 (Casanova): 194 A ipseidade é o estremecimento conquistado a partir do **acontecimento da apropriação** que suporta tal acontecimento, o estremecimento da reciprocidade da contenda na abertura do fosso abissal. GA65 (Casanova): 197 O junto a si do si mesmo se essencia como insistência da a-ssunção do **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 198 Ipseidade é pertencimento à intimidade da contenda como recombate do **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 198 Os sítios instantâneos emergem da solidão da grande tranquilidade, na qual o **acontecimento da apropriação** se torna a verdade. GA65 (Casanova): 200 O **acontecimento da apropriação** em sua viragem não está encerrado nem no clamor nem no pertencimento apenas. GA65 (Casanova): 217 Todavia, resta a questão de saber se experimentamos de maneira suficientemente essencial essa essência da verdade, se assumimos esse encobrir-se em toda e qualquer ligação com o ente, e, com isso, a renúncia hesitante, a cada vez à sua própria maneira como o **acontecimento da apropriação**, nos sobre-apropriando dela. GA65 (Casanova): 225 Em que medida tal ser-aí se dá na tragédia grega? Os sítios instantâneos, unicidade e acometimento do mais claro arrebatamento extasiante no âmbito do aceno a partir do brando arrebatamento fascinante do que hesita e se renuncia, proximidade e distância na decisão, o onde e o quando da história do ser se clareando e se encobrindo a partir do **acontecimento da apropriação** da tonalidade afetiva fundamental da retenção. GA65 (Casanova): 239 Pois a renúncia hesitante é o aceno, no qual o ser-aí, justamente a constância do encobrimento clareador, é reacenado, e essa é a vibração da viragem entre clamor e pertencimento, o **acontecimento da apropriação**, o seer mesmo. GA65 (Casanova): 242 O que se renuncia, no entanto, se renuncia de maneira hesitante, presenteando, assim, com a possibilidade da doação e do **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 242 Pois somente assim permanece a história fundada em sintonia com o caráter do ser-aí no **acontecimento da apropriação** e, assim, de maneira pertinente ao seer. GA65 (Casanova): 244 E na viragem: só a fundação do ser-aí, a preparação da prontidão para o arrebatamento extasiante e fascinante em meio à verdade do seer, traz o que é pertinente e dócil para o aceno do **acontecimento da apropriação** que acomete. GA65 (Casanova): 255 O clamor ao salto no **acontecimento da apropriação** é a grande tranquilidade do conhecer-se mais velado. GA65 (Casanova): 255 O clamor é acometimento e permanência de fora no mistério do **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 255 Nós nos encontramos nessa luta em torno do último deus, isto é, em torno da fundação da verdade do seer como o tempo-espaço da tranquilidade de seu passar ao largo (não é pelo próprio deus que conseguimos lutar); e isso necessariamente no âmbito de poder do seer como o **acontecimento da apropriação** e, com isso, na amplitude extrema do mais intenso redemoinho da viragem. GA65 (Casanova): 256 O repensar da verdade do seer só tem sucesso se, no passar ao largo do deus, o apoderamento do homem para a sua necessidade se tornar manifesto e, assim, o **acontecimento da apropriação** no excesso da viragem ganhar o aberto entre o pertencimento humano e a necessidade divina, a fim de revelar seu encobrir-se como meio, a fim de se revelar como meio do encobrir-se, obrigando a reoscilação e, com isso, trazendo ao salto a liberdade para o fundamento do seer como fundação do aí. GA65 (Casanova): 256 Esse instante histórico não é nenhum “estado ideal” porque esse estado contraria a cada vez a essência da história, mas esse instante é o **acontecimento da apropriação** daquela viragem, na qual a verdade do seer chega ao seer da verdade, uma vez que o deus precisa do ser e o homem como ser-aí precisa ter fundado o pertencimento ao ser. GA65 (Casanova): 256 E talvez essa seja a forma mais fatídica da mais absoluta falta de deus e o atordoamento da impotência para o sofrimento do **acontecimento da apropriação** daquele aí enquanto estada temporária do seer, que oferece pela primeira vez ao encontrar-se do ente na verdade um sítio, atribuindo a ele o elemento justo de se achar na mais ampla distância em relação ao passar ao largo do deus, elemento justo, cuja atribuição só acontece como história; na recriação do ente em meio à essencialidade de sua determinação e em meio à libertação do abuso das maquinações, que, invertendo tudo, esgotam o ente no usufruto. GA65 (Casanova): 256 Mas permaneceu e permanece de qualquer modo uma dificuldade fundamental: o seer deve ser projetado em sua essência, e o próprio projeto é, porém, a “essência” do seer, o pro-jeto como **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 262 E o ente? Ele não chega mais à sua verdade em um retorno, mas? Como o resguardo do estrangeiro, e o estrangeiro traz a si mesmo ao encontro do **acontecimento da apropriação** e deixa se encontrar nele o deus. GA65 (Casanova): 263 Esse lance é jogado na vibração do **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 263 A essência e o fundamento desse destaque é o seer como **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 266 Esse seer se volta como o entre clareador para o interior dessa clareira e é, por isso, sem jamais ser reconhecido e pressentido como o **acontecimento da apropriação**, a partir do pensar representativo como ser em geral, algo diferenciável e diferenciado. GA65 (Casanova): 266 3) O **acontecimento da apropriação** como de-cisão traz os cindidos para a contra-posição: para o fato de que esse um em relação ao outro da mais ampla e urgente decisão precisa se encontrar na mais extrema “oposição”, porque ele transpassa o a-bismo do seer usado. GA65 (Casanova): 267 O **acontecimento da apropriação** do ser-aí deixa tal ente se tornar insistente no inabitual em face de todo e qualquer ente. GA65 (Casanova): 267 O fato de que o ser é e de que, por isso, ele não se torna nenhum ente se expressa da maneira mais aguda possível no seguinte: o seer é a possibilidade, o nunca presente à vista e o que sempre outorga e renuncia na recusa por meio do **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 267 O seer se essencia como o **acontecimento da apropriação** dos deuses e do homem para a sua contra-posição. GA65 (Casanova): 268 Na clareira do encobrimento do entre, que emerge do **acontecimento da apropriação** e com ele, acontecimento esse que se contrapõe à clareira, desponta a contenda entre mundo e terra. GA65 (Casanova): 268 E somente no campo de jogo temporal dessa contenda chega-se à preservação e à perda do **acontecimento da apropriação**, entrando no aberto daquela clareira aquilo que é denominado o ente. GA65 (Casanova): 268 O seer está, apesar de o ente enquanto tal só vibrar unicamente no **acontecimento da apropriação**, distante de maneira abissal de todo ente. GA65 (Casanova): 268 De maneira incomparável, em contrapartida, e nunca tangível em conceitos e modos de pensar metafísicos, temos o projeto do seer como **acontecimento da apropriação**, projeto esse que experimenta a si mesmo como jogado e se mantém distante daquela aparência de ser um produto. GA65 (Casanova): 268 A história só se desenrola no entre da contraposição dos deuses e do homem como o fundamento da contenda de mundo e terra; e ela não é outra coisa senão o **acontecimento da apropriação** desse entre. GA65 (Casanova): 268 O des-locamento consiste no **acontecimento da apropriação** do ser-aí; e isso de tal modo, com efeito, que no aí que se clareia (no a-bismo do que não possui Apolo nem proteção) o **acontecimento da apropriação** se subtrai. GA65 (Casanova): 269 Por outro lado, é só a partir dessa contenda que a terra chega até a sua essência (de onde e como a contenda?): o seer, o **acontecimento da apropriação** que entra uma vez mais em combate para a contraposição entre os deuses e o homem. GA65 (Casanova): 270 O entre implosivo reúne aquilo que ele volta para o aberto de seu pertencimento contestável e marcado pela recusa, em direção ao a-bismo, a partir do qual tudo (o deus, o homem, o mundo, a terra) se essencia de volta em si e, assim, deixa ao seer a única decidibilidade do **acontecimento da apropriação**. GA65 (Casanova): 270 O **acontecimento da apropriação** e a contestação, a fundação da história e a decisão, a unicidade e a unidade, o caráter de entre e o fosso aberto: todos eles jamais denominam a essência do seer como propriedades, mas eles nomeiam na essenciação respectivamente total de sua essência. GA65 (Casanova): 270 A ab-dicação deixa viger a recusa (isto é, o **acontecimento da apropriação**) de maneira soberana no aberto de sua decidibilidade. GA65 (Casanova): 271 O ser-aí funda enquanto insistência o a-bismo ejetado no **acontecimento da apropriação** pelo seer e, contudo, suportado por ela naquele ente, como o qual o homem é. GA65 (Casanova): 271 Ser próprio, proprietário expresso da essência, e suportar e não suportar de maneira jurisdicional esse caráter próprio sempre de acordo com a a-bissalidade do **acontecimento da apropriação**: isso é o que constitui a essência da ipseidade. GA65 (Casanova): 271 E esse risco é a ressonância do **acontecimento da apropriação**, a entrega da responsabilidade ao seer. GA65 (Casanova): 271