4. Uma vez situado o método fenomenológico no contexto das discussões atuais, passo à análise de certas particularidades e elementos distintivos seus. Não é fácil atingir um ponto de vista a partir do qual se possa refletir, fora da imanência da obra, sobre o problema do método, em Heidegger. O filósofo lhe dá uma importância muito grande, mas uma verdadeira exposição nunca apresentou. Há apenas a apresentação provisória do § 7 de Ser e Tempo. Por isso, resta como único recurso a prometer (…)
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Referimentos
Alguns filósofos modernos anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Ernildo Stein (1973:283-297) – Introdução ao Método Fenomenológico Heideggeriano (4-6)
2 de dezembro, por Cardoso de Castro -
Ernildo Stein (1983:30-52) – As intuições heideggerianas e o movimento fenomenológico (7-8)
2 de dezembro, por Cardoso de Castro7 A fenomenologia heideggeriana se tornaria uma meditação da finitude. A ideia de verdade e não-verdade, de velamento e desvelamento aponta para a incompletude de toda a compreensão do ser e da verdade na medida em que se dão na facticidade do ser-aí. Mas esta finitude da compreensão não é simplesmente uma limitação nas possibilidades de objetivação. Heidegger se move num terreno anterior à relação sujeito-objeto; aí nem é possível a ideia de frustração diante do todo inobjetivável. Ele (…)
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Boutot (IFH:91-93) – ciência moderna como «uma teoria do real»
1º de dezembro, por Cardoso de CastroHeidegger propõe definir a ciência moderna como «uma teoria do real». «Teoria» não designa aqui uma contemplação passiva da verdade, mas uma elaboração activa que dá forma ao real. A ciência moderna «provoca» o real, «para-o e interpela-o para que este se apresente em cada circunstância como o conjunto da causa e do que é causado, ou seja nas consequências previstas a partir das causas dadas». Fixa a evolução dos fenômenos em fórmulas matemáticas (leis e teorias) que permitem prever e (…)
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Ernildo Stein (2002:122-125) – a paradoxal condição da filosofia como tarefa da finitude
1º de dezembro, por Cardoso de CastroPassemos à análise das quatro passagens da Metafísica, para então, numa aproximação destes textos, descobrirmos a paradoxal condição da filosofia como tarefa da finitude.
1. O que foi dito nos permite traduzir o texto de Aristóteles: “Assim, portanto, se foi para fugir à ignorância que os primeiros filósofos se entregaram à filosofia, é que eles, evidentemente, buscavam o saber em vista do conhecimento e não por causa de um fim utilitário. E o contexto dos fatos disso dá testemunho: pois (…) -
Laffoucrière (1968:118-120) – nascimento do sujeito no sentido moderno
30 de novembro, por Cardoso de CastroA virada capital que se opera com o autor dos Princípios [Descartes], é a transformação da noção de sujeito e de objeto. A escolástica conservava orgulhosamente a analogia entis e, em considerando o mundo como ens creatum, fazia um sujeito e não um objeto. Uma mesa, uma casa, uma árvore guardavam para ela as características do hypokeimenon, quer dizer do suppositus. Por aí se exprimia o traço essencial da presença de todo ente, a substancialidade. O subjectum, é isto que aí está, presente (…)
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Blattner (1999:43-46) – facticidade [Faktizität] e factualidade [Tätsachlichkeit]
30 de novembro, por Cardoso de Castrodestaque
Heidegger tem de desenvolver uma conceção da determinação do Dasein que derive ou cresça a partir da sua concepção da possibilidade do Dasein, ou existencialidade: "A facticidade não é a factualidade do factum brutum de algo que ocorre, mas antes uma característica do ser do Dasein, que é levado à existência, mesmo que seja primeiramente afastado" (p. 135, ênfase alterada). Na passagem que introduz "ser-jogado" (na p. 135), Heidegger usa um dispositivo linguístico particular (…) -
Blattner (1999:34-38) – características de Dasein são habilidade
30 de novembro, por Cardoso de Castrodestaque
A tese da habilidade: Todas as características do Dasein são características de habilidade.
"Mas certamente", alguém poderá objetar, "esta Tese da Habilidade é indefensável: O Jones tem muitas características de estado, como o fato de ter um metro e oitenta". Para defender a Tese da Habilidade, argumentarei, em primeiro lugar, que a característica de estado de ter um metro e oitenta está intimamente associada a uma característica de habilidade auto-interpretativa e, em segundo (…) -
Fink (1966b:74-78) – a seriedade da vida e o jogo
29 de novembro, por Cardoso de Castrodestaque traduzido
[…] Na maioria das vezes sabemos que a vida humana tem sentido. O indivíduo não sabe claramente para onde tende sua vontade de viver mais íntima, mas sabe que ela tende para alguma coisa, que uma aspiração atua dentro dele. Cada homem é um projeto vital; cada homem dá um tom único à antiga e eterna melodia da existência. O projeto vital do indivíduo não lhe é revelado com clareza, sua meta interior não se apresenta aos seus olhos sem máscara; a maioria busca seu (…) -
Fink (1966b:9-12) – objetos dignos da filosofia
29 de novembro, por Cardoso de Castrodestaque traduzido
[…] Mas quando o pensamento filosófico desperta, não assume, como algo indiscutível, a hierarquia da interpretação mítica do universo. Os deuses, a terra e o mar, os homens, os animais, as plantas e os objectos artificiais fabricados pelo homem, tudo isso se confunde; cada uma dessas coisas é um ente. Todas as diferenças de poder têm em comum este traço fundamental que se encontra por toda parte. O deus radiante que, como Phoebus Apollo, ilumina o universo e o preenche (…) -
Fink (1966b:44-47) – homem em dois mundos
29 de novembro, por Cardoso de Castrotradução parcial
Conhecemos em inúmeras versões essa interpretação da natureza humana que determina a face do homem na metafísica ocidental: ela não faz uso da diferença fundamental entre o mundo sensível e o mundo do espírito? , entre o mundus sensibilis e o mundus intelligibilis e não localiza o homem na fronteira que separa os dois "mundos"? A interpretação metafísica do homem o torna uma natureza dilacerada, perpetuamente inquieta por causa de sua própria dilaceração; uma natureza (…)