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Geschichte
terça-feira 4 de julho de 2023
Geschichte, histoire, história, history
Geschichte, n.p.c. Historie. V. §§ 72 sq. (Martineau )
Provém do verbo geschehen (= acontecer, dar-se, processar-se), e significa o conjunto de acontecimentos humanos no curso do tempo. (Carneiro Leão )
geschichtlich: nous employons toujours cet adj. (proposé d’abord par H. Corbin), et non pas « historique » (historisch) même lorsqu’il ne s’applique pas au Dasein lui-même, mais, par exemple, à un simple outil appartenant au monde de celui-ci. (Martineau )
Geschichtlichkeit: A determinação de historicidade é anterior ao que se chama de história (o acontecer de-história-universal). Historicidade significa a constituição-de-ser do “gestar-se” do Dasein como tal, sobre cujo fundamento é unicamente possível algo assim como a “história universal” e o histórico a ela pertencente. (SZ §6)
O que é único, o que é raro, o que é simples, numa palavra, o que é grande na história [Geschichte] nunca é óbvio e permanece, por isso, inexplicável. A investigação historiográfica [historische Forschung] não desmente o que é grande na história, mas explica-o como excepção [Ausnahme]. Nesta explicação [Erklärung], o que é grande é medido pela bitola do habitual e mediano. Também não há nenhuma outra explicação historiográfica, enquanto explicação quiser dizer recondução ao compreensível e enquanto a historiografia permanecer investigação, isto é, explicação. É porque a historiografia [Historie], enquanto investigação, projecta e objectiva o passado no sentido de um conjunto de efeitos limitados e explicáveis, que exige como instrumento da objectivação [Vergegenständlichung] a crítica das fontes [Quellenkritik]. Na medida em que a historiografia se aproxima do jornalismo [Publizistik], os padrões desta crítica alteram-se. [GA5BD :105]
Com o projeto do seer como acontecimento apropriador também se pressente pela primeira vez o fundamento e, com isso, a essência e o espaço essencial da história. A história [Geschichte] não é nenhum privilégio do homem, mas é a essência do próprio seer. A história só se desenrola no entre da contraposição dos deuses e do homem como o fundamento da contenda de mundo e terra; e ela não é outra coisa senão o acontecimento da apropriação desse entre. A historiologia nunca alcança, por isso, a história. [GA65 :§268; GA65MAC:463]
GESCHICHTE E CORRELATOS
conjunto-dos-acontecimentos [EssaisConf]
história [STMSCC]
histoire [ETEM ]
history [BTJS ]
NT: History (Geschichte), 9-10, 19-24, 372-382, 386, 388, 391, 399, 417, 418 n. 5, 426, et passim; of useful things, works, culture, spirit, and ideas, 395; of the human sciences, 398; of literature, 10, 397; of ontology, 19-26 (§ 6), 39; of philosophy, 392; of the present, 393; of problems, 10, 23, 249 n. 6; of the sciences of man, society, and state, 398; of the spirit, 395, 397; of the uncovering of the archai, 212; of what-has-been-there, 395; of the word ‘cura’, 199; of the word logos, 32; of the word ‘phenomenology’, 28; philosophy of history, 402 (Yorck); natural history, 388; world, 19-20, 332, 377, 381-382, 387-395, 428 n. 17, 434 (Hegel ); having a history, 378, 382, 417; making history, 378; Hegel on history, 428, 434, 436; Yorck on history, 400. See also Historicity [Geschichtlichkeit] [BTJS ]
NT: ‘In den historischen Geisteswissenschaften . . .’ Heidegger makes much of the distinction between ‘Historie’ and ‘Geschichte’ and the corresponding adjectives ‘historisch’ and ‘geschichtlich’. ‘Historie’ stands for what Heidegger calls a ‘science of history’. (See H. 375 , 378 .) ‘Geschichte’ usually stands for the kind of ‘history’ that actually happens. We shall as a rule translate these respectively as ‘historiology’ and ‘history’, following similar conventions in handling the two adjectives. [BTMR ]
N6 Cette traduction est désormais bien admise pour rendre compte de la distinction fondamentale que fait Heidegger entre Historie et Geschichte, entre l’histoire manifeste, telle que la représente l’historiographie, traduction que je retiendrai du mot Historie, et l’histoire essentielle. Disons tout de suite que cette traduction par historial sera pour moi exclusive de toute autre et qu’en conséquence, à l’encontre d’autres traducteurs, je ne traduirai jamais geschichtlich par historique, sauf quand il est accolé à un autre mot (weltgeshichtlich par exemple) dans les notes explicatives ou les citations d’auteurs. L’occasion sera donnée ultérieurement au lecteur d’en comprendre la raison, notamment lorsqu’il s’agira d’éviter les confusions qu’entraîne l’utilisation par Heidegger du terme historisch (traduit de façon systématique par historique) dans certains passages où le mot se téléscope avec geschichtlich, laissant ainsi le traducteur en plein désarroi (en particulier tout au long du § 73). En faisant ce choix délibéré, le traducteur, fidèle à sa méthode, place le lecteur dans la même situation que lui, laissant ainsi celui-ci face à sa propre interprétation des mots allemands distincts qu’emploie Heidegger, sans le perturber par l’équivocité éventuelle du mot français unique que celui-là utiliserait pour reproduire ladite pensée (en l’occurrence la double signification possible du mot historique). [STJA]
Historicidad se dice en alemán Geschichtlichkeit, y esta palabra deriva de la palabra alemana Geschehen, que quiere decir acontecer. La Geschichtlichkeit es, pues, el carácter «aconteciente» de la existencia humana. Geschichte significa la historia, entendida como el acontecer humano. En alemán la historia entendida como el saber histórico se dice con otra palabra: Historie. (N. del T.) [STJR ]
Geschichte (die): «historia». Geschichte es la historia que efectivamente acontece, la historia que nosotros mismos somos en el proceso de gestación histórica de nuestra existencia, y es radicalmente distinta de la Historie («historiografía») en el sentido de la ciencia histórica que convierte la historia en un simple objeto de estudio. Véanse también las entradas Geschichtlichkeit (die), geschichtlich e Historie (die), Historizität (die), historisch. [GA56/57, pp. 38, 123, 130, 132 (historia universal), 135 (comprender la historia), 163, 169, 170; GA59 , pp. 5, 20, 43 (significado de historia), 50, 53 (tener la historia), 59, 60-66, 66-74, 71-72, 86; GA60 , pp. 23, 77, 124-125 (relación genuina con la historia), 173, 322; NB , pp. 17, 19 (apropiación de la historia), 19-20 (la historia permanece efectiva en el presente); GA63 , pp. 35-39 (conciencia), 37-38; GA17 , pp. 88, 92-94 (degradación del Dasein histórico), 113-114 (historia que somos), 117, 119, 122 (destrucción), 198 (= nosotros), 213 (ciencia histórica); GA20 , pp. 1, 6-7 (tiempo), 19 (Dilthey ), 186, 386 (genuina), 416 (≠ objetividad); KV, p. 174; GA21 , pp. 124, 152 (historicidad del lenguaje); GA2 , pp. 372-378 (exposición ontológica de la historia), 375, 381 (historia del mundo), 386 (futuro), 387-392 (historia universal), 391 (historia como retorno), 399 (≠ naturaleza), 401.] [LHDF]
NT: 3. La distinction de Geschichte (histoire) et de Historie, de geschichtlich (historique) et de historisch semble assez claire. Geschichte désigne tout ce qui arrive (geschicht). C’est la réalité historique telle qu’elle est en elle-même, avec tout ce qu’elle implique comme appels, forces, réactions, destinées. En ce sens, il est question de l’histoire de l’être. L’Historie est la science historique avec ses résultats, c’est ce que nous faisons et voyons. On pourra se reporter aux observations de l’auteur p. 71. Nous écrivons dans les deux cas histoire et historique, mais là où le texte porte Historie ou historisch, le mot français est placé entre guillemets. [GA7 348]
NT: HISTORIA-HISTORIOGRAFIA = GESCHICHTE-HISTORIE: Em geral a língua alemã tem duas palavras que se usam promiscuamente, "Geschichte" e "Historie". "Geschichte" provém do verbo, "geschehen" (= acontecer, dar-se, processar-se), ie significa o conjunto dos acontecimentos humanos no curso do [96] tempo. "Historie", de origem grega através do latim, é a ciência da "Geschichte". Em sua filosofia Heidegger distingue rigorosamente as duas palavras, e entende a partir de sua interpretação da História do Ser, "Geschichte" dialeticamente como a iluminação da diferença ontológica. Daí poder falar em "Geschichte" do ente e em "Geschichte" do Ser. Traduzimos "Historie" por historiografia, e "Geschichte" do ente por história com minúscula e "Geschichte" do Ser por História com maiúscula. [GA40 ]
O alemão possui duas palavras para " história", Geschichte e Historie. Heidegger encontra seis sentidos diferentes para Geschichte (GA59 , 43ss Cf. SZ , 378s):
1. A ciência ou tema da história (Geschichtswissenchaft): "Eu estou estudando (ou ‘fazendo’) história". Isto é a história como " atitude teórica coerente, como a lógica concreta de um campo" (GA59 , 59).
2. As "realizações efetivas" do trabalho em um problema ou filosofia: "Aproximar-se do problema por meio da sua história"; "Ele tem pouca compreensão da filosofia, mas é perito na sua história". Isto é a história como o passado (das Vergan-gene), o que aconteceu, em sua totalidade, particularmente as realizações individuais e sociais dos homens.
3. Falar de tribos e povos sem história não significa que eles não estudem história, que não possuam ancestrais reais, ou que não sejam o produto de uma realidade precedente, e sim que não possuem tradição (Tradition), "eles não se ‘sentem’ como sucessores de gerações anteriores" (GA59 , 46). Tradição é história como o passado próprio de alguém, que se carrega constantemente consigo, se preserva e renova.
4. A história é o grande mestre da vida, p.ex. para a política. Isto é, não o passado próprio de alguém, mas o passado realçado pelas tendências correntes, não especificamente pessoais, de Dasein, à medida que procura guiar-se a partir do que lhe é familiar.
5. Dizemos: "Esta cidade possui uma história variada", "Ele tem uma história triste". Esta história é o passado próprio de alguém, o passado que se "tem", no sentido mais íntimo da expressão ambígua "ter uma história" (GA59 , 52ss).
6. Dizemos: " E a mesma velha história [Geschichte]", " Eu fui envolvido em uma história [Geschichte] muito desagradável". Isto é história como evento, ocorrência, do modo como acontecimentos ocorrem na vida real, no mundo em torno de nós, para alguém e para as pessoas em torno deste alguém.
Na época de SZ , Heidegger refere-se à história no sentido 1, o estudo sistemático de acontecimentos passados, como Historie ("historiografia", ou em alguns contextos "o historiador"), reservando Geschichte para a história que acontece. Similarmente, o adjetivo historisch pertence ao estudo de acontecimentos passados, enquanto ges-chichtlich e Geschichtlichkeit (" historicidade") pertencem ao que acontece. Heidegger frequentemente usa Historie e historisch de maneira depreciativa: "[…] a historiografia esforça-se para alienar Dasein de sua historicidade autêntica. A historicidade não necessariamente requer a historiografia. Eras não historiológicas, não dotadas de historiografia, não deixam de ser históricas por esta razão" (SZ , 396).
Inversamente, não poderia haver Historie se não houvesse Geschichte. Mas Geschichte, ou Weltgeschichte, "história do mundo", dependem por sua vez da Geschichtlichkeit. Não poderia haver história em ambos os sentidos se dasein não fosse histórico. Até mesmo o membro de um povo "não histórico" no sentido 3 acima é "histórico" neste sentido mais básico. Ser "histórico", no sentido de Heidegger, é uma condição de ser tanto histórico quanto não histórico em sentido usual. A historicidade de Dasein depende de seu acontecimento ou " historização", o modo peculiar pelo qual ele se estende entre seu nascimento e sua morte (SZ , 374s). Uma montanha ou um cachorro possuem um passado que afeta sua condição presente. Mas Dasein "é o seu passado" (SZ , 20), atuando como atua na visão tácita de seu passado. Não cumpro promessas, não me arrependo de meus pecados ou voto no meu partido nas eleições por causa do efeito causal que possui sobre mim aquilo que fiz ou sofri no passado ou meramente para me assegurar de certos resultados desejáveis. Eu o faço em vista de minha coerência e integridade como uma pessoa que possui duração, com um passado e um futuro. Mas o "próprio passado de Dasein […] sempre significa o passado da sua ‘geração’" (SZ , 20, cf. 385). Dasein não é, portanto, simplesmente o seu "próprio" passado, mas o passado da sua comunidade, tanto antes quanto depois do seu nascimento; seu acontecimento entremeia-se com o acontecimento de Dasein passado. Ele "cresceu dentro de e em uma interpretação de Dasein herdada", em função da qual ele compreende a si mesmo e às suas possibilidades (SZ , 20). Um filósofo precisa empreender uma destruição, uma inspeção crítica, desta tradição. O Dasein não filosófico realiza uma repetição das possibilidades fornecidas pela tradição, se é autenticamente histórico. Não o sendo, Dasein permanece disperso em negócios e ocupações atuais e seu interesse pela história se vê confinado a relíquias e registros históricos. A historicidade de Dasein lhe dá acesso ao passado histórico, fornecendo assim a base para a historiografia. A obra do historiador está iniciada e guiada não primordialmente pelas ruínas e documentos, mas por uma concepção prévia da história, assim como pela natureza da própria historicidade do historiador (GA6T2 , 110). [DH ]
A História (Geschichte) como a sequência de épocas em que o ser se dá e se suspende (épochè significa «suspensão») é diferente da pesquisa histórica (Histoire). O adjectivo historiai remete para a história do Ser. [HEH:14]