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Gadamer (1999:25) – hermenêutica, como teoria da experiência real
terça-feira 26 de novembro de 2024
[…] meu livro [Verdade e Método] está postado metodicamente sobre um solo fenomenológico. Pode até soar como um paradoxo, quando por outro lado, justamente a crítica de Heidegger ao questionamento transcendental e seu pensamento da “virada” (Kehre) serve de fundamento ao desenvolvimento do problema hermenêutico universal, que eu empreendo. Eu porém acho que o princípio da demonstração fenomenológica pode ser aplicado também a essa formulação de Heidegger, à qual pela primeira vez liberou o problema hermenêutico para si próprio. Foi por isso que eu mantive o conceito "hermenêutica”, que o jovem Heidegger empregou, porém não no sentido de uma doutrina de método, mas como uma teoria da experiência real, que é o pensamento. Desta forma, tenho de destacar que minhas análises do jogo ou de linguagem são pensadas de forma puramente fenomenológica [1]. O jogo não surge na consciência do jogador, e enquanto tal é mais do que um comportamento subjetivo. A linguagem não surge na consciência daquele que fala, e enquanto tal é mais do que um comportamento subjetivo. E justamente isso que pode ser descrito como uma experiência do sujeito e não tem nada a ver com “mitologia” ou “mistificação” [2].
[GADAMER , Hans-Georg. Verdade e Método. Tr. Flávio Paulo Meurer. Petrópolis: Vozes, 1999]
Ver online : Hans-Georg Gadamer
[1] O conceito de "jogos de linguagem” de Ludwig Wittgestein me pareceu, por isso, plenamente natural, quando tive contato com ele. Cf. Die phänomenologische Bewegung, p. 37s.
[2] Cf. meu epílogo à edição-propaganda do artigo de Heidegger sobre a obra de arte (p. 108s) e recentemente o artigo no Frankfurter Allgemeine Zeitung (F.A.Z.), de 26.09.1964, em: Die Sammlung, 1965, cad. 1 [Kleine Schriften III, p. 202s).