Emergência do sujeito-objeto

Na emergência do sujeito e do objeto “modernos”, em detrimento do {subjectum-objectum} medievais, a “{Nova Ciência}” (título de obra de Galileu) vai pressupor um “sujeito” a partir do olhar de um humano, sem qualquer fundamentação ou referência ao {ser} humano, enquanto uma mirada constitutiva simultaneamente de sujeito e objeto. O que importa doravante é a representação assumida de objeto de um sujeito, que vai justamente se apresentar em substituição ao mirar como aquilo pelo qual é possível se fazer ciência; através do paradigma sujeito-objeto, se acumulam conhecimentos, informações, mas não saber. Heidegger (1999, p. 51) afirmou em “{Introdução à Metafísica}”: “Possuir simples conhecimentos ({Kenntnisse}), por mais amplos que sejam, não é saber ({Wissen})”.

O volume crescente de “dados científicos” reunidos sob este novo paradigma, alimentam e mantêm um {pensar calculativo}, porém não suprem a perda ontológica ocorrida na emersão da ciência moderna, assim como o arsenal de novas técnicas e tecnologias desenvolvidas em íntima relação com a ciência, em constituição e instituição, não podem evitar os efeitos desta mesma perda pelo esquecimento e abandono do {ser} humano. Esse {decair} ({Verfallen}) é mais essencial e mais destinal, indo além do alcance do {pensar calculativo} e de qualquer compensação por um saber científico e por suas técnicas co-engendradas. O {decair} é do {ser-aí}, é do “{ser}” humano.