Stimmung, Stimmungen, tonalité, humeur, estado-de-ânimo, estados-de-ânimo, tonalidade afetiva, tonalidades afetivas, afinação, afinações, humor, mood, estado de ánimo, disposición afectiva
Stimmung: la tonalité qui donne le ton, dans lequel vibre, primordialement reconnaissable, le timbre d’une voix (Stimme), en laquelle se manifeste ce qu’a de parfaitement unique tout ce qui présente un visage de l’être. (GA65FF:36)
“Aquilo que dá prazer, tanto quanto aquilo que arrefece a tonalidade afetiva, pode destruir ou confundir a ὑπόληψις (hipótese).” (Cf. 1140b13ss.) Uma tonalidade afetiva pode encobrir o homem para si mesmo; ele pode passar a atentar para coisas secundárias; ele pode ficar tão imerso em si mesmo, que não se vê propriamente. Por isso, ele sempre necessita uma vez mais da salvação da φρόνησις (circunvisão). A circunvisão ante si mesmo e a intelecção de si mesmo sempre precisam ser reconquistadas uma vez mais em contraposição ao risco do διαφθείρειν (destruir) e διαστρέφειν (confundir). (GA19:51; GA19MAC:54)
A tonalidade afetiva (Stimmung) é a pulverização do estremecimento do seer como acontecimento apropriador no ser-aí. (GA65 §6)
VIDE: (Stimmung e afins->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Stimm)
(Stimme (e))
Stimmung (e): disposição afectiva
Übereinstimmung (e): adequação, concordância (GA5BD)
humor (STMSCC)
tonalité (ETEM)
mood (BTJS)
tonalidade afetiva (Casanova)
O que traduzimos acima por “tonalidade afetiva” tem por correlato no original o termo Stimmung. O sentido dessa tradução visa a acompanhar o mais proximamente possível o sentido do termo no pensamento de Heidegger. Para Heidegger, a Stimmung designa o modo como experimentamos originariamente a convivência com os outros em geral, e não possui uma conotação psicologizante qualquer. A Stimmung não é nem um sentimento que esteja presente na minha interioridade, nem um afeto que marca o modo como a minha subjetividade percebe o real. Ao contrário, ela se mostra muito mais como uma atmosfera ou um astral que atravessa a totalidade. Ela é uma tonalidade que transpassa afetivamente a abertura do mundo em que me encontro. (Casanova)
NT: Mood (Stimmung), 134-139, 142, 148, 162, 169, 190, 251-252, 265, 270, 276-277, 284, 310, 335, 339-346, 371; bad, 134, 136; lack of, 134, 345, 371. See also Affect; Attunement; Feeling (BTJS)
NT: O étimo alemão Stimme (= a voz, o voto) constitui, na experiência que exprime, uma fonte de inúmeras derivações e composições. Como Stimmung, designa o estado e a integração dos diversos modos de sentir-se, relacionar-se e de todos os sentimentos, emoções e afetos bem como das limitações e obstáculos que acompanham essa integração. A tradução por humor empobrece essa riqueza conotativa. Não obstante, presta-se melhor do que “estado de alma”, “estado de ânimo”. (STMSCC:321)
Disposição (Stimmung) é um originário modo de ser do ser-aí, vinculado ao sentimento de situação (Befindlichkeit) que acompanha a derelicção (Geworfenheift). Pela disposição (que nada tem a ver com tonalidades psicológicas) o ser-no-mundo é radicalmente aberto. Esta abertura antecede o conhecer e o quer e é condição de possibilidade de qualquer orientar-se para próprio da intencionalidade (veja-se Ser e Tempo, § 29). Jogando com a riqueza semântica das derivações de Stimmung: bestimmt, gestimmt, abstimmen, Gestimmtheit, Bestimmtheit, Heidegger procura tornar claro como esta disposição é uma abertura que determina a correspondência ao ser, na medida em que é instaurada pela voz (Stimme) do ser, O filósofo toca aqui nas raízes do comportamento filosófico, da atitude originalmente do filosofar. (MHeidegger 36)
Stimmung significa “humor”, como em “de bom humor, de mau humor”, incluindo um “humor geral” ou “atmosfera”. Também significa “afinação, entonação”. Vem de Stimme, “voz”, “voto”. Esta palavra deu origem a stimmen, originalmente (a) ” deixar ouvir a voz de alguém, gritar”, (b)” fixar, nomear”, (c) ” tornar harmônico, idêntico”. O sentido (a) gerou o sentido de “dar um voto”, (b) abriu caminho para bestimmen, “determinar, destinar etc.”, uma palavra usada frequentemente, por Heidegger, embora sem nenhuma significação especial; (c) na origem, era usada para a mente humana, mas atualmente designa “afinar” um instrumento musical. Há também um uso intransitivo de stimmen como “caber, combinar, ser correto”. O particípio passado gestimmt significa “de acordo, em um certo humor”, sendo o humor geralmente determinado por um advérbio. Esta palavra gera Gestimmtheit e Gestimmtsein, “concordância, ter e estar em um humor, estar em sintonia”. (DH)
Stimmung (die): «estado de ánimo», «disposición emotiva». El Dasein está determinado ontológicamente por la disposición afectiva (Befindlichkeitj, lo que significa que se encuentra en cada caso en cierto estado de ánimo. El estado de ánimo (Stimmung) muestra el modo como el Dasein se encuentra en situaciones concretas, es decir, plasma su constitución óntica. En sus escritos posteriores, el término Stimmung desplaza al de la Befindlichkeit. En la filosofía del Seinsereignis (acontecimiento del ser), los estados de ánimo cobran un protagonismo fundamental. Frente al privilegio que la tradición filosófica concede a la racionalidad científica, Heidegger reivindica la peculiar capacidad de apertura de los estados de ánimo. Si el ser se sustrae a cualquier intento de representación, si el ser se oculta cuando queremos aprehenderlo conceptualmente, parece que solo quede la posibilidad de un acceso afectivo al espacio de juego y al horizonte de sentido abierto por el ser mismo. Efectivamente, el acontecimiento del ser se manifiesta básicamente a partir de diferentes estados de ánimo como el espanto (Erschrecken), la contención (Verhaltenheit), el júbilo (Freude), el asombro (Erstaunen), la angustia (Angst), el pudor (Scheu), el aburrimiento (Langeweile), la serenidad (Gelassenheit). El pensamiento esencial, como se afirma en Contribuciones a la filosofía (1936-1938), arranca de este amplio registro de afecciones fundamentales. Si éstas cesan, «entonces todo se convierte en un cencerreo forzado de conceptos y en una cascarilla de palabras» (GA65, p. 21). Sólo desde el trasfondo de nuestras diferentes disposiciones anímicas experimentamos el mundo y se manifiesta el ser en toda su plenitud. En este sentido, en la conferencia ¿Qué es la filosofía? (1956) se reconstruye la historia de la filosofía en términos de una serie de estados de ánimo que marcan la forma de pensamiento en las diferentes épocas históricas: los griegos pensaron desde el asombro, la filosofía moderna arranca de la dubitatio y en la época contemporánea estamos instalados en el espanto ante la maquinación (Machenschaft) del mundo técnico que configura la realidad en forma de engranaje (Gestell). Véase la entrada Befindlichkeit (die). (GA20, pp. 351, 352; SZ, pp. 134-139, 148, 162, 310, 328, 340.) (LHDF)