Schicksal

Schicksal, Geschick, Ge-schick, schicksalhaft, destin, co-destin, fado, destiny, destino, fate, destinal

A essência da técnica moderna repousa na com-posição (Ge-stell). A com-posição pertence ao destino do desencobrimento (Geschick der Entbergung). Estas afirmações dizem algo muito diferente do que a frase tantas vezes repetida: a técnica é a fatalidade (Schicksal) de nossa época, onde fatalidade significa o inevitável de um processo inexorável e incontomável.

Quando pensamos, porém, a essência da técnica, fazemos a experiência da com-posição, como destino de um desencobrimento. Assim já nos mantemos no espaço livre do destino. Este não nos tranca numa coação obtusa, que nos forçaria uma entrega cega à técnica ou, o que dá no mesmo, a arremeter desesperadamente contra a técnica e condená-la, como obra do diabo. Ao contrário, abrindo-nos para a essência da técnica, encontramo-nos, de repente, tomados por um apelo de libertação (befreienden Anspruch).

A essência da técnica repousa na com-posição. Sua regência (Walten) é parte do destino. Posto pelo destino num caminho de desencobrimento, o homem, sempre a caminho, caminha continuamente à beira de uma possibilidade: a possibilidade de seguir e favorecer apenas o que se des-encobre na dis-posição e de tirar daí todos os seus parâmetros e todas as suas medidas. Assim, tranca-se uma outra possibilidade: a possibilidade de o homem empenhar-se, antes de tudo e sempre mais e num modo cada vez mais originário, pela essência do que se des-encobre e seu desencobrimento (Wesen des Unverborgenen und seine Unverborgenheit), com a finalidade de assumir, como sua própria essência, a pertença encarecida ao desencobrimento.

Entre essas duas possibilidades, o homem fica ex-posto a um perigo que provém do próprio destino. Por isso, o destino do desencobrimento é o perigo em todos e em cada um de seus modos e, por conseguinte, é sempre e necessariamente perigo (Gefahr). (GA7CFS:28-29)


VIDE: (Schicksal e derivados->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Schick)

destino, destinação, envio (STMSCC; STCastilho; GA7)
destin (ETEM)
fate (BTJS)

NT: ne pas confondre Geschick (ETEM)


NT: Fate (Schicksal), 166, 384-392, 394-395, 410, 435. See also Destiny; Historicity (BTJS)


Heidegger, certas vezes, liga Schicksal a “graça” e “convocação”, conceitos calvinistas que extrai da Ética protestante e o espírito do capitalismo de Weber (1904/5) (GA58, 167, 259s). Uma outra influência foi Spengler, que argumentou que enquanto a causalidade reina na natureza e nas ciências naturais, a história envolve Schicksal. O conceito oscila. Significa indiscutivelmente envio: “A história real é grave de envio mas livre de leis. Pode-se adivinhar o futuro (…) mas não calculá-lo. O discernimento fisionômico que capacita alguém a ler toda uma vida em uma face ou a resumir povos inteiros a partir do quadro de uma época (…) é absolutamente distante de toda ‘causa e efeito’” (DW, 118). Ele é também o destino escolhido por si mesmo: “Sente-se que é mais ou menos incidental quando Goethe vai a Sesenheim (no feriado como um estudante), mas que é o destino quando vai a Weimar; considera-se o primeiro como um episódio e o segundo como uma época. (…) E assim que, talvez, a descoberta do sistema heliocêntrico por Aristarco tenha sido um incidente insignificante para a cultura clássica, mas a sua suposta redescoberta por Copérnico um destino para a cultura inspirada por um Fausto” (DW, 139). (DH)


Schicksal (das): «destino individual»; «suerte». Una vez que el Dasein asume la propia muerte y aprehende la finitud de su existencia, se abre la posibilidad de determinar y elegir libremente su destino individual (Schicksal), que hay que distinguir claramente del destino colectivo (Geschick), al que todo Dasein se halla vinculado por su pertenencia a una comunidad histórica. Por tanto, Schicksales el destino que un individuo elige por sí mismo. En ocasiones, Heidegger vincula Schicksal con «gracia» y «vocación», conceptos calvinistas que toma de la Ética protestante y el espíritu del capitalismo (1905), de Max Weber (véase GA58, p. 167, 259s). Asimismo, se deja sentir la influencia de la tesis de La decadencia de Occidente, de Oswald Spengler (1918), quien afirma que el destino gobierna la historia, mientras que la causalidad reina en la naturaleza. Véase también la entrada Geschick (das). (GA63, p. 91; SZ, pp. 384-385, 386.) (LHDF)


1. This statement may well puzzle the English-speaking reader, who would perhaps be less troubled if he were to read that the irresolute man can have no ‘destiny’. As we shall see in the next paragraph, Heidegger has chosen to differentiate sharply between the words ‘Schicksal’ and ‘Geschick’, which are ordinarily synonyms. Thus ‘Schicksal’ (our ‘fate’) might be described as the ‘destiny’ of the resolute individual; ‘Geschick’ (our ‘destiny’) is rather the ‘destiny’ of a larger group, or of Dasein as a member of such a group. This usage of ‘Geschick’ is probably to be distinguished from that which we have met on H. 16, 19, and perhaps even 379, where we have preferred to translate it by ‘vicissitude’. The suggestion of an etymological connection between ‘Schicksal’ and ‘Geschick’ on the one hand and ‘Geschichte’ (our ‘history’) and ‘Geschehen’ (our ‘historizing’) on the other, which is exploited in the next paragraph, is of course lost in translation. (BTMR:436)


N3 « Dire que le Dasein ‘référé-à-soi’ est destin, ce n’est qu’une autre manière de dire qu’il est historial » (DHQT, page 85) Et Jean Greisch, de son côté (OTGreisch, page 365), précise : « Loin d’avoir la connotation fataliste de l’ananke, d’un événement inéluctable auquel personne ne peut se soustraire, le terme désigne dans le présent contexte ‘l’advenir originel du Dasein, inclus dans l’‘être-résolu’ propre, où, libre pour la mort, ‘il se lègue à lui-même dans une possibilité dont il a hérité, mais qu’il a néanmoins choisie’. C’est donc dans le rapport de soi à soi et à ses propres possibilités existentiales qu’il s’agit de découvrir la figure la plus propre du destin. Celui-ci n’est alors jamais le résultat plus ou moins heureux ou malheureux d’occurrences et de circonstances aléatoires. Ce n’est que parce que dans son être lui-même le Dasein est destin ou destinal qu’il peut être frappé de ‘coups de destin’. » (ETJA)