Quanto à significação da linguagem (…) é a partir de um exame da concepção heideggeriana de linguagem que devemos esperar esclarecimentos. Isso também será decisivo para entender a legalidade dos Esclarecimentos sobre a Poesia de Hölderlin (GA4). Devemos, portanto, retornar a Ser e Tempo, onde a linguagem é examinada tematicamente pela primeira vez (SZ, § 34 (ET34); “Dasein e Discurso. Linguagem”; § 68 d (ET68): ‘A temporalidade da fala’).
A fala, como o fundamento existencial-ontológico da linguagem, é considerada tão original quanto a disposição e a compreensão. Esses são os pressupostos com base nos quais o fenômeno da linguagem virá à tona em publicações subsequentes. Quanto ao resto, como no caso da História (e da Verdade), o locus ontológico do fenômeno é apenas indicado, não explicado discursivamente como tal.
Também deve ser observado que o termo fala (Rede), como fundamento da linguagem, foi posteriormente abandonado e substituído, em certa medida, pela palavra ser (Wort des Seins). Assim, o posfácio da palestra “O que é metafísica?” (1943) diz sobre a fala que ela só deixa resultar a língua como a ressonância da fala nas palavras (GA9:WM, 49). A Carta sobre o Humanismo (GA9) também fala (143) dessas correlações: O pensamento só traz à linguagem, em seu dizer, a palavra não pronunciada do ser.
A expressão usada aqui, “trazer à linguagem”, deve ser tomada literalmente. O ser vem, se aclarando, à linguagem. Ele está sempre a caminho em direção a ela (GA9:Hb, 45).