rechnen

rechnen, berechnen, Berechnung, calcule, cálculo, calculation, reckon; Rechnung, compte, comput

Do mesmo modo, em que a natureza, expondo-se, como um sistema operativo e calculável de forças (berechenbarer Wirkungszusammenhang von Kräften) pode proporcionar constatações corretas, mas é justamente por tais resultados que o desencobrimento pode tornar-se o perigo de o verdadeiro se retirar do correto.

O destino do desencobrimento (Geschick der Entbergung) não é, em si mesmo, um perigo qualquer, mas o perigo (Gefahr). (GA7PT:29)


Pois nenhum computo ou ato humano pode, apenas por si mesmo e por meio de si mesmo, mudar o rumo do estado atual do mundo; porque justamente a maquinação humana já foi moldada por este estado do mundo e lhe pertence. Como então, pois, ela poderia assenhorear-se dele? (GA4:195, tr. Claudia Pellegrini Drucker)


O cálculo (Berechnung) – estabelecido pela primeira vez no poder por meio da maquinação da técnica (Machenschaft der Technik), maquinação essa que se funda, em consonância com o saber, na matematização; aqui a conceptualidade (Vorgriff) prévia se mostra obscura em termos de sentenças diretrizes (Leitsätze) e de regras (Regeln), e, por isso, a segurança (Sicherheit) da direção (Lenkung) e do planejamento (Planung), o ensaio (Versuch, experimentação); a inquestionabilidade (Fraglosigkeit) do atravessar de algum modo; nada é impossível, se está certo do “ente”; não se necessita mais da pergunta sobre a essência da verdade (Wesen der Wahrheit); tudo tem de se orientar pelo estado respectivo do cálculo; a partir daí, o primado da organização, recusa a uma mudança que cresça livremente desde o fundamento; o incalculável (Unberechenbare) é aqui apenas o ainda não dominado pelo cálculo, mas que em si pode ser expressamente capturado; portanto, de modo algum aquilo que se encontra fora de todo cálculo; em instantes “sentimentais”, que não raramente estão precisamente sob o “domínio” do cálculo, o “destino” (Schicksal) e a “providência” (Vorsehung) são tomados por empenho, mas nunca de tal modo que poderia emergir daquilo que é aí conclamado uma força configuradora, que poderia algum dia indicar os limites da mania do cálculo (Sucht zur Berechnung).

O cálculo é visado aqui como a lei fundamental do comportamento (Grundgesetz des Verhaltens), não como a mera reflexão (Überlegung) e até mesmo a astúcia (Schlauheit), que pertencem a todo modo de agir humano. (GA65PT:119-120)


VIDE: (rechnen e afins->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=rechn)

compter
reckon
Rechnen = avaliação, conta, cálculo
recknen = contar, etc.

NT: Reckon (rechnen), 284, 293, 333; reckon on, 356, 412-413; r. up, 207, 283, 288-289, 292, 294, 300, 406; r. with: 125, 235, 333, 356, 371, 404, 411-413, 420, 422; take into one’s reckoning, 71, 81, 83, 103, 290, 356, 371, 404-405, 411, 413; time-reckoning, 235, 333, 411-412, 414-418, 418 n. 5; See also Calculating; Estimating (BTJS)


O pensar forma uma hierarquia. No fundo está das rechnende Denken, “o pensamento calculador” ou das Rechnen, “avaliação, conta, cálculo”, de rechnen, “contar etc.”, uma palavra que, junto com compostos tais como berechnen, “calcular”, normalmente recebem em Heidegger um tom negativo. “A cotidianidade (Alltäglichkeit) considera Dasein como um assunto de ocupação simplesmente-dado (Vorhandenheit), isto é, algo dirigido e calculado (verrechnet). A ‘vida’ (Leben) é um ‘negócio’, quer ela cubra ou não os seus gastos” (SZ, 289). “Pensar no sentido de calcular (Berechnens) (…) subsiste unicamente dentro de um horizonte fixo, dentro de limites, não vistos por esse pensar” (GA6T2, 639). O pensamento do cientista não é tão ofuscado quanto o do comerciário, mas nenhum deles transcende o seu horizonte para refletir sobre ele e sobre o seu próprio pensamento (GA6T1, 372). (DH:142-143)


N.T.: A tradução fica aqui um tanto artificial em função de uma peculiaridade da língua alemã. O alemão faz uma diferença entre contar com algo (rechnen mit), pressupor que algo acontecerá, e contar com algo (rechnen auf), poder estar seguro de algo com base na natureza daquilo com o que contamos. Para acompanharmos essa distinção, optamos por traduzir rechnen auf por “contar com base em”. (Casanova; GA6MAC:623)