Tomado estritamente no sentido do conceito nietzschiano de vontade, o poder nunca pode ser pressuposto previamente como meta para a vontade, como se o poder fosse algo que pudesse ser estabelecido inicialmente como estando fora da vontade. Porquanto a vontade é decisão por si mesma como um assenhoramento que se estende para além de si; porquanto a vontade é querer para além de si, a vontade é potencialidade que se potencializa para o poder.
Casanova
O querer mesmo é um assenhoramento (…)
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Wille / Wollen / Wille zum Willen / Wille zur Macht
Wille / volonté / vontade / voluntad / the will / Wollen / willing / querer / vouloir / Wille zum Willen / volonté de volonté / vontade de querer / vontade de vontade / will for will / voluntad de voluntad / Wille zur Macht / volonté de puissance / vontade de poder / voluntad de poder / will to power
A metafísica de Nietzsche deixa claro na vontade de poder o penúltimo grau do desdobramento volitivo do ser do ente como vontade de querer (GA7 :79). Por vontade de poder é preciso entender a primazia absoluta da razão e do cálculo que determina a totalidade disto que é. (LDMH )
WILLE E DERIVADOS
Matérias
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GA6T1:52-53 – querer [Wollen] e vontade de poder [Wille zur Macht]
20 de maio de 2023, por Cardoso de Castro -
GA77: Wille - vontade
2 de agosto de 2017, por Cardoso de CastroDavis
Scholar: If then, after all that has been said, you are not opposed to science, then it would indeed be revealing and beneficial to the advancement of our conversation if you could say what it is that you really will to gain [wollen] from exerting yourself with us to illuminate the essence of cognition and especially thinking.
Guide : Since you so directly put me on the spot to say something, I must also directly, and therefore insufficiently, reply. What I really will [will] in (…) -
Taminiaux (1995b:131-134) – mundo como representação e como vontade
23 de janeiro, por Cardoso de Castrodestaque
Portanto, toda esta ordem que caracteriza o nosso campo de consciência em toda a sua amplitude, quer se trate das percepções empíricas de cada indivíduo, quer das leis e teorias estabelecidas pelas ciências, toda esta ordem que parece fazer do mundo da representação o próprio lugar da verdade, Schopenhauer afirma que não passa de um falso pretexto, uma ilusão, uma máscara que encobre outra coisa. Essa outra coisa é a vontade. Em relação à vontade, todo o campo articulado da (…) -
Vallin (EI:45-47) – vontade de poder
23 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
No quadro da temporalidade objetivante, a intencionalidade fundamental que comanda as relações da subjetividade com o mundo existente e que constitui a unidade desta estrutura temporal em cada uma das suas modalidades parece-nos poder ser caracterizada pela vontade de poder. Comecemos por recordar que um estudo aprofundado das três estruturas temporais nos revelará uma dialética da vontade de poder que define a subjetividade temporalista em geral, mas que transparece em toda a (…) -
Vallin (EI:47-51) – transcendência temporal da subjetividade objetivante
23 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A atividade de temporalização em geral envolve um movimento que tanto traz à existência a multiplicidade temporal enquanto tal como introduz uma certa unidade nessa multiplicidade. Cada estrutura temporal assenta num modo particular de organização sintética da multiplicidade temporal, que é alcançado pela atividade constitutiva da subjetividade. É esta organização sintética que determina a natureza da relação que se estabelece entre as três dimensões do tempo: presente, passado (…) -
Vallin (EI:52-57) – a encarnação abstrata e as relações entre essência e existência
23 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A presença no mundo que dá origem à temporalidade objectivante baseia-se numa corporização que descreveremos como abstrata. É evidente que a subjetividade objectivante que vimos não é intemporal, nem "desencarnada". Está necessariamente unida a um corpo que medeia a sua transcendência para o mundo. Mas a sua relação com o corpo é tal que a subjetividade não é rigorosamente individualizada pela sua corporização. O corpo como centro e sinal da incorporação ou do envolvimento da (…) -
GA40:15-19 – physis
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de CastroGA40 / GA40PT / GA40EN / GA40FR / GA40ES
Carneiro Leão
No tempo do primeiro e decisivo desabrochar da filosofia ocidental entre os gregos, por quem a investigação do ente como tal na totalidade teve seu verdadeiro Princípio, chamava-se o ente de physis. Essa palavra fundamental, com que os gregos designavam o ente, costuma-se traduzir com "natureza". Usa-se a tradução latina, “natura”, que propriamente significa "nascer", "nascimento". Todavia já com essa simples tradução latina se (…) -
GA6T2:116-121 – a falácia do "homem bom"
20 de maio de 2023, por Cardoso de CastroExcerto de HEIDEGGER, Martin. Nietzsche II. Tr.: Marco Antonio Casanova. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007, p. 86-89
Casanova
Se a “verdade”, isto é, o verdadeiro e o real, é transplantada para o alto e para o além em um mundo em si, então o ente propriamente dito aparece como aquilo a que toda a vida humana precisa se submeter. O verdadeiro é aquilo que deve ser em si e é desejável. A vida humana só presta para alguma coisa, só é determinada por meio de virtudes corretas, (…) -
GA6T1:62-64 – aquele que quer + o querer + o querido
4 de maio de 2020, por Cardoso de CastroNo sentimento abre-se e mantém-se aberto o estado no qual nos encontramos concomitantemente em relação às coisas, em relação a nós mesmos e em relação aos homens que convivem conosco.
Casanova
[…] “Querer: um sentimento que compele, muito agradável!” Um sentimento é a maneira na qual nos encontramos em nossa ligação com o ente, e, com isso, também ao mesmo tempo em nossa ligação conosco mesmo; a maneira como nos encontramos afinados em relação ao ente que nós mesmos não somos e em (…) -
Davis: Gelassenheit
1º de agosto de 2017, por Cardoso de CastroDAVIS, Bret W.. Heidegger and the Will. On the Way to Gelassenheit. Evanston: Northwestern University Press, 2007, p. XV-XVII
nossa tradução
Embora a palavra Gelassenheit tenha se tornado familiar para muitos filósofos de língua inglesa através do próprio pensamento de Heidegger, as conotações que ela carrega - para o bem ou para o mal - em alemão devem ser reconhecidas. Como a forma nominalizada do particípio perfeito de lassen (deixar, permitir, sair), Gelassenheit pode ser (…) -
GA50:11-13 – vontade de poder
11 de novembro de 2023, por Cardoso de Castro« Volonté de puissance » est sans ambiguïté le fait de tendre vers la possibilité d’exercer un pouvoir, le fait d’aspirer à la possession de la puissance.
Froidecourt
Ce que «volonté» signifie, chacun peut à n’importe quel moment en faire l’expérience par lui-même : vouloir est une manière de tendre vers quelque chose. Ce que «puissance» signifie, chacun le connaît à partir de l’expérience de tous les jours : c’est l’exercice du pouvoir . Par conséquent, ce que dit en tout et pour (…) -
Butler (1997:C2) – auto-identidade da vontade
22 de fevereiro, por Cardoso de CastroRogério Bettoni
Nietzsche oferece uma visão da consciência como atividade mental formadora de vários fenômenos psíquicos, mas que também é formada – consequência de um tipo distinto de internalização. Em Nietzsche, que distingue consciência de má consciência, consta que a vontade se volta sobre si mesma. Mas que sentido devemos dar a essa estranha locução? Como podemos imaginar uma vontade que recua e se redobra sobre si mesma? E como, mais pertinentemente, essa figura é oferecida como (…) -
Raffoul (2010:4-7) – Responsabilidade
20 de junho de 2023, por Cardoso de CastroIronicamente, essa “ideologia de responsabilidade” predominante é muitas vezes acompanhada por uma negligência singular da reflexão genuína sobre os sentidos da responsabilidade, sobre o que significa ser responsável. A responsabilidade é simplesmente assumida como significando a responsabilização [accountability] do agente livre.
Nietzsche’s critique of morality opens the way for a new engagement with the concept of responsibility, henceforth freed from its association with a (…) -
GA6T1:45-48 – vontade
21 de maio de 2023, por Cardoso de CastroDe acordo com a representação usual, a vontade é tomada como uma faculdade da alma. O que a vontade é determina-se a partir da essência da alma; da alma trata a psicologia. A alma designa um ente particular em contraposição ao corpo e ao espírito. Se para Nietzsche a vontade determina o ser de todo e qualquer ente, então não é a vontade que é algo psíquico, mas a alma (a psique) que é algo volitivo.
Casanova
2. Para apreender o conceito nietzschiano de vontade é particularmente (…) -
GA6T2:118-120 – Moral
20 de maio de 2023, por Cardoso de CastroToda metafísica do tipo da instauração de um mundo supra-sensível enquanto o mundo verdadeiro acima do mundo sensível enquanto o mundo aparente emerge da moral. Por isso, a sentença: “Não passa de um preconceito moral dizer que a verdade tem mais valor do que a aparência” (Além do hem e do mal, n. 34; VII, p. 55).
Casanova
Por moral, Nietzsche compreende, na maioria das vezes, o sistema de tais avaliações, nas quais um mundo supra-sensível é estabelecido como normativo e desejável. (…) -
GA6T1:53-57 – afetos são configurações da vontade de poder
20 de maio de 2023, por Cardoso de CastroComo devemos tomar então a essência do afeto, da paixão e do sentimento? Como devemos tomar essa essência de modo a torná-la frutífera para a interpretação da essência da vontade no sentido nietzschiano?
Casanova
Na passagem que acabamos de citar, Nietzsche diz: todos os afetos são “configurações” da vontade de poder. Se perguntarmos o que é a vontade de poder, Nietzsche então responderá: ela é o afeto originário. Os afetos são formas da vontade; a vontade é afeto. Denomina-se tal (…) -
Fink (1994b:228-230) – instalação (Einrichtung)
12 de junho de 2023, por Cardoso de CastroLe processus fondamental de notre Dasein que nous pouvons nommer «installation» (Einrichtung), signifie l’auto-établissement de l’homme qui comprend l’être au sein de l’étant compris, il détermine notre rapport au monde, notre commerce avec nous-mêmes et toutes les choses rencontrées. L’installation de l’existence humaine dans le monde s’accomplit en beaucoup de dimensions, elle peut apparaître à même des phénomènes de différentes structures.
[…] Ce qu’il s’agit de savoir, c’est si la (…) -
Arendt (LM2:13-19) – a vontade
21 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroAbranches, Almeida & Martins
Estas considerações preliminares — e de modo algum satisfatórias — sobre o conceito de tempo parecem-me necessárias em nossa discussão sobre o ego volitivo, porque a Vontade, se é que ela existe — e uma quantidade desconfortável [197] de grandes filósofos que nunca duvidaram da razão ou do pensamento sustentaram que a Vontade não passa de uma ilusão —, é obviamente o nosso órgão espiritual para o futuro, do mesmo modo que a memória é o nosso órgão (…) -
Raffoul (2010:8-10) – quatro temas na interpretação tradicional de responsabilidade
20 de junho de 2023, por Cardoso de CastroQuatro temas governam a interpretação tradicional da responsabilidade, o que chamaríamos de quatro "conceitos fundamentais" do discurso tradicional da responsabilidade:
1. The belief that the human being is an agent or a subject, i.e., the reliance on subjectivity (with subjectum in its logical or grammatical sense of foundation) as ground of imputation. A critique of such a subject, whether Nietzschean in inspiration, phenomenological or deconstructive, will radically transform our (…) -
GA6T1:498-499 – vontade de verdade (Willen zur Wahrheit)
3 de maio de 2020, por Cardoso de CastroSe uma vontade de verdade é, contudo, vital para a nossa “vida”, e se, porém, vida significa elevação da vida, uma “realização” cada vez mais elevada da vida e, com isso, uma vitalização do real, então a verdade se transforma, se ela é apenas “ilusão”, “imaginação”, ou seja, algo irreal, em desrealização, em obstáculo, em suma, em aniquilação da vida.
Casanova
Se o pensamento nietzschiano da vontade de poder é o pensamento fundamental de sua filosofia e da metafísica ocidental, então (…)
Notas
- Arendt (LM2:83-84) – poder de obedecer e de desobedecer
- Arendt (LM:69) – pensar - querer - julgar
- Arendt (LM:II.1.1) – liberdade e saúde
- Beaufret (1992:110): vontade de vontade (Wille zum Willen)
- Birault (1978:366) – vontade de vontade (Wille zum Willen)
- Boutot (IFH:98-100) – A técnica e a conclusão da metafísica
- Bret Davis (2007:10) – vontade segundo Levinas
- Bret Davis (2007:11) – vontade de poder
- Bret Davis (2007:40-42) – resoluteness and will
- Bret Davis (2007:9) – vontade não é esforço
- Bret Davis (2007:9Nota) – Aneignung
- Bret Davis (2007:xxx-xxxi) – being revealed as will
- Caron (2005:560-561) – vontade de poder, nova interpretação da essência do sujeito
- Casanova (GA6:Nota) – Machenschaft
- Davis (GA77:Foreword) – Gelassenheit and Will
- Davis: wollen
- GA5:258 – O ser tornou-se valor
- GA65:51 – vontade
- GA6T1:15-16 – Sentido do ser
- GA6T1:37-38 – querer e aspirar