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A GÊNESIS DA ONTOLOGIA FUNDAMENTAL DE M. HEIDEGGER

Mac Dowell: A fundamentação da metafísica através da fenomenologia da vida do espírito

Ensaio de Caracterização do Modo de Pensar de Sein und Zeit

sábado 11 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro

MAC DOWELL, João A.. A Gênese da Ontologia Fundamental de Martin Heidegger. São Paulo: Edições Loyola, 1993, p. 125-138

Ao radicalizar o método fenomenológico, Heidegger não visava senão adquirir um instrumento apto para a análise da historicidade, própria da vida da consciência. Tal fora a tarefa, prevista no seu programa, como meio para a restauração da metafísica. A indagação de Heidegger é coroada de êxito, enquanto ele descobre na “existencialidade” a perspectiva autêntica, que há de dirigir a interpretação ontológica do fenômeno humano. Esta intuição decisiva na evolução do seu pensamento é obtida através da recapitulação da concepção protocristã da vida.

Sem dúvida, se Heidegger se orientou nesta direção, ele o deve em grande parte às sugestões de predecessores ilustres, como, p.ex., Kierkegaard  . Mas o acolhimento de tais sugestões e mais ainda o vigor extraordinário com o qual Heidegger soube pôr em evidência as características da visão cristã da vida, desvirtuadas por tantos séculos de especulação teológica, só seria possível se esta visão encontrasse eco na sua própria experiência. É, pois, em última análise, a sua própria vivência espiritual que Heidegger traduz, à luz do modelo cristão, na Analítica existencial. O mérito de Heidegger está em que, ao contrário dos seus predecessores, ele extraiu, da compreensão cristã da vida, a perspectiva ontológica, que a possibilitava e tomou-a como fio condutor para a determinação sistemática das estruturas subjacentes a qualquer projeto humano. Esta preocupação ontológica permitiu-lhe individuar, no esquecimento da questão do sentido do ser, a razão da incapacidade do pensamento ocidental de explorar adequadamente a experiência original da existência fornecida pelo cristianismo.