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O que seria um conceito não-metafísico e não-calculativo de responsabilidade? Deve ser um conceito que desconstrua a dívida de responsabilidade e a autoridade à qual ela é devida. A desconstrução da instância justificadora é a destituição dos princípios epocais. Heidegger delineia a desconstrução da essência calculadora com a ajuda de algumas etimologias. O verbo latino reor deu origem ao verbo alemão rechnen. Esta palavra, Heidegger não a entende no sentido vulgar de "contar", (…)
Responsáveis: João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
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Schürmann (1982:309-313) – responsabilidade
13 de março, por Cardoso de Castro -
Derrida (1999) – crismes contra a humanidade
13 de março, por Cardoso de Castrodestaque
Mesmo que palavras como "crime contra a humanidade" façam agora parte da linguagem quotidiana. Este acontecimento foi, ele próprio, produzido e autorizado por uma comunidade internacional numa data específica e de acordo com um padrão específico da sua história. Uma história que se entrelaça, mas não se confunde, com a história de uma reafirmação dos direitos humanos, de uma nova Declaração dos Direitos do Homem. Esta espécie de mutação estruturou o espaço teatral em que se (…) -
Derrida (1999) – perdão
13 de março, por Cardoso de Castrodestaque
Por isso, arrisco-me a fazer esta proposta: sempre que o perdão serve um objetivo, por mais nobre e espiritual que seja (redenção, reconciliação, salvação), sempre que visa restabelecer a normalidade (social, nacional, política, psicológica) através do trabalho de luto, através de uma qualquer terapia ou ecologia da memória, então o "perdão" não é puro — e o seu conceito também não. O perdão não é, nem deve ser, normal, normativo ou normalizador. Deve permanecer excepcional e (…) -
Derrida (2008:340-343) – logos
12 de março, por Cardoso de Castrodestaque
No § que se segue [em GA29-30] à confissão sem confissão, e ao compromisso de se afastar da Täuschung a propósito da Täuschung em Sein und Zeit, Heidegger sublinhará sucessivamente, colocando-as em itálico, as palavras "Möglichkeit" (possibilidade) e "Vermögen" (poder, faculdade, etc.). A raiz comum, Mögen, de que já falamos longamente, autoriza esta transição, mesmo que seja grave. A essência do logos, recorda-nos Heidegger, reside no facto de nele residir a possibilidade (…) -
GA31:134-136 – liberdade é mais originária que o homem
12 de março, por Cardoso de CastroCasanova
[…] a essência da liberdade só é vista propriamente, quando a buscamos como o fundamento da possibilidade do ser-aí, como aquilo que ainda reside antes de ser e tempo. Visto em relação com o esquema, precisamos levar a termo um deslocamento completo do lugar da liberdade, de tal modo que venha à tona agora o fato de que o problema da liberdade não se encontra embutido na questão diretriz e na questão fundamental, mas, ao contrário, é a questão diretriz da metafísica que se (…) -
GA31:128-130 – ser e tempo
12 de março, por Cardoso de CastroCasanova
Ser e tempo: tendo em vista o problema do ser, nós perguntamos sobre o tempo, se e como ele possibilita a condição fundamental de possibilidade da existência humana – a compreensão de ser. Ser: o que há de mais amplo, em cujo horizonte se encontra abrangido todo ente real e efetivo, assim como todo ente imaginável. Supõe-se que a possibilidade para essa amplitude do ser deva residir no tempo. Só ele, portanto, o tempo, seria a mais abrangente amplitude, na qual a compreensão de (…) -
GA31:196-199 – ação
12 de março, por Cardoso de CastroCasanova
Essa apreensão da causalidade conduz, então, a um conceito que é dotado de significação para o problema do acontecimento [229] em geral e para o acontecimento da essência livre em particular; trata-se do conceito da ação. Nós costumamos usar para esse termo com frequência a palavra grega praxis (prattein – levar algo a cabo) e entender o elemento prático, por sua vez, em uma dupla significação: 1. O “homem prático”, que possui habilidades e sabe empregá-las no momento dado da (…) -
Raffoul (2020) – O princípio da razão tem uma razão?
12 de março, por Cardoso de Castrodestaque
[…] como Heidegger demonstra no seu curso de 1955-1956, O Princípio da Razão, o princípio da razão auto-desconstrói-se porque não pode aplicar a si próprio os seus próprios requisitos sem se autodestruir a si próprio: se o princípio da razão afirma que tudo o que acontece tem de ter uma razão, então qual é a razão do princípio da razão? O princípio da razão tem uma razão? "De fato, o princípio da razão, enquanto princípio, não é nada. O princípio é ele próprio alguma coisa. (…) -
Didier Franck (1998:247-250) – desumanização
11 de março, por Cardoso de Castrodestaque
Determinar como e em que medida é possível possuir a verdade num corpo, determinar o que o corpo deve ser para se abrir a verdades cuja incorporação era até então impossível, criar um corpo de potência superior, é então e sobretudo uma tentativa de acceder a esse grande pensamento a que, desde agosto de 1881, Nietzsche não cessa de se expor. De fato, a questão do potencial do corpo para o conhecimento e a incorporação da verdade aparece pela primeira vez no longo aditamento (…) -
Luiz Bicca (1999:8-13) – ipseidade
11 de março, por Cardoso de CastroNas filosofias da existência, o interesse pela questão da ipseidade sofre um deslocamento, no que diz respeito ao âmbito de localização do pensamento, da epistemologia ou teoria do conhecimento para a ontologia. Elas abdicam daquela pretensão autofundante e absolutizante das modernas filosofias centradas na categoria do sujeito ou do “Eu”. Na mais consistente e sistemática dessas reflexões ditas existenciais, em Heidegger, manifesta-se uma diferença entre a identidade que supõe permanência (…)
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